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Deltan Dallagnol usou fama para lucrar, segundo mensagens vazadas

Conteúdo de conversas divulgadas por Folha e The Intercept Brasil mostra diálogos do coordenador da Lava Jato sobre fazer eventos e palestras

. (Tomaz Silva/Agência Brasil)

. (Tomaz Silva/Agência Brasil)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 14 de julho de 2019 às 11h35.

Última atualização em 14 de julho de 2019 às 12h29.

São Paulo - Deltan Dallagnol, procurador e coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, teria discutido sobre a criação de uma empresa de eventos e palestras para lucrar com a sua fama. É isso que indicam novas mensagens vazadas pelo site The Intercept Brasil e analisadas junto com a equipe do jornal Folha de S. Paulo.

Em um grupo de mensagens, Deltan e Roberson Pozzobon, colega de força-tarefa, discutiam sobre como lucrar durante a Operação Lava Jato. A ideia era obter cachês elevados com palestras e eventos. Deltan também incentivou a participações de autoridades ligadas à Lava Jato, incluindo Sergio Moro, ministro da Justiça no governo de Jair Bolsonaro.

Segundo as mensagens vazadas, o procurador utilizou serviços de duas funcionárias da Procuradoria em Curitiba para organizar sua atividade de palestrante no decorrer da Lava Jato.

Dallagnol demonstrou interesse nos valores das palestras. Cerca de três meses antes de criar o grupo de mensagens, ele informou a esposa sobre a lucratividade em setembro de 2018. “As palestras e aulas já tabeladas neste ano estão dando líquido 232k [R$ 232 mil]. Ótimo… 23 aulas/palestras. Dá uma média de 10k [R$ 10 mil] limpo”, escreveu.

Segundo a lei brasileira, procuradores não podem gerenciem empresas. Eles podem apenas ser sócios ou acionistas de companhias. Dallagnol constantemente afirma que grande parte dos recursos é vai para entidades de combate à corrupção ou filantrópicas.

As mensagens indicam, porém, que os procuradores discutiram sobre formas de aumentar a lucratividade dos negócios. Dallagnol chegou a propor que a empresa fosse aberta em nome das esposas deles.

A organização dos eventos seria responsabilidade de Fernanda Cunha, dona da firma Star Palestras e Eventos. Com isso, os procuradores poderiam evitar problemas legais em relação às atividades de eventos e palestras. Também foi considerada uma parceria com uma companhia de eventos e formaturas de um tio de Dallagnol chamada Polyndia.

O procurador chegou até mesmo a levantar a hipótese de Fernanda Cunha ser interrogada sobre o gerenciamento da empresa, mas ela foi refutada por Pozzobon, que disse que o negócio teria que ter se tornado muito lucrativo para chegar a tal ponto.

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