Urna: para Bolsonaro, Lula não tem mais chances eleitorais e o voto impresso extinguiria a possibilidade de fraude nas urnas (Ueslei Marcelino/Reuters)
Clara Cerioni
Publicado em 22 de dezembro de 2019 às 09h49.
Última atualização em 22 de dezembro de 2019 às 09h50.
Brasília — O presidente Jair Bolsonaro afirmou, neste sábado, que conversou com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, para dar andamento em 2020 ao projeto que institui no país o voto impresso ou um método similar que permita uma auditoria do pleito.
Bolsonaro disse desejar que, nas próximas eleições, ao menos 10% das urnas do Brasil tenha o mecanismo para que possam ser verificadas. Questionado, o presidente da Câmara disse que é favorável ao projeto.
O voto impresso foi umas das principais bandeiras de campanha de Bolsonaro nas eleições presidenciais. Na última semana, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprovou uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que torna obrigatório o voto impresso.
O projeto é de autoria da deputado Bia Kicis (PSL-DF), aliada do presidente. A proposta ainda precisa passar por uma Comissão Especial, pelo Plenário da Câmara e por tramitação semelhante no Senado.
"(O Rodrigo Maia) é a favor do voto impresso, de uma forma que permita você auditar, você saber que o voto foi para aquela pessoa. Talvez, no primeiro momento, que seja 10% das urnas de voto impresso no ano que vem. O que a gente vai querer é que, acabaram as votações, você possa entrar na internet e consultar a tua seção eleitoral. No meu entender, você praticamente acaba com a suspeição de fraude nas urnas", disse.
O assunto foi tratado por Bolsonaro na conversa de quase 2h30 com jornalistas no Palácio do Alvorada ao ser questionado sobre o futuro político do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Para ele, o petista não tem mais chances eleitorais e o voto impresso extinguiria a possibilidade de fraude nas urnas.
"O Rodrigo Maia, conversei com ele, nós vamos partir para algo parecido ou voto impresso a partir de agora, ano que vem. Então, a gente dissipa qualquer possibilidade de fraude no Brasil. Não tem mais chances para o PT na próxima eleição. O quadro pintado, diante de tudo o que aconteceu no Brasil, estatais, fundo de pensão, BNDES, não tem mais espaço para ele", afirmou Bolsonaro.
Bolsonaro disse que, ao evitar o confronto direto com Lula após ele deixar a prisão, evitou que ele crescesse.
"Primeiro eu não dei a oportunidade em qualquer ação minha de contestar muita coisa que ele falou por aí para ele crescer. Não houve reverberação. De minha parte, eu fiz coisa certa. Deixei ele falar", disse.
Em meio à campanha de coleta de assinaturas para homologação do seu novo partido, o Aliança pelo Brasil, Bolsonaro reconheceu que tem apenas 1% de chance de a legenda estar apta para lançar candidatos nas eleições municipais.
"É muito difícil. Não vou me iludir. A chance é 1%", disse o presidente.
Bolsonaro disse ainda que até agora não definiu apoio a nenhum pré-candidato nas principais capitais brasileiras. Por outro lado, confirmou que gostaria que o apresentador José Luiz Datena se lançasse à disputa pela Prefeitura de São Paulo.
"Não tenho obsessão por formar o partido. Acho que Deus até me ajuda porque você sabe que eleições municipais não influenciam muito nas próximas. E às vezes você elege um cara numa capital aí, se o cara fizer besteira, você vai apanhar na campanha de 2022 todinha", disse.
Com passagem por nove partidos ao longo de toda a trajetória política, Bolsonaro disse que sempre foi independente em relação às legendas e voltou defender as candidaturas avulsas, que devem entrar na pauta do Supremo Tribunal Federal (STF) no primeiro semestre de 2020.
"Se eu pudesse interferir, eu votaria a favor (do voto impresso). Sou favorável a isso daí. Não é assim nos Estados Unidos? - disse. - Seria excepcional", complementou.