Brasil

Admirável mundo novo da telefonia

Com o avanço da tecnologia, as operadoras ganharam mais opções para aumentar suas receitas

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h29.

Oito anos de privatização mudaram a cara das telecomunicações brasileiras. Os indicadores mostram avanços em todas as áreas. Em 1998, o Brasil tinha 20 milhões de linhas fixas em serviço. Em 2006, esse universo já tinha dobrado. Um fenômeno semelhante aconteceu com os telefones públicos. Antes das privatizações, existiam 590 000 telefones públicos no país. Hoje, esse contingente é de 1,3 milhão. Mas foi na telefonia móvel que ocorreu a mudança mais espetacular. No ano em que o Sistema Telebrás foi repartido, havia apenas 7,4 milhões de aparelhos no Brasil. Recentemente, esse universo ultrapassou a casa dos 90 milhões de celulares. Apesar de todas as melhorias, há muito ainda por fazer até que parcelas mais expressivas da população possam tirar proveito dessa infra-estrutura moderna e que mais empresas consigam usar os novos serviços para reduzir seus custos e aumentar a competitividade. E duas variáveis estão em jogo daqui em diante: a velocidade com que se fará a transição para esse novo patamar de qualidade e os preços que serão cobrados por isso.

Os índices que medem a proporção de aparelhos por grupo de 100 habitantes revelam a existência ainda de uma enorme legião de brasileiros sem acesso aos serviços de telecomunicação. Em telefonia fixa, esse índice não passava de 12,5% no ano anterior à privatização da Telebrás. Atingiu o pico em 2002 (22,6%) e, desde então, vem caindo, até o patamar de 21,5% em 2005. A moderna infra-estrutura de rede -- que já atingiu praticamente 100% de digitalização -- soma 50,5 milhões de linhas instaladas, das quais 10,7 milhões encontram-se ociosas, à espera de clientes. O desempenho da telefonia móvel é um pouco melhor. Eram 4,5 telefones celulares por 100 habitantes em 1998, índice que chegou a 46,6% em 2005. O problema é que 80,5% dos celulares em operação no país são do tipo pré-pago, que gera baixa receita por cliente.

Para conquistar novos consumidores e convencer os atuais clientes a gastarem mais, as empresas vão precisar contar cada vez mais com a força das novas tecnologias, que vêm derrubando as barreiras entre mundos que antes eram distintos -- voz, comunicação de dados, produção e distribuição de conteúdo. O fim das fronteiras vem sendo acelerado por siglas como WiMax, IPTV e VoIP. É a era dos serviços convergentes, que podem vir na forma da oferta, por uma mesma empresa, de uma ampla gama de serviços num só pacote. Pagando uma tarifa mensal fixa, numa conta única, o assinante pode falar ao telefone, assistir à programação da TV a cabo e navegar na internet. É o que os especialistas chamam de triple play. Outro exemplo das possibilidades abertas pela convergência digital são os modernos aparelhos de celular, capazes de enviar e receber e-mails, navegar na internet, editar textos, fotografar, gravar mensagens rápidas e até mesmo pagar contas.

Ao planejar seus investimentos, as empresas do setor precisarão levar em conta todos esses avanços da tecnologia que permitem que TVs por assinatura vendam serviços de voz, que operadoras de telefonia distribuam conteúdo e que os usuários criem a própria rádio digital. O problema é que, apesar de estarem sob o controle da mesma agência reguladora, a Anatel, as operadoras de telefonia móvel, os provedores de internet, as prestadoras de serviços de TV por assinatura e as empresas de TV aberta e rádio são regidos por diferentes marcos regulatórios. Os especialistas afirmam que o setor precisa de um modelo regulatório também convergente, que equacione conflitos como os relacionados à participação estrangeira no capital das empresas de telecomunicações -- essa fatia é livre em alguns segmentos, como na telefonia, e em outros é limitada a 30%, como nas empresas de radiodifusão. Outra questão é que o setor atravessa uma fase de transição em que parte considerável da receita ainda corresponde aos serviços de voz. Para elevar o tráfego de dados ou de imagem, será preciso ampliar a oferta de aplicações, como ensino a distância, teleconferência, operações bancárias, comércio eletrônico e serviços governamentais. Para que mais empresas invistam nesse tipo de iniciativa, os especialistas consideram fundamental que os preços das tarifas caiam em relação ao patamar atual. Isso, por sua vez, dependerá de uma competição maior entre as operadoras de telefonia local.

O setor no Brasil e no mundo

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Brasil

Servidores federais ambientais estão em greve em 24 estados e no DF

Passageiro é resgatado do teto após turbulência em voo para Montevidéu

Corregedor de Justiça arquiva processos contra ex-juízes da Lava-Jato

Lira defende cadeiras para mulheres no Legislativo e diz que tema deve ser votado neste ano

Mais na Exame