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Aécio defende investigação contra ex-ministro da Cultura

Marcelo Calero supostamente gravou uma conversa com Temer, o que para o senador Aécio Neves pode ter "induzido" palavras de Temer no diálogo

Calero: o tucano disse que alguém só pode gravar uma conversa "quando está sendo acusado (e agir) em sua própria defesa" (Prefeitura do Rio / Divulgação/Divulgação)

Calero: o tucano disse que alguém só pode gravar uma conversa "quando está sendo acusado (e agir) em sua própria defesa" (Prefeitura do Rio / Divulgação/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 25 de novembro de 2016 às 12h25.

Brasília - O senador Aécio Neves (PSDB-MG) defendeu nesta sexta-feira, 25, que o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero seja investigado por supostamente gravar uma conversa com o presidente Michel Temer.

Para o tucano, Calero pode ter "induzido" palavras de Temer no diálogo, no qual o ex-titular da Cultura diz ter sido "enquadrado" pelo presidente e pressionado a agir em favor do agora ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima.

"Há algo aí extremamente grave e que também tem que ser investigado: o fato de um servidor público, um homem até aquele instante da confiança do presidente da República, com cargo de ministro de Estado, entrar com gravador para gravar o presidente da República. Isso é inaceitável, isso é inédito na história republicana do Brasil", disse Aécio, ao chegar para o Congresso de prefeitos eleitos do PSDB.

"Isso permite a todos nós que possa (sic) achar que (Calero) possa ter induzido palavras do presidente da República, e isso tem que ser investigado, porque me parece também um ato passível de punição", acrescentou o senador.

No último sábado, Calero disse à Polícia Federal que Temer teria feito pressão para que o ex-ministro da Cultura resolvesse o "impasse" relacionado à construção de empreendimento em Salvador, no qual Geddel tinha uma unidade.

O Instituto de Patrimônio Histórico Nacional (Iphan) embargou a obra, mas Temer teria dito para Calero enviar o processo à Advocacia-Geral da União (AGU), que teria uma solução para o caso - o diálogo teria sido gravado pelo ex-ministro.

O depoimento foi revelado ontem, ampliando a crise no Palácio do Planalto.

O tucano disse que alguém só pode gravar uma conversa "quando está sendo acusado (e agir) em sua própria defesa", o que não era o caso, em sua avaliação.

"Não havia acusação nenhuma em relação ao ministro e não me parece ter havido qualquer crime por parte do presidente da República", disse.

Aécio, no entanto, evitou fazer avaliações sobre se o presidente deveria ou não demitir Geddel - a notícia da carta de demissão ainda não havia sido divulgada.

"Essa é decisão exclusiva do presidente da República. O que posso dizer é que, do ponto de vista de suas atribuições junto ao Congresso Nacional, nas articulações políticas do governo, o ministro Geddel vem fazendo com enorme eficiência. Caberá ao presidente da República tomar a decisão que for melhor para o governo", disse.

"Quanto aos desdobramentos desse caso, caberá ao presidente da República tomar decisões que achar mais adequadas. Mas nem de longe, na minha avaliação e do PSDB, esse episódio atinge o presidente Michel Temer", acrescentou o senador.

Aécio ainda criticou as manifestações da oposição pedindo o impeachment de Temer. "Os membros do PT são alguns fantasmas que caminham em busca de uma causa", disse.

"A causa do PT é inviabilizar as medidas que vão nos tirar da crise na qual eles nos mergulharam."

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