Brasil

Arcabouço fiscal: entenda os principais pontos do texto divulgado pelo governo

Excedente de arrecadação que poderá ser usado para investimentos de 2025 a 2028 ficará limitado a R$ 25 bilhões

Segundo texto divulgado, excedente de arrecadação que poderá ser usado para investimentos de 2025 a 2028 ficará limitado a R$ 25 bilhões (JOSEPH EID/AFP/Getty Images)

Segundo texto divulgado, excedente de arrecadação que poderá ser usado para investimentos de 2025 a 2028 ficará limitado a R$ 25 bilhões (JOSEPH EID/AFP/Getty Images)

Izael Pereira
Izael Pereira

Reporter colaborador, em Brasília

Publicado em 18 de abril de 2023 às 17h10.

Última atualização em 18 de abril de 2023 às 17h34.

O Ministério da Fazenda divulgou nesta terça-feira, 18, o texto final do novo arcabouço fiscal, proposto pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PR). O projeto apresenta um conjunto de regras e parâmetros para o controle das contas públicas. A expectativa é que o texto seja protocolado no Congresso Nacional ainda hoje.

A nova regra fiscal substituirá o teto de gastos implementado no governo do ex-presidente Michel Temer (MDB), em 2016, e que limitava o crescimento das despesas ao ano anterior, corrigido pela inflação.

Entenda os principais pontos da nova âncora fiscal apresentada pelo governo:

Pela proposta, as despesas do governo crescerão acima da inflação. A alta será equivalente a 70% do incremento real da receita no ano anterior. As despesas sempre crescerão entre 0,6% e 2,5% ao ano acima da inflação.

O objetivo é criar um mecanismo anticíclico. Ou seja, em momentos de economia mais fraca, o gasto seria maior. E em momentos de alta, isso não cresce a despesa.

Investimentos

Haverá um piso para os aportes em investimentos. Esse piso será de R$ 75 bilhões, que é o investimento deste ano, mais a inflação do ano. O governo pode gastar mais que isso, se desejar e encontrar espaço no Orçamento.

Com a aprovação do novo arcabouço o governo pretende:

  • zerar o déficit público da União em 2024;
  • obter uma Superávit de 0,5% do PIB em 2025;
  • e de 1% do PIB em 2026.

Metas com intervalo

De acordo com o texto, as contas públicas perseguirão uma meta de resultado. O objetivo é zerar o déficit fiscal do governo em 2024. Essa meta tem um intervalo de cumprimento em percentual do PIB. A meta estará cumprida se oscilar 0,25 ponto do PIB para cima ou para baixo.

Caso o resultado fique abaixo do piso da meta, os gastos no ano seguinte só poderão crescer o equivalente a 50% da alta real da receita. Se ficar acima do limite da meta, o excedente será usado para investimentos.

Quais despesas estão fora da regra?

Além das despesas com o Fundeb e com o piso da enfermagem também ficarão de fora do novo limite de gastos a ser criado a partir do ano que vem com:

  • transferências constitucionais
  • créditos extraordinários
  • transferências aos fundos de saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na forma de assistência financeira complementar para pagamento dos pisos nacionais salariais para o enfermeiro, o técnico de enfermagem, o auxiliar de enfermagem e a parteira
  • despesas com projetos socioambientais ou relativos às mudanças climáticas custeadas com recursos de doações, e as despesas com projetos custeados com recursos decorrentes de acordos judiciais ou extrajudiciais firmados em decorrência de desastres ambientais;
  • despesas das universidades públicas federais, das empresas públicas da União prestadoras de serviços para hospitais universitários federais e das instituições federais de educação, ciência e tecnologia, vinculadas ao Ministério da Educação, e demais instituições científicas, tecnológicas e de inovação custeadas com receitas próprias, de doações ou de convênios, contratos ou outras fontes, celebrados com os demais entes federativos ou entidades privadas;
  • despesas custeadas com recursos oriundos de transferências dos demais entes federativos para a União destinados à execução direta de obras e serviços de engenharia;
  • despesas não recorrentes da Justiça Eleitoral com a realização de eleições;
    despesas com aumento de capital de empresas estatais não financeiras e não dependentes;
  • as despesas relativas à cobrança pela gestão de recursos hídricos da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico

Excedente de arrecadação

De acordo com o texto apresentado o excedente de arrecadação que poderá ser usado para investimentos de 2025 a 2028 ficará limitado a R$ 25 bilhões. Na apresentação do marco não havia essa limitação.

"Para os exercícios de 2025 a 2028, as dotações orçamentárias a que se refere o caput do art. 5º ficam limitadas até o montante de R$ 25.000.000.000,00 (vinte e cinco bilhões de reais), corrigido pela variação acumulada do IPCA ou de outro índice que vier a substituí-lo, calculada entre janeiro de 2023 a dezembro do exercício anterior a que se referir a Lei Orçamentária Anual", diz trecho texto.

Arcabouço fiscal: próximos passos

A expectativa é que seja protocolada ainda hoje no Congresso Nacional. A medida começa a tramitar na Câmara dos deputados.

O presidente da Casa, Arthur Lira, já informou que assim que receber a proposta irá designar o relator para que comece a tramitação, que segundo ele, deve durar no máximo duas semanas até a votação em Plenário.

Acompanhe tudo sobre:Novo arcabouço fiscalFernando HaddadGoverno LulaLuiz Inácio Lula da SilvaCâmara dos Deputados

Mais de Brasil

Mais de 600 mil imóveis estão sem luz em SP após chuva intensa

Ao lado de Galípolo, Lula diz que não haverá interferência do governo no Banco Central

Prefeito de BH, Fuad Noman vai para a UTI após apresentar sangramento intestinal secundário

Veja os melhores horários para viajar no Natal em SP, segundo estimativas da Artesp