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Aécio diz que empréstimo de R$ 2 mi foi "impróprio", mas não ilegal

Dizendo-se vítima de "um enredo predeterminado", senador disse que tratativas com Joesley Batista não envolveram recursos públicos

Aécio: senador declarou a jornalistas que "ninguém transformado em réu é considerado culpado a priori", principalmente por causa de "fragilidades das investigações" (Ueslei Marcelino/Reuters/Reuters)

Aécio: senador declarou a jornalistas que "ninguém transformado em réu é considerado culpado a priori", principalmente por causa de "fragilidades das investigações" (Ueslei Marcelino/Reuters/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 16 de abril de 2018 às 21h30.

Última atualização em 16 de abril de 2018 às 21h58.

Brasília - Na véspera do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), o senador Aécio Neves (PSDB-MG) admitiu que o empréstimo de R$ 2 milhões que solicitou a Joesley Batista, dono da JBS, foi "impróprio" e que cometeu um "erro", porém negou os crimes de corrupção passiva e obstrução de Justiça, pelos quais é acusado.

Em coletiva de imprensa, ele afirmou ser vítima de um "enredo predeterminado" construído pela defesa de Joesley e membros do Ministério Público. "Num momento de dificuldade cometi esse erro. Mas não cometi qualquer crime, qualquer ilegalidade. Não existe dinheiro público envolvido, ninguém foi lesado, a não ser eu e minha família com as consequências que vocês conhecem. Ali, sim, havia um enredo predeterminado, conduzido por esse cidadão (Joesley) que recebe depois os benefícios que assombraram todo o País", disse o tucano.

Aécio justificou que suas tratativas com Joesley ocorreram entre pessoas "privadas", como um empréstimo pessoal. "Qual foi a empresa pública prejudicada pela minha conversa com Joesley?", questionou. Com a expectativa de que a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) deve aceitar a denúncia, Aécio declarou que "ninguém transformado em réu é considerado culpado a priori", principalmente por causa das "fragilidades das investigações". Ele ressaltou, no entanto, que respeita os ministros da Corte e que "decisão judicial se cumpre".

O parlamentar reclamou que não teria havido investigação no processo e também criticou a celeridade na elaboração da denúncia pela Procuradoria-Geral da República, na época comandada por Rodrigo Janot, o que teria "impedido que conferências sobre os fatos fossem feitas". Para ele, qualquer investigação comprovará que houve uma "construção envolvendo Joesley e membros do MP".

"O lamentável é que a ânsia de punir impediu que aquilo que é normal, tradicional no nosso sistema jurídico, que é o inquérito, a investigação, antes da aceitação da denúncia. Se tivesse havido investigações, minhas alegações teriam sido comprovadas." Assim como sua defesa, Aécio pediu para ter acesso às provas apresentadas contra ele, como teria sido feito com outros investigados.

Pouco antes da coletiva, o advogado do senador, Alberto Zacharias Toron, disse que o acesso é um "direito constitucionalmente previsto". "É imprescindível que o acesso seja deferido antes da votação do recebimento da denúncia, uma vez que esses elementos podem comprovar a ilegalidade de provas e das armadilhas arquitetadas contra o senador com a participação de membros do MPF", afirmou o advogado em nota.

PGR

Durante a entrevista, Aécio fez críticas ao ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, responsável pela formulação da denúncia contra ele. Ele disse que a PGR tinha conhecimento prévio da gravação feita por Joesley, que chamou de "encomenda", e que o material deveria ser anulado como prova.

"Não estamos falando de um cidadão exemplar que foi gravar alguém que estivesse cometendo determinado delito. Não. Estamos falando de um criminoso réu confesso de mais de 250 crimes que vai gravar alguém para que se transformasse aquela conversa em algo comprometedor, ele teria os benefícios inimagináveis que acabou, por algum tempo, tendo: perdão total e eterno dos crimes cometidos. E isso acabou ocorrendo."

Para o senador, também ocorreram ilegalidades na escolha do ministro Edson Fachin, do STF, para relatar as medidas cautelares que lhes foram impostas, como o afastamento do mandato parlamentar e a prisão de parentes. O tucano chegou a afirmar que a PGR interferiu na escolha.

Além disso, ele afirmou que a PGR articulou uma denúncia, criando "vínculo inexistente" com investigados do MDB, para que o caso fosse analisado pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF. "O que faz a Procuradoria Geral da República? Ela falseia uma informação, ela cria um vínculo inexistente desses fatos específicos com outros que envolviam o senhor Fábio Cleto, outros parlamentares do PMDB, que nenhuma relação, em nenhum momento, tiveram comigo, para justificar a escolha do ministro Fachin como relator dessas cautelares", acusou Aécio.

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