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Bolsonaro acena a nordestinos e diz que Guedes fez "ato falho"

Ao falar sobre seu assessor econômico, o candidato ao Palácio do Planalto pelo PSL afirmou que acima de um ministro há um "comandante"

Imagem de arquivo de Bolsonaro: em entrevista à rádio pernambucana, o candidato pelo PSL fez uma série de acenos aos nordestinos (Adriano Machado/Reuters)

Imagem de arquivo de Bolsonaro: em entrevista à rádio pernambucana, o candidato pelo PSL fez uma série de acenos aos nordestinos (Adriano Machado/Reuters)

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Reuters

Publicado em 4 de outubro de 2018 às 14h12.

Última atualização em 4 de outubro de 2018 às 14h38.

Brasília- O candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, voltou a negar nesta quinta-feira a recriação da CPMF caso seja eleito, e, após dizer que seu principal assessor econômico, Paulo Guedes, admitiu ter cometido um "ato falho" nessa questão, destacou que acima de um ministro há um "comandante".

"Olha só, o presidente serei eu, tratei desse assunto com ele (Guedes), ele falou que foi um ato falho. Ele quer diminuir a quantidade de impostos, agregando tudo num novo nome, pessoal fala em IVA, imposto de valor agregado, ele escorregou nessa palavra", disse Bolsonaro em entrevista à Rádio Jornal, de Pernambuco.

"Não admitiremos a volta da CPMF, é um imposto ingrato, que incide em cascata e não é justo. Não existirá a CPMF, assim como será mantido todos os direitos sociais, entre eles o décimo terceiro. Então teremos um ministro sim, mas acima dele teremos um comandante e esse comandante chama-se Jair Bolsonaro", acrescentou o candidato.

Bolsonaro já havia negado uma possível volta da CPMF em outras ocasiões, depois que seu coordenador econômico Guedes disse a um grupo de investidores no mês passado que recriaria um tributo nos moldes da CPMF.

Nordeste

Na entrevista à rádio pernambucana, o líder das pesquisas de intenção de voto ao Palácio do Planalto também fez uma série de acenos aos nordestinos, região em que não tem registrado bons índices de apoio nas pesquisas diante da forte influência do PT.

Bolsonaro disse que a prioridade, caso eleito, é terminar as obras inacabadas, e afirmou que a conclusão da transposição do Rio São Francisco será a obra mais importante. Segundo ele, o Exército brasileiro vai ajudar na conclusão da obra, que será feita com "zelo" e "capricho" para ser "duradoura".

O candidato do PSL destacou ainda que quer trazer de Israel tecnologia para melhorar a agricultura da região do semi-árido brasileiro. Ele não deu detalhes de como isso ocorreria.

"Em Israel chove menos do que o semi-árido nosso, por que lá eles têm uma agricultura pujante, plantam de tudo e até exportam? Por que não trazer isso para o Brasil? Então a água é vida, com água você realmente resolve uma infinidade de problemas", disse.

Bolsonaro afirmou que, se eleito, vai governar em parceira com todos os governadores, inclusive com os filiados a partidos como o PT, a quem ele faz duras críticas durante a campanha. O candidato do PSL disse que não se pode prejudicar toda a população e que isso é "desumano", "desleal" e não "democrático".

"E aí Recife, ou melhor, Pernambuco, Ceará, o Estado que for, eleger um governador do PT, do PDT, não tem problema nenhum. Inclusive nós sempre falamos, menos Brasília, mais Brasil. Nós queremos descentralizar os recursos e mandar para os Estados, para os governadores e os prefeitos diretamente na ponta da linha, sabendo onde aquele recurso deve ser melhor aplicado fazê-lo", disse.

"Então não tem como fechar a torneira para um governador, por exemplo, do Maranhão porque ele é do PCdoB, isso não existe. O povo brasileiro é um só povo, eu prego a união há muito tempo", acrescentou.

Bolsonaro disse que "inventaram" que ele é contra nordestinos, assim como seria contra negros, mulheres e gays. E atribuiu essas críticas a petistas.

"Inventam essas coisas e ficam martelando, como inventam agora que eu sou contra o décimo terceiro, que eu sou a favor da volta da CPMF, que eu sou contra o Bolsa Família. É que o PT faz muito bem, as narrativas, a briga da informação, o cara ocupa o microfone de rádio, o espaço de televisão. Em vez de mostrar o que eles fizeram ao longo de 13 anos, eles fazem exatamente o contrário, fica criticando os outros", acusou.

O candidato do PSL questionou o fato de ser apontado como uma pessoa que é "contra tudo" e ao mesmo tempo estar em primeiro lugar nas pesquisas. Ele disse que a "grande surpresa positiva" das eleições virá do Nordeste --sua campanha tem apostado num crescimento da região para tentar vencer a disputa no primeiro turno.

Segundo o presidenciável, ele tem uma maior aceitação no Nordeste do que tinha o então candidato do PSDB, Aécio Neves, quando concorreu contra a então candidata à reeleição Dilma Rousseff em 2014, e que o apoio por lá "está crescendo".

Críticas ao PT

Bolsonaro aproveitou a entrevista para cutucar o candidato do PT ao Planalto, Fernando Haddad, que deve ser seu provável adversário na disputa de segundo turno. Na entrevista, ele pediu aos ouvintes do Nordeste para conversar com parentes e amigos que moram em São Paulo para conhecerem a avaliação da gestão de Haddad à frente da prefeitura paulistana.

"Ele (Haddad) foi tão mal que, para a reeleição, ele perdeu no primeiro turno para o (João) Dória", disse ele, ao emendar uma crítica ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, principal mentor da candidatura de Haddad, e que está preso.

"E esse homem (Haddad) agora está a serviço de uma pessoa que tinha tudo para ser um grande presidente, um homem que deixasse realmente uma marca na história, que foi o Lula, mas resolveu enveredar para outro caminho. Eu lamento o Lula estar nesta situação, preso, mas ele está colhendo o que ele plantou. Ele tentou fazer com que o Brasil envergasse, fosse de um só partido, o PT, e instituiu o maior programa de corrupção do mundo".

Segundo Bolsonaro, a corrupção pode levar à falta de recursos para a saúde, educação e até um eventual aumento do valor do programa Bolsa Família.

Num recado ao eleitorado nordestino, chamado por ele de mais conservador e família, o candidato do PSL repetiu na entrevista que vai combater o ensino de questões ligadas à sexualidade para criança, e reafirmou que não tem nada contra os homossexuais.

"Os movimentos de esquerda ligados à causa LGBT, como não tinham de discutir isso (o chamado kit gay) comigo que iam perder, inventaram que eu sou homofóbico, que eu vou matar gay. De onde é que vocês ouviram eu falando isso aí? A minha briga foi e será contra o material escolar", disse.

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