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Blocão perde força, mas rebeldia ainda pode render problemas

Rebelião que impôs derrotas ao governo na Câmara começa a mostrar seus primeiros sinais de arrefecimento

Deputados aprovam criação de comissão externa para investigar denúncia sobre Petrobras, uma das derrotas do Governo para o chamado "Blocão" (Valter Campanato/Agência Brasil)
DR

Da Redação

Publicado em 14 de março de 2014 às 21h02.

Brasília - A rebelião que culminou com a formação do "blocão" e impôs derrotas ao governo na Câmara começa a mostrar seus primeiros sinais de arrefecimento, mas o sentimento de insatisfação generalizada de deputados ainda pode render alguma dor de cabeça ao Palácio do Planalto.

Parte dos integrantes do bloco de rebeldes --caso do PSD, PDT, PP e Pros-- já anunciaram que não fazem mais parte do grupo. Originalmente criado por iniciativa do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), o grupo reunia oito legendas, entre elas o oposicionista Solidariedade.

A pauta da Casa trancada, a demora na liberação de emendas parlamentares, as mudanças ministeriais e um tratamento do governo considerado por muitos deputados como "desrespeitoso" figuravam entre os ponto críticos que geraram o clima de insatisfação, que acabou sendo capitaneado informalmente pelo líder do PMDB na Casa, Eduardo Cunha (RJ).

Mas ao notarem disposição do governo em dialogar e para se descolar do rótulo de fisiologismo que acabou por recair sobre o grupo, legendas da base aliada passaram a anunciar publicamente que não integram mais o bloco.

"A primeira reunião (do grupo) foi convocada para discutir a pauta do Legislativo", disse à Reuters o líder do PDT na Câmara, Vieira da Cunha (RS).

"No momento em que esse grupo foi taxado de blocão, e atribui-se a esse grupo a função de pressionar o governo, o PDT anunciou publicamente que não fazia parte, assim como outros partidos", explicou. "O PDT não saiu do blocão porque nunca entrou, na verdade." No entanto, o pedetista alerta, assim como outras lideranças consultadas pela Reuters, que o clima instável permanece.


Para o cientista político e professor da Universidade de Brasília (UnB), David Fleischer, a "tempestade diminuiu, mas não acabou". Ainda assim, ele avalia que há possibilidade de acalmar os ânimos, uma vez que o bloco perdeu força e senadores peemedebistas impediram que a crise contaminasse o Senado.

"Esse conflito não vai acabar amanhã, mas vai ser esvaziado aos poucos", afirmou o cientista político. " A Dilma vai ter que sentar e conversar mais com os políticos." Fleischer cita ainda a reforma ministerial conduzida pela presidente --na quinta-feira, o Planalto anunciou a troca de comando em seis ministérios.

Embora tenham sido encaradas como escolhas técnicas, as indicações da presidente para ministérios da "cota" do PMDB da Câmara não bateram de frente com o partido.

Para ele, Dilma foi "astuta" ao indicar Neri Geller para a Agricultura. O escolhido tem um bom trânsito com a bancada da Câmara. No Turismo, o nome inicialmente ventilado causou ruído na bancada. A presidente indicou, então, Vinicius Nobre Lages.

Dilma, porém eximiu-se de atender a antiga demanda do PMDB --o comando do Ministério da Integração Nacional. A pasta deve ser mantida sob o comando do Pros.

Problemas à Vista

O governo mobilizou e ativou suas vias de diálogo, mas algumas ameaças pairam no horizonte, na forma de propostas indigestas, cujas votações ainda podem refletir a falta de sintonia na base.


Dentre as matérias que ainda podem trazer dor de cabeça, estão o Marco Civil da Internet, na Câmara, e os vetos presidenciais a projeto de trata da criação e fusão de municípios, previstos para serem votados na terça-feira.

No caso do Marco Civil, o PMDB já vinha anunciado posição contrária à do governo, que defende o parecer do deputado petista Alessandro Molon (RJ). Nesta semana, Eduardo Cunha apresentou um texto alternativo ao de Molon, assim como o DEM, que irá propor um substitutivo ao projeto.

Para o líder do PSD, deputado Moreira Mendes (RO), o ambiente já dá sinais de distensão, e o encaminhamento do Marco Civil é que vai fornecer um termômetro de como a base está reagindo aos esforços do governo.

"Ele vai ser o balizador. O governo já mudou a condução, está mais aberto, a conversa tem sido mais franca", avaliou.

Outro elemento que pode botar panos quentes na crise é a liberação de emendas, compromisso assumido pelo governo ainda no ano passado e reiterado pelo quando percebeu o acirramento dos ânimos.

Segundo o vice-líder do governo, deputado Henrique Fontana (PT-RS), os partidos da base, ao formarem o bloco, emitiram um alerta para o Planalto.

"Acho que a partir de agora o recado foi entendido pelo governo. Precisamos dialogar, ter muita capacidade de ouvir, muita humildade", reconheceu.

"Mas, ao mesmo tempo, não é razoável que os aliados, se estão na base, tenham posição de querer derrotar a presidente."

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Parte dos integrantes do bloco de rebeldes --caso do PSD, PDT, PP e Pros-- já anunciaram que não fazem mais parte do grupo. Originalmente criado por iniciativa do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), o grupo reunia oito legendas, entre elas o oposicionista Solidariedade.

A pauta da Casa trancada, a demora na liberação de emendas parlamentares, as mudanças ministeriais e um tratamento do governo considerado por muitos deputados como "desrespeitoso" figuravam entre os ponto críticos que geraram o clima de insatisfação, que acabou sendo capitaneado informalmente pelo líder do PMDB na Casa, Eduardo Cunha (RJ).

Mas ao notarem disposição do governo em dialogar e para se descolar do rótulo de fisiologismo que acabou por recair sobre o grupo, legendas da base aliada passaram a anunciar publicamente que não integram mais o bloco.

"A primeira reunião (do grupo) foi convocada para discutir a pauta do Legislativo", disse à Reuters o líder do PDT na Câmara, Vieira da Cunha (RS).

"No momento em que esse grupo foi taxado de blocão, e atribui-se a esse grupo a função de pressionar o governo, o PDT anunciou publicamente que não fazia parte, assim como outros partidos", explicou. "O PDT não saiu do blocão porque nunca entrou, na verdade." No entanto, o pedetista alerta, assim como outras lideranças consultadas pela Reuters, que o clima instável permanece.


Para o cientista político e professor da Universidade de Brasília (UnB), David Fleischer, a "tempestade diminuiu, mas não acabou". Ainda assim, ele avalia que há possibilidade de acalmar os ânimos, uma vez que o bloco perdeu força e senadores peemedebistas impediram que a crise contaminasse o Senado.

"Esse conflito não vai acabar amanhã, mas vai ser esvaziado aos poucos", afirmou o cientista político. " A Dilma vai ter que sentar e conversar mais com os políticos." Fleischer cita ainda a reforma ministerial conduzida pela presidente --na quinta-feira, o Planalto anunciou a troca de comando em seis ministérios.

Embora tenham sido encaradas como escolhas técnicas, as indicações da presidente para ministérios da "cota" do PMDB da Câmara não bateram de frente com o partido.

Para ele, Dilma foi "astuta" ao indicar Neri Geller para a Agricultura. O escolhido tem um bom trânsito com a bancada da Câmara. No Turismo, o nome inicialmente ventilado causou ruído na bancada. A presidente indicou, então, Vinicius Nobre Lages.

Dilma, porém eximiu-se de atender a antiga demanda do PMDB --o comando do Ministério da Integração Nacional. A pasta deve ser mantida sob o comando do Pros.

Problemas à Vista

O governo mobilizou e ativou suas vias de diálogo, mas algumas ameaças pairam no horizonte, na forma de propostas indigestas, cujas votações ainda podem refletir a falta de sintonia na base.


Dentre as matérias que ainda podem trazer dor de cabeça, estão o Marco Civil da Internet, na Câmara, e os vetos presidenciais a projeto de trata da criação e fusão de municípios, previstos para serem votados na terça-feira.

No caso do Marco Civil, o PMDB já vinha anunciado posição contrária à do governo, que defende o parecer do deputado petista Alessandro Molon (RJ). Nesta semana, Eduardo Cunha apresentou um texto alternativo ao de Molon, assim como o DEM, que irá propor um substitutivo ao projeto.

Para o líder do PSD, deputado Moreira Mendes (RO), o ambiente já dá sinais de distensão, e o encaminhamento do Marco Civil é que vai fornecer um termômetro de como a base está reagindo aos esforços do governo.

"Ele vai ser o balizador. O governo já mudou a condução, está mais aberto, a conversa tem sido mais franca", avaliou.

Outro elemento que pode botar panos quentes na crise é a liberação de emendas, compromisso assumido pelo governo ainda no ano passado e reiterado pelo quando percebeu o acirramento dos ânimos.

Segundo o vice-líder do governo, deputado Henrique Fontana (PT-RS), os partidos da base, ao formarem o bloco, emitiram um alerta para o Planalto.

"Acho que a partir de agora o recado foi entendido pelo governo. Precisamos dialogar, ter muita capacidade de ouvir, muita humildade", reconheceu.

"Mas, ao mesmo tempo, não é razoável que os aliados, se estão na base, tenham posição de querer derrotar a presidente."

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