Brasil precisa de R$ 25 bi para ter aeroportos decentes
Segundo pesquisa, seriam necessários cerca de 200 projetos de adequação como ampliação, melhoria de pista e construção de novos aeroportos
Da Redação
Publicado em 11 de novembro de 2015 às 10h00.
Última atualização em 2 de agosto de 2017 às 12h31.
São Paulo – O Brasil precisaria de R$ 24,9 bilhões para adequar toda a sua estrutura de aeroportos para passageiros e cargas, segundo pesquisa “Transporte Aéreo de Passageiros” da Confederação Nacional do Transporte (CNT). O estudo mostra que seriam necessários cerca de 200 projetos, que vão desde ampliação, até melhoria de pista e construção de novos aeroportos para um aperfeiçoamento do setor.
O segmento que demandaria mais investimento, de acordo com a CNT, é a ampliação de unidades já existentes. O estudo sugere que cerca de R$ 10,7 bilhões deveriam ser investidos em aeroportos considerados “saturados”.
Na lista dos que geram mais problemas por falta de capacidade estão os aeroportos de Congonhas (SP), Porto Alegre (RS), Fortaleza (CE), Cuiabá (MT), Florianópolis (SC), Vitória (ES) e Goiânia (GO). Nestes, o número de passageiros atendidos extrapola em 100% a capacidade instalada do aeroporto, gerando longas filas para check-in e embarque, maiores atrasos de voos e demora na devolução de bagagem.
Outros R$ 10,6 bilhões seriam destinados à construção de novos aeroportos, em especial em locais onde o atendimento do setor aéreo está distante. Os R$ 3,5 bilhões restantes seriam destinados para melhorias em pistas de pouso e adequação da estrutura do transporte de carga.
“Uma forma de acelerar a transformação do segmento aéreo é incentivar a colaboração do setor privado”, sugere o texto do estudo. “A participação da iniciativa privada pode oferecer uma gestão diferenciada com a utilização de indicadores de desempenho e de uma administração com foco em sua atividade comercial.”
Como exemplo, a pesquisa mostra o aumento de produtividade de aeroportos privatizados, caso de Guarulhos (SP), Viracopos (SP), Brasília (DF), Galeão (RJ) e Confins (MG). Segundo a CNT, foi depois do aumento dos investimentos privados por concessões nos aeroportos, que o Brasil melhorou 18 posições no ranking do Fórum Econômico Mundial, chegando ao 95º lugar entre 140 avaliados.
“O cenário, que ainda é ruim, já foi pior. Em 2012, o Brasil ocupava o 134º lugar nesse ranking de competitividade, sendo que em 2010 a posição era 93. A queda na classificação ocorreu após os baixos investimentos em 2010 e 2011, que somaram apenas R$ 3,31 bilhões.”, diz o estudo.
UMA PECHINCHA
A boa notícia: em 12 anos, o preço das passagens aéreas caiu 43,1% no Brasil. De acordo com a CNT, o valor médio de venda das passagens passou de R$ 580,58 em 2002 para R$ 330,25 no ano passado.
Além de um aumento de ganho real do brasileiro no período, o principal motivo alegado pelo órgão foi a liberdade de mercado dada às companhias aéreas para praticar seus preços. A concorrência e aumento de mercado para passageiros de renda mais modesta foram fundamentais para baixar o preço do ticket.
Influenciou também a diferenciação de preços por perfil de passageiro. Os que precisam de voos mais emergenciais, sem escalas e com mais confortos pagam proporcionalmente mais que aqueles que se planejaram e compraram com antecedência. Este é um fator que gera maior ocupação dos voos, aumentando a produtividade — em 2000, as empresas aéreas registravam 64,4% dos assentos ocupados, enquanto no último ano o índice foi de 80,3%.
A queda nos preços também deixou o brasileiro mais viajado: no período houve um aumento de 163% no número de viagens por passageiro. Enquanto em 2002 o brasileiro realizava 0,19 viagens por ano, em 2014 o índice sobe para 0,5 — a cada dois brasileiros, um faz uma viagem de avião no ano.
Ainda é pouco, porém, se comparado este índice ao de países desenvolvidos. Segundo o estudo, na Austrália o índice é de 2,44 viagens por ano, enquanto nos Estados Unidos é de 2,10 e no Canadá, de 1,23.