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2016: O ano em que (quase) tudo aconteceu na política brasileira

Um ano para entrar nos livros de História, com o segundo impeachment desde a redemocratização e com a queda do presidente da Câmara

Dilma Rousseff: 2016, este ano com uma notícia bombástica atrás da outra até o último segundo (Bruno Kelly/Reuters)

Dilma Rousseff: 2016, este ano com uma notícia bombástica atrás da outra até o último segundo (Bruno Kelly/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 27 de dezembro de 2016 às 19h12.

Última atualização em 27 de dezembro de 2016 às 20h52.

2016, este ano com uma notícia bombástica atrás da outra até o último segundo. Já nos últimos dias de dezembro teve quem tentou desistir de compreender o que estava acontecendo.

Um ano para entrar nos livros de História, com o segundo impeachment desde a redemocratização, com a queda do presidente da Câmara dos Deputados, a desconstrução da imagem do PT e do ex-presidente Lula, que deixou a presidência do País com a popularidade nas alturas, o acirramento da crise entre Legislativo e Judiciário.

O HuffPost Brasil tentou resumir alguns capítulos deste ano em seis fatos marcantes:

Impeachment

Iniciado em 2015, o impeachment de Dilma Rousseff da Presidência do País foi finalizado em 31 de agosto. Depois de uma maratona incluindo choros de advogados de defesa e de acusação, foram 61 votos pelo afastamento da petista e 20 contra. Ela, contudo, foi poupada de perder os direitos políticos.

Na Câmara, o processo não foi menos dramático. Foram madrugadas tanto na comissão especial quanto no plenário, que encerrou a votação em 17 de abril, na mais longa sessão da História da Casa. Do lado de dentro, o então presidente da Casa, Eduardo Cunha, foi chamado de gângster e deputados trocaram cuspes. Do lado de fora, manifestantes contra e a favor do impeachment estavam divididos por um muro na Esplanada.

Com o afastamento de Dilma, o PT perdeu espaço de vez na política, tornou-se uma oposição tímida e abriu a discussão sobre o futuro da esquerda no Brasil. Nas eleições municipais, o partido perdeu 60% das cidades que comandava, em comparação com 2012.

Fora, Cunha

O ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB) iniciou o ano no comando do impeachment de Dilma e está na prisão desde outubro. Réu na Lava Jato por corrupção e lavagem de dinheiro, o peemedebista teve a prisão preventiva decretada pelo juiz Sérgio Moro para evitar atrapalhar as investigações e pelo risco de fuga.

O mandato de deputado foi cassado em 12 de setembro, quase um ano após Rede e o PSOL entrarem com a representação contra ele e quatro meses após o Supremo Tribunal Federal (STF) afastá-lo do cargo. Entre as manobras no mais longo processo no Conselho de Ética, teve renúncia, troca de relator e de integrantes do colegiado, assinatura falsa e tentativas de reduzir punições.

E Renan ficou...

Do outro lado do Congresso, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) também sofreu um revés na Justiça. Ele se tornou réu em um dos 13 inquéritos a que responde no STF.

Após comprar uma briga com o Judiciário, o ministro Marco Aurélio Mello chegou a conceder uma liminar para tirá-lo do cargo, mas o plenário da Corte reverteu a decisão, após um acordão com Legislativo e Executivo.

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O senador foi um dos protagonistas das gravações do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. Alvo da Lava Jato, no diálogo, Renan defende limitações à delação premiada e sugere "negociar" com o STF uma "transição" para Dilma.

Governo Temer

Outro interlocutor de Machado, o senador Romero Jucá (PMDB-RR), um dos principais articuladores do impeachment, falou em "estancar essa sangria" em referência à Operação Lava Jato. Após o vazamento da gravação, em maio, ele perdeu o cargo de ministro do Planejamento 10 dias após assumi-lo, mas atualmente é líder do governo de Michel Temer.

O senador foi um dos seis ministros que deixaram o governo do peemedebista, em sete meses. Também caíram Fabiano Silveira (Transparência), Henrique Eduardo Alves (Turismo) e Fábio Medina (Advocacia-geral da União). Já Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) e Marcelo Calero (Cultura) foram protagonistas do escândalo envolvendo um apartamento de luxo em Salvador.

A principal resistência contra o governo Temer veio nas ocupações nas escolas, que criticaram o teto de gastos públicos e a reforma do Ensino Médio. Uma das principais bandeiras do Planalto, o novo regime fiscal visa a recuperar a confiança do mercado.

Segunda grande bandeira do peemedebista, a Reforma da Previdência foi anunciada duas semanas antes do recesso parlamentar. As mudanças também têm como objetivo o equilíbrio das contas públicas. Uma das medidas mais polêmicas é a ampliação no tempo de contribuição do trabalhador: será preciso trabalhar 49 anos para ter aposentadoria integral

Polícia x política

Além das citações aos ministros de Temer, Renan Calheiros e Eduardo Cunha, a Lava Jato chegou ao Rio de Janeiro. O ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) foi preso em novembro, suspeito de desvio de dinheiro público para bancar jóias e outros luxos. Dias antes, outro ex-governador do estado, Anthony Garotinho (PR) foi alvo de uma prisão preventiva, suspeito de fraude eleitoral. Ele ficou detido por uma semana.

https://twitter.com/GABRIELPlNHEIRO/status/799441732073115653?ref_src=twsrc%5Etfw

Outro alvo do Ministério Público foi o ex-presidente Lula, que se tornou réu cinco vezes. Em setembro, ao ser indiciado por corrupção e lavagem de dinheiro, ele foi chamado de "comandante máximo do esquema de corrupção" e apontado como responsável por instaurar a "propinocracia no País".

Do outro lado, parlamentares articularam medidas em retaliação às investigações. Em novembro, o pacote de 10 medidas contra corrupção enviado pelo Ministério Público foi completamente modificado, em uma votação de madrugada.

Para terminar a temporada de 2016 e deixar todos ansiosos para os próximos capítulos da série Brasil, começaram a sair as primeiras informações sobre as delações dos executivos da Odebrecht, maior empreiteira do País. Já na primeira leva foram citados o presidente Michel Temer, ministros do PMDB e caciques tucanos.

Eleições municipais

Primeira eleição sem o financiamento privado de campanha, as disputas municipais foram marcadas pela vitória de candidatos com o discurso de outsiders da política.

Em São Paulo, João Doria (PSDB) conquistou o comando da cidade em primeiro turno, feito inédito na capital paulista. Com discurso similar, Marcelo Crivella (PRB) venceu no Rio de Janeiro e Alexandre Kalil (PHS) chegou à prefeitura de Belo Horizonte (MG). No geral, o PSDB foi o partido que mais cresceu, com aumento de mais de 15% nas prefeituras.

Reflexo do impeachment das denúncias de corrupção, o PT sofreu uma redução de 40% do comando do Executivo nos municípios. A quantidade de abstenções e votos brancos e nulos também foi destaque. Especialistas afirmaram ao HuffPost Brasil que o resultado reflete a percepção de descrença do brasileiro diante do cenário político.

O que virá a seguir?

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