Aécio diz que pagaria Joesley após vender apartamento da família
O encontro com o executivo do Grupo JBS - que fechou acordo de delação com a PGR - ocorreu no dia 24 de março em um hotel em São Paulo
Estadão Conteúdo
Publicado em 18 de maio de 2017 às 16h16.
Última atualização em 18 de maio de 2017 às 16h33.
São Paulo - O senador Aécio Neves (PSDB) disse que foi "surpreendido" nesta quinta-feira, 18, com "a gravidade das medidas autorizadas pela Justiça, a partir da reunião havida com o sr. Joesley Batista".
Ele se refere à decisão do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, que mandou prender Andrea e Fred, irmã e primo do tucano.
O encontro com o executivo do Grupo JBS - que fechou acordo de delação com a Procuradoria-Geral da República - ocorreu no dia 24 de março em um hotel em São Paulo, revela a Operação Patmos, desdobramento da Lava Jato.
Na ocasião, segundo a investigação, Aécio pediu R$ 2 milhões a Joesley alegando que precisava de recursos para pagar sua defesa na investigação - o senador é alvo de seis inquéritos no Supremo.
"Tratou-se única e exclusivamente de uma relação entre pessoas privadas, em que o senador solicitou apoio para cobrir custos de sua defesa, já que não dispunha de recursos para tal", afirma o advogado de Aécio.
Segundo o defensor do tucano "foi proposta, em primeiro lugar, a venda ao executivo de um apartamento de propriedade da família".
"O delator (Joesley) propôs, entretanto, já atendendo aos interesses de sua delação, emprestar recursos lícitos provenientes de sua empresa, o que ocorreu sem qualquer contrapartida, sem qualquer ato que mesmo remotamente possa ser considerado ilegal ou mesmo que tenha qualquer relação com o setor público", afirma o advogado, em nota pública.
"Registre-se ainda que a intenção do senador sempre foi, quando da venda do apartamento, ressarcir o empresário."
Aécio diz lamentar "profundamente versões que têm sido divulgadas sobre o caso e, com serenidade e firmeza, vai demonstrar a correção de suas ações e de seus familiares, e a farsa de que foi vítima, montada pelo delator de forma premeditada e criminosa, induzindo as conversas para alcançar seus objetivos de obter os benefícios da delação".
Segundo a defesa, o senador ficou "inconformado" com a ordem de prisão que atingiu sua irmã Andrea.
"O senador manifesta sua incompreensão e inconformismo pelo pedido de prisão preventiva de sua irmã Andrea Neves, que nada mais fez do que atender seu pedido de levar ao empresário, uma vez que o senador se encontrava em, Brasília, a proposta de venda do apartamento da família."
"Apesar de toda essa violência, o senador segue confiando nas instituições na certeza de que a Justiça, feitas as devidas investigações, demonstrará a absoluta correção dos seus atos e de seus familiares", assinala o advogado José Eduardo Alckmin.