Decisão de reduzir vazão de usina abre precedente, diz ONS
Diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico, Hermes Chipp, ressaltou a importância de um entendimento rápido sobre o assunto
Da Redação
Publicado em 13 de agosto de 2014 às 14h09.
Rio de Janeiro - A decisão da Companhia Energética de São Paulo ( Cesp ) de reduzir a vazão liberada pela Usina Hidrelétrica de Jaguari, em São Paulo, abre um precedente, disse hoje (13) o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp, que ressaltou a importância de um entendimento rápido sobre o assunto. Ao reduzir a vazão de Jaguari, a companhia reduz o fluxo de água no Rio Paraíba do Sul, que abastece o Vale do Paraíba e parte do estado do Rio.
"O precedente é o de não respeitar o comando do operador, que, na operação interligada, é um comando que visa a um benefício global, e não o de um agente A ou um agente B. Às vezes, não é o benefício máximo para um agente, mas é a melhor solução global. Quando um não cumpre, ele prejudica essa ação", disse Chipp. "Se esse assunto não for resolvido rapidamente, pode chegar a zero nos reservatórios de Funil, Santa Branca e Paraibuna antes de novembro, o que compromete o abastecimento humano de cidades [nos estados] de São Paulo e do Rio de Janeiro".
O diretor-geral do ONS apontou o período eleitoral como um empecilho ao entendimento: "Já está atrapalhando, mas acredito que haja bom senso para se chegar ao denominador comum. Se a Agência Nacional de Águas não conseguir, o que é a função dela, o nível da decisão tem que ser elevado até o nível máximo. A decisão tem que ser tomada o mais rápido possível".
Chipp reconhece que a justificativa de abastecimento humano dada pela Cespe "tem sentido", mas ponderou que o Paraíba do Sul abastece outros municípios de São Paulo e do Rio. "Eu acredito que vá se chegar a um ponto de acordo, até porque todos precisam. Se continuar como está, vai faltar para todos condições hidrológicas na Bacia do Paraíba do Sul", diz ele que, como na nota divulgada ontem pelo ONS, falou em colapso no abastecimento se essa vazão for mantida por um longo período, inclusive na região metropolitana do Rio de Janeiro.