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Anderson Torres deve prestar depoimento sobre atos antidemocráticos nesta quinta-feira

O delegado é suspeito de ter facilitado os ataques golpistas às sedes dos Poderes no dia 8 de janeiro e tinha em sua casa a minuta de um decreto encontrada em sua casa e que poderia mudar o resultado da eleição

Brazilian Minister of Justice Anderson Torres delivers a speech during an event to present the new national ID and passport at Planalto Palace in Brasilia on June 27, 2022. (Photo by EVARISTO SA / AFP) (Photo by EVARISTO SA/AFP via Getty Images) (EVARISTO SA/AFP/Getty Images)
AO

Agência O Globo

Publicado em 2 de fevereiro de 2023 às 10h13.

Ex-ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres deverá prestar depoimento, a partir de 10h30 desta quinta-feira, no 4º Batalhão da Polícia Militar. O delegado é suspeito de ter facilitado os ataques golpistas às sedes dos Poderes no dia 8 de janeiro. A expectativa é que ele fale sobre seu aparelho celular, que não foi entregue à Polícia Federal, e sobre a minuta de um decreto encontrada em sua casa e que poderia mudar o resultado da eleição.

A oitiva estava marcada para o último dia 23, mas foi adiada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, para que a defesa do ex-ministro tivesse acesso aos detalhes da investigação. Após ser preso, no dia 14, ao desembarcar de uma viagem aos Estados Unidos, ele negou que fizesse parte da “guerra ideológica” instalada no Brasil. Na audiência de custódia, também afirmou que “jamais questionou o resultado das eleições”.

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Na ocasião, Anderson Torres disse ainda que "jamais daria condições" de as invasões ocorrerem: “Eu jamais questionei resultado de eleição, não tem uma manifestação minha nesse sentido, eu fui o primeiro ministro a entregar os relatórios. Essa guerra que se criou no país, essa confusão entre os Poderes, essa guerra ideológica, eu não pertenço a isso, eu sou um cidadão equilibrado e essa conta eu não devo. Eu peço que essas imagens não saiam daqui”, afirmou.

Na audiência de custódia, Torres ainda ressaltou que não tem "nada a ver com os fatos. Isso foi um tiro de canhão no meu peito, eu estava de férias.” “Eu saio todo dia de casa às 7 da manhã e chego meia-noite, desculpe o desabafo, mas sendo acusado de terrorismo, golpe de Estado? Pelo amor de Deus, o que está acontecendo?! Eu não sei… Essa guerra que se criou no país, essa confusão entre os Poderes, essa guerra ideológica, eu não pertenço a isso, eu sou um cidadão equilibrado e essa conta eu não devo”, disse o ex-ministro.

Após a prisão, o ex-ministro chegou a receber atendimento psicológico no 4º Batalhão da Polícia Militar. De acordo com pessoas próximas, ele não tem conseguido superar o abatimento desde que foi informado sobre a ordem de prisão determinada por Alexandre de Moraes. Interlocutores que mantiveram contato com ele nos últimos dias o descrevem como "abalado" e "angustiado".

Há duas semanas, promotores do Ministério Público do Distrito Federal realizaram uma inspeção na cela onde está o delegado. A avaliação mostrou que “as instalações são compatíveis com uma sala de estado-maior, e que os presos não têm nenhum tratamento preferencial".

Policial federal de carreira, Anderson Torres foi ministro da Justiça do ex-presidente, até o fim de 2022, e se alinhou a diversas pautas do seu chefe, como as acusações falsas contra as urnas eletrônicas. Pela participação em uma live na qual Jair Bolsonaro disseminou essas notícias falsas, ele se tornou alvo de investigação aberta pelo Tribunal Superior Eleitoral.

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