Baía de Guanabara: a promessa olímpica que falhou (em fotos)
Imagens refletem décadas de descaso com uma das mais belas riquezas naturais do Estado do Rio de Janeiro. Nem o sonho olímpico foi capaz de salvá-la
Vanessa Barbosa
Publicado em 5 de agosto de 2015 às 06h16.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 14h36.
São Paulo - No dia 18 de janeiro de 2000, as águas da Baía de Guanabara ficaram negras depois que um duto de petróleo rompeu-se, espalhando 1,3 milhão de litros de óleo em um raio de 40 km. Seus manguezais, peixes, aves e outros animais foram cobertos pelo combustível, gerando imagens comoventes que correram o Brasil. O episódio entrou para a história como um dos maiores acidentes ambientais do país. Mas ele também pode ser lembrado como a mais visível das agressões irresponsáveis que a Baía de Guanabara sofre há décadas. Desde o início dos anos 1980, os problemas de poluição se agravaram em decorrência do crescimento urbano desordenado e instalação de complexos industriais no entorno da Baía. Hoje, as águas turvas e poluídas que receberão as provas de vela das Olimpíadas 2016 são o retrato do descaso: do lixo não coletado e do esgoto doméstico e industrial vindo de 16 cidades da Região Metropolitana do Rio, das quais 13 não o tratam devidamente. Projetos de despoluição existem desde a década de 90, mas são extremamente lentos e incompletos na execução. Só nos últimos 20 anos, mais de R$ 10 bilhões em empréstimos foram gastos em programas de limpeza. Em 2009, as Olimpíadas do Rio surgiram como a tábua da salvação. Quando a cidade foi escolhida para sediar os jogos, a recuperação da Baía de Guanabara foi apontada como o maior legado do evento. A promessa era de "coletar e tratar 80% de todos os esgotos" lançados na Baía até 2016. Mas o compromisso olímpico frustrou. Atualmente, só 49% do esgoto jogado na Baía recebe tratamento, segundo dados do governo. O restante tem passe livre para poluir. Para abalar ainda mais a credibilidade da promessa, recentemente, uma análise da qualidade da água encomendada pela agência de notícias AP encontrou níveis perigosamente altos de vírus e bactérias de esgoto humano em locais de competições olímpicas e paralímpicas. A notícia, naturalmente, assustou os atletas olímpicos e especialistas internacionais. Agora, o governo diz que precisa de mais 15 anos (e de mais recursos) para recuperar toda a área. Na última quinta, o estado fluminense anunciou um novo plano de despoluição da Baía, que contará com a participação de sete universidades e três centros de pesquisas. Desta vez, a meta é despoluir a Baía de Guanabara até 2030. A conferir. Veja a seguir, uma série de fotos recentes do cartão-postal que agoniza na sujeira.
Uma boneca e um emaranhado de sujeira flutuam na Baía de Guanabara, em 29 de junho de 2015, a um ano das Olimpíadas do Rio.
Em fevereiro deste ano, uma grande quantidade de peixes mortos apareceu na Baía de Guanabara.
Outra peça de brinquedo de plástico e fragmentos de lixo se acumulam nas areias da praia do Fundão, na Baía de Guanabara.
Mais lixo é retratado na praia do Fundão, às margens da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Poluição assusta atletas.
Aves pousam sobre uma barreira criada na tentativa de bloquear o fluxo de lixo do poluído canal Cunha para a Baía de Guanabara. Déficit de saneamento nas cidades contribui para a sujeira.
Um menino procura por itens de reciclar ao longo do poluído canal Cunha, que deságua na Baía de Guanabara.
Um homem remexe no lixo que se acumula na poluída Baía de Guanabara em foto de 22 de março de 2015, no Rio de Janeiro.
Garça repousa sobre um pedaço de madeira em meio as águas poluídas da Baía de Guanabara. Nova meta prevê despoluir a Baía só em 2030.
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