De volta a Brasília, Lula prioriza PEC da Transição e definição de futura equipe
Presença de presidente eleito também servirá para aplacar ruídos; ele repousou durante uma semana após se submeter a uma cirurgia para retirar uma lesão na garganta
Agência O Globo
Publicado em 28 de novembro de 2022 às 07h26.
Após passar sete dias recolhido por orientação médica, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou na noite de ontem a Brasília para tratar de três assuntos prioritários: as estratégias para aprovar a PEC da Transição , a definição dos nomes que vão integrar os núcleos temáticos de Defesa e Inteligência Estratégica, únicos que não contam com nenhum membro até agora, e o possível anúncio dos primeiros ministros do seu futuro governo .
Lula vai articular pessoalmente para destravar a proposta de emenda à Constituição que permite ao Executivo furar o teto de gastos para custear promessas eleitorais, como a manutenção do Auxílio Brasil em R$ 600.
O petista deverá se encontrar novamente com os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), além de lideranças de partidos e bancadas, na tentativa de viabilizar o início da tramitação do projeto.
A presença de Lula também servirá para aplacar ruídos. Ele repousou durante uma semana após se submeter a uma cirurgia para retirar uma lesão na garganta. Ainda assim, a ausência do presidente eleito na reunião do Conselho Político da transição, na terça-feira passada, gerou queixas.
Nos bastidores, aliados pediram empenho de Lula para destravar a PEC no Congresso. Até aqui, a direção do PT vinha tentando evitar o envolvimento direto do presidente eleito na discussão, uma tentativa de blindá-lo dos danos de uma eventual derrota antes mesmo de ele tomar posse. A estratégia, porém, mudou.
— Ele vai estar lá (em Brasília) a partir de segunda-feira. Quer fazer várias reuniões com os partidos e bancadas e conversar novamente com os presidentes da Câmara e do Senado — disse a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, na sexta.
O prazo para a aprovação da proposta está cada vez mais exíguo. O relator do Orçamento de 2023, senador Marcelo Castro (MDB-PI), já anunciou que pretende protocolar o texto da PEC até amanhã para o projeto seja votado até o meio de dezembro. Falta, contudo, fechar dois pontos cruciais: o prazo de validade do texto e o valor que ficará a acima do teto.
Em Brasília, Lula vai lidar com outro foco de pressão e descontentamento: a indefinição do nome que comandará a economia. A iniciativa tende a tranquilizar o mercado financeiro, a depender do escolhido, e ajudar nas discussões sobre a PEC. A cobrança pelo anúncio partiu até de aliados, como os senadores Jaques Wagner (PT-BA) e Simone Tebet (MDB-MS).
Por ora, o favorito para o posto é o ex-ministro da Educação Fernando Haddad , que desembarcou em Brasília com Lula. Haddad vem tentando quebrar resistências entre parte dos representantes do mercado financeiro.
Outro assunto sensível que deve ter um desfecho nesta semana é a composição do núcleos temáticos responsáveis pelas áreas de Defesa e da Inteligência Estratégica da transição. Os nomes que vão integrar esses grupos deverão ser conhecidos nos próximos dias. Caberá a eles debater a atuação do Ministério da Defesa e do Gabinete de Segurança Institucional ( GSI ), hoje comandados por militares.
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Interlocução na caserna
Gleisi Hoffmann tem dito que os membros do grupo da Defesa deverão ser divulgados hoje. Ex-ministro da pasta durante o governo de Dilma Rousseff, Jaques Wagner se reuniu com Lula na sexta-feira para tratar da questão.
A equipe petista já está em contato com militares de alta patente, como o ex-ministro da Defesa Fernando Azevedo e Silva e o ex-comandante do Exército Edson Pujol, para formular os projetos do novo governo às Forças Armadas.
Como revelou o GLOBO, os dois declinaram do convite para integrar oficialmente do grupo de trabalho da Defesa, mas se colocaram à disposição para intermediar os contatos com a caserna. Parte dos militares resiste em participar oficialmente da transição por não quererem ser associados ao petista.
Definições para os próximos dias
Espaço fiscal
Governo eleito ainda não construiu consenso sobre a PEC da Transição, que abrirá espaço no Orçamento.
Tema sensível
Escolha dos nomes que farão parte do núcleo da Defesa parou. Expectativa é que Lula desate o nó nesta semana.
Equação ministerial
Aliados estão disputando espaço no primeiro escalão. Definição na Economia deve ser a primeira.
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