Após queda de braço com Governo, Câmara deve votar Fundeb
O principal mecanismo de financiamento da educação básica vinha sendo tratado pelo Congresso, mas governo apresentou proposta própria
Felipe Giacomelli
Publicado em 21 de julho de 2020 às 06h49.
Última atualização em 21 de julho de 2020 às 14h43.
No mesmo dia em que o governo deve enviar a reforma tributária ao Congresso, deputados devem se debruçar hoje sobre outra pauta de extrema importância para o país. A Câmara deve votar hoje a regulamentação do Fundeb, o principal mecanismo de financiamento da educação básica, com 160 bilhões de reais, que vale apenas até o fim do ano.
O tempo é curto, e sobram pontos de atrito. Após cinco anos de discussão em comissões especiais no Congresso, o texto final da proposta ficou pronto há duas semanas. O problema: o governo decidiu ele mesmo enviar uma proposta, na semana passada, o que embaralhou o debate.
Boa parte dos recursos do fundo vem de impostos estaduais, com complementação do governo federal -- atualmente em 10%. O Governo sugeriu inicialmente que o novo Fundeb só entre em vigor em 2022, e que 5 pontos percentuais de sua complementação vá para assistência social de um novo programa de renda básica. Sugeriu ainda que estados e municípios usem recursos para pagar aposentados e pensionistas da rede educacional.
Boa parte dos líderes do Congresso não concordou. A Câmara quer aumento de participação da União de 10% para 20%, com aumento de 12,5% já no ano que vem. "Estamos vendo que para alguns temas parece que tem dinheiro. Mas para outros, como a educação, há resistência da equipe econômica", disse o presidente da Câmara, Rodrigo Maia.
O novo Fundeb, após negociações, passaria a valer ano que vem, em vez de apenas 2022, como na proposta inicial do governo. O Planalto também teria desistido de repassar recursos da educação para outras frentes. Será um teste de fogo para a capacidade de articulação do governo, numa pauta das mais importantes para o Brasil.