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Bolsonaro e, agora, Moro: o governo contra as pesquisas

As rusgas do presidente e de seu séquito com a imprensa e os institutos de pesquisa foram uma das constantes dos primeiros 100 dias de governo

Sergio Moro: para o ministro, a pesquisa do Datafolha foi malfeita (Ueslei Marcelino/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 12 de abril de 2019 às 06h56.

Última atualização em 12 de abril de 2019 às 07h03.

Que reportagem ou pesquisa o governo do presidente Jair Bolsonaro vai negar nesta sexta-feira? As rusgas do presidente e de seu séquito com a imprensa e os institutos de pesquisa são mais do que conhecidos. Ontem, em transmissão nas redes sociais, Bolsonaro afirmou que “quero ser amigo da imprensa, mas fica difícil. Todo dia são três ou quatro fake news”. Referia-se, desta vez, a reportagem publicada na revista VEJA que apontou seu desinteresse em reuniões com parlamentares.

Uma das principais “fake news” dos primeiros 100 dias de governo, não custa lembrar, no fim das contas não teve nada de fake. Foi a notícia dada em primeira mão pela jornalista Eliane Cantanhêde, da GloboNews, de que o presidente tinha decidido demitir o ministro da Educação, Ricardo Vélez. De fato o fez, 10 dias depois. Sobre as pesquisas que o retrataram como o presidente com a menor taxa de aprovação em 100 dias de governo, Bolsonaro deu de ombros. O presidente chegou a criticar a metologia de cálculo do desemprego, que segue metodologia usada no mundo inteiro.

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Ontem, foi seu super ministro da Justiça, Sergio Moro, quem mirou os institutos de pesquisa, e na rede social preferida de Bolsonaro, o Twitter. Moro criticou pesqusia do Datafolha que aponta que a maior dos brasileiros é contra pontos importantes do pacote anticrime que ele levou ao Congresso em fevereiro.

O Datafolha mostrou, por exemplo, que para 81% da população a polícia não pode ter liberdade para atirar em suspeitos, e que para 82% quem atira em alguém por estar muito nervoso deve ser punido e que para 79% policiais que matam devem ser investigados. São pontos que batem de frente com o que Moro chamou de retaguarda jurídica para o combate ao crime. O ministro chamou a pesquisa de “malfeita” e disse que “nenhuma das perguntas feitas na pesquisa diz respeito a medidas constantes no projeto de lei anticrime”.

O projeto de Moro está parado na Câmara em virtude da reforma da Previdência, mas já foi chamado pelo presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de um “copia e cola” de projeto semelhante do STF. A senadora Eliziane Gama (PPS-MA), que protocolou projeto semelhante no Senado no fim de março para agilizar os trabalhos, afirmou que vai defender mudanças em pontos impopulares do texto. Segundo ela, o projeto “expande de modo desmedido a amplitude do instituto de legítima defesa”.

O combate ao crime é uma das principais bandeiras do governo Bolsonaro e é um dos motivos que o levaram a convidar Sergio Moro para o ministério da Justiça. Mas um episódio desta semana, em que uma família carioca foi alvejada por 80 tiros de militares, pode mudar a opinião pública a respeito de temas controversos do pacote de Moro. Sobre o episódio, o ministro disse que “esses fatos podem acontecer”.

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