Bolsa Família: até dezembro, 21,6 milhões de famílias eram beneficiadas pelo antigo Auxílio Brasil. (Jefferson Rudy/Agência Senado)
Redação Exame
Publicado em 1 de março de 2023 às 18h24.
Última atualização em 2 de março de 2023 às 17h24.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assina nesta quinta-feira, 2, a Medida Provisória (MP) que define os novos parâmetros do Bolsa Família. De acordo com o governo, todas as famílias beneficiárias receberão um valor mínimo de R$ 600 e serão criados dois auxílios complementares, pensados para atender de forma mais adequada ao tamanho e as características de cada família.
Os novos valores foram garantidos com a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, que estabeleceu que o novo governo terá R$ 145 bilhões para além do teto de gastos, dos quais R$ 70 bilhões serão para custear o benefício social.
As famílias vão receber um valor mínimo de R$ 600, a partir de 20 de março. Uma das novidades é voltada à primeira infância, com valor adicional de R$ 150 para cada criança de até 6 anos de idade na composição familiar. Um segundo auxílio complementar prevê um adicional de R$ 50 para cada integrante da família com idade entre 7 e 18 anos incompletos e gestantes.
A seleção para a participação no programa considera a estimativa de pobreza, a quantidade de famílias atendidas em cada município e o limite orçamentário. Com a nova legislação, tem acesso ao programa todas as famílias com renda de até R$ 218 por pessoa.
O programa determina condições para o recebimento do benefício como a exigência de frequência escolar para crianças e adolescentes de famílias favorecidas, o acompanhamento pré-Natal para gestantes e a atualização da carteira de vacinação com todos os imunizantes previstos no Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde.
Quem já está no programa, vai receber automaticamente os novos valores. Para ter direito ao benefício, mesmo tendo a faixa de renda adequada, é também preciso estar na base de dados do Cadastro Único. As famílias, para constarem na base, precisam se cadastrar junto a um Centro de Referência de Assistência Social (Cras) ou prefeituras em suas respectivas cidades.
O governo irá excluir neste mês mais de 1,5 milhão de beneficiários do programa Bolsa Família em situação irregular, por terem renda acima do limite determinado pelo programa social. Entre essas famílias, 400 mil são pessoas que moram sozinhas.
Ainda em março será divulgado um calendário chamando 5 milhões de pessoas que recebem o Bolsa Família para comparecer presencialmente às unidades dos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) dos municípios. A expectativa é de que cerca de 1,7 milhão (35%) esteja recebendo o auxílio de R$ 600 fora das regras.
O pagamento do benefício é feito em fases, seguindo o último dígito do Número de Identificação Social (NIS), impresso no cartão de cada titular. As datas definidas também são válidas para o pagamento do Auxílio Gás no próximo ano, ressaltando que o programa disponibiliza parcelas bimestralmente.
O Bolsa Família é um programa de transferência de renda, isto é, com recursos do governo a famílias em situação de pobreza ou extrema pobreza. O Bolsa Família foi criado no fim de 2003 e convertido em lei em 2004, no primeiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na ocasião, o programa unificou vários benefícios sociais então existentes, além de vincular o pagamento a algumas condicionantes, como renda dos beneficiários, vacinação e presença de crianças na escola. O adicional por criança proposto para 2023 também não é uma novidade, e está, em algum grau, presente na origem do programa, quando famílias com menos membros também recebiam um valor mais baixo historicamente.
Com todos os pontos do modelo, o Bolsa Família se mostrou mais eficiente e com melhores resultados do que programas tentados inicialmente pelo governo Lula antes de 2004, como o antigo Fome Zero.
Em 2021, o programa foi rebatizado como Auxílio Brasil pelo governo do presidente Jair Bolsonaro. Ao vencer as eleições de 2022 e voltar ao governo, Lula assinou Medida Provisória que fez o programa voltar ao antigo nome de Bolsa Família.
(Com Estadão Conteúdo e Agência Brasil)