Comissão do Senado aprova PL que taxa apostas esportivas; texto vai ao plenário
O texto propõe taxação de 12% para empresas, e de 15% sobre os prêmios recebidos por apostadores
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 22 de novembro de 2023 às 14h00.
Última atualização em 22 de novembro de 2023 às 14h02.
A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE) aprovou nesta quarta-feira, 22, o projeto de lei que regulamenta e define uma tributação para as apostas esportivas no Brasil. O texto segue para votação no plenário. Essa é uma das medidas vistas como essenciais para o governo aumentar a arrecadação em 2024 e zerar o déficit nas contas públicas. Mais cedo, a CAE também aprovou o projeto que tratava de fundos exclusivos e offshores.
A proposta teve mudanças no Senado. O texto aprovado na Câmara prévia uma taxação de 18% sobrea receita bruta das plataformas subtraídos os prêmios pagos aos apostadores, o chamado GGR (gross gaming revenue, na sigla em inglês). O novo relatório define uma taxa de 12% para as empresas do setor. O percentual é próximo do desejado por empresas do setor de apostas.
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A divisão do montante arrecadado também sofreu alteração. O novo parecer define que os 12% devem ser divididos da seguinte forma:
- 10% para o Ministério da Educação;
- 14% para a área da segurança pública, como o Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP) e o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron);
- 36% para a área do esporte, como o Ministério do Esporte e comitês esportivos;
- 10% para a seguridade social;
- 28% para a área do turismo, como a Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur) e o Ministério do Turismo;
- 1% para o Ministério da Saúde;
- 0,50% para entidades da sociedade civil, como a Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (Fenapaes), a Federação Nacional das Associações Pestalozzi (Fenapestalozzi) e a Cruz Vermelha Brasileira;
- e 0,50% para o Fundo para Aparelhamento e Operacionalização das Atividades-fim da Polícia Federal (Funapol).
No caso da tributação dos prêmios recebidos pelos apostadores,houve uma redução da alíquota de 30% para 15%. Essa cobrança ocorrerá uma vez por ano.Valores inferiores ao da tabelade isenção do IR, atualmente em R$ 2.112, não serão tributados.
Além da taxação sobre empresas de eventos reais de temática esportiva, como previsto inicialmente, o parecer estabelece ainda tributação sobre eventos virtuais de jogos online, ou outros eventos, reais ou virtuais, definidos na regulamentação do Ministério da Fazenda. Os cassinos virtuais estão na mira da mudança.
Para operar, a empresa terá que pagar uma licença de operação. Segundo o texto, as casas de apostas vão pagar até R$ 30 milhões por uma autorização para até três marcas comerciais por cinco anos.As empresas elegíveis precisarão estar sediadas em no Brasil.
Casas de apostas no Brasil
Desde 2018, quando a lei 13.756/2018 foi sancionada pelo então presidente Michel Temer e permitiu os jogos no país, sites e marcas têm inundado os espaços publicitários, especialmente aqueles ligados ao futebol. A falta de regulamentação e a volúpia dos brasileiros por "fazer a sua fé" gerou um mercado com milhares de casas de apostas. O número exato? Ninguém sabe, mas as estimativas dão conta de mil casas de apostas. O que se sabe é que quase todas, hoje, têm representação fora do país, e não contribuem para a arrecadação dos cofres públicos. Algumas fazem parte de conglomerados internacionais, outras são iniciativas menores -- e há até aquelas supostamente ligadas ao crime.