Vaca é removida de fazenda afetada por doença em Les-Bordes-sur-Arize, na França (Valentine Chapuis/AFP)
Redação Exame
Publicado em 14 de dezembro de 2025 às 08h01.
Agricultores e pecuaristas protestaram na França após a determinação do sacrifício de um rebanho de gado bovino com 207 animais em Les Bordes-Sur-Arize. A ação ocorreu após um caso positivo de dermatose nodular ter sido detectado.
Além do caso do gado bovino, o setor também protesta contra o acordo comercial negociado entre a União Europeia e os países do Mercosul.
O protesto ocorreu na última quarta-feira, 10, na cidade próxima à fronteira com a Espanha. Na noite do protesto, bombas de gás lacrimogêneo foram atiradas para que os agricultores fossem retirados da fazenda e, assim, fosse iniciado o sacrifício dos animais.
Algumas organizações de fazendeiros se uniram para protestar contra a ação. A Coordenação Rural e a Confederação Camponesa tentam se opor aos sacrifícios e defendem uma vacinação preventiva generalizada.
No entanto, o principal sindicato, FNSEA, apoiou o protocolo das autoridades, temendo que uma vacinação generalizada prive a França de seu status de país livre da doença e, portanto, de sua capacidade de exportar bovinos vivos durante meses.
Mesmo com o protesto, as 207 vacas começaram a ser sacrificadas na sexta-feira, 12.
A dermatose nodular é uma infecção viral transmitida por picadas de insetos que causa bolhas e reduz a produção de leite nos bovinos.
Embora seja inofensiva para o ser humano, a doença costuma resultar em restrições comerciais e prejuízos econômicos, pois diminui a produção de leite para venda.
Para evitar a propagação do vírus, a França ordenou o sacrifício de todo o rebanho, além de ter restringido a vacinação de animais a determinadas regiões.
A ministra da Agricultura da França, Annie Genevard, defendeu a medida. Em fala nesta sexta-feira, 12, ela disse que, "para salvar todo o setor, o sacrifício é a única solução".
Os protestos em Les Bordes-sur-Arize ocorrem às vésperas de uma manifestação contra o acordo entre a União Europeia e o Mercosul, prevista para 18 de dezembro. Em Bruxelas, são esperados até "10.000 manifestantes", segundo os organizadores do protesto, sendo muitos deles originários da França.
A Comissão Europeia, braço executivo da UE, espera que os 27 Estados-membros autorizem o acordo entre 16 e 19 de dezembro, em Bruxelas. Após o acordo ser autorizado, ocorrerá a assinatura do tratado entre os dois blocos regionais, em Foz do Iguaçu, no Paraná, prevista para 20 de dezembro.
Se aprovado, o acordo pode gerar um crescimento de 2% na produção do agro brasileiro, o que representa um aumento de US$ 11 bilhões anuais, segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Com AFP.