CPI da Petrobras (PETR4) 'não vai andar’, diz Mourão sobre pressão de Bolsonaro
Presidente da Petrobras pediu demissão e renunciou ao cargo nesta segunda-feira. Paes de Andrade deve assumir interinamente a empresa
Agência O Globo
Publicado em 20 de junho de 2022 às 11h38.
Última atualização em 20 de junho de 2022 às 16h47.
O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta segunda-feira que uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os reajustes da Petrobras no preço dos combustíveis e sobretaxar lucros da companhia "nem vai andar". Mourão afirmou que não há tempo para a articulação de deputados e senadores porque o país está entrando em "fase eleitoral".
— CPI eu acho que não vai nem andar isso aí, não tem nem tempo. Estamos entrando quase em fase eleitoral, vamos falar assim, mais um mês e meio inicia a campanha eleitoral, acho difícil que uma CPI vá andar nesse momento.
Enquanto os parlamentares articulam a abertura da Comissão, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), subiu o tom e centrou fogo na diretoria da estatal. Chamou o atual presidente da empresa, José Mauro Coelho, de “ilegítimo”, e ameaçou levantar informações sobre ganhos e despesas dos diretores. Mourão disse nesta segunda-feira que isso era uma questão
— Isso aí tem que ser votado no Conselho de Administração, não é desse jeito. Isso tudo são opiniões — afirmou.
José Mauro Coelho pediu demissão do cargo no início da manhã desta segunda-feira, e também renunciou à presidência do Conselho de Administração da estatal. Caio Paes de Andrade, nome de confiança do ministro da Economia Paulo Guedes e defendido por Jair Bolsonaro, deve assumir interinamente o comando da Petrobras, segundo fontes.
O Conselho da Petrobras vai se reunir nesta segunda-feira para destituir formalmente Coelho do colegiado e debater a indicação de Paes de Andrade para o órgão. Em seguida, este deve ser eleito interinamente presidente da companhia.
A decisão de José Mauro ocorre após forte pressão sobre ele e a diretoria da empresa, que anunciou um reajuste no preço dos combustíveis na semana passada.
A pressão contra a empresa por conta do reajuste no preço dos combustíveis anunciado pela Petrobras na sexta-feira, ignorando apelos do presidente Jair Bolsonaro e do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), será ampliada e intensificada hoje numa ofensiva capitaneada pelo Centrão, o grupo de partidos que sustenta o governo na Câmara.
Deputados e senadores articulam a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a Petrobras e projetos para mudar a política de preços da estatal e elevar impostos sobre a produção e exportação de petróleo.
O presidente da Câmara recebe, no início da tarde de hoje, líderes dos partidos na Câmara para definir quais projetos serão colocados em votação. A reunião de terça foi antecipada após o reajuste de 5,18% no litro da gasolina e de 14,26% no do diesel aplicado nas refinarias da Petrobras desde sábado irritar Bolsonaro, Lira, ministros do governo e parlamentares.