Pedidos de recuperação judicial no agro crescem 523% no primeiro trimestre de 2024
Mato Grosso liderou com 53 pedidos, enquanto Goiás ocupou o segundo lugar, com 16 solicitações
Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 20 de agosto de 2024 às 09h35.
Última atualização em 20 de agosto de 2024 às 09h51.
Os pedidos derecuperação judicial entre os produtores rurais que atuam como pessoa física no Brasil atingiram 106 solicitações no primeiro trimestre de 2024, um crescimento de 523% em comparação com o mesmo período do ano anterior, mostram dados divulgados pela provedora de dados de crédito Serasa Experian nesta terça-feira, 20.
Entre os principais estados, o Mato Grosso liderou com 53 pedidos, enquanto Goiás ocupou o segundo lugar, com 16 solicitações– o centro-oeste acumulou o maior número de requisições no período. Em seguida, vem Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo, com 12, 6, e 4 pedidos, respectivamente.
Segundo o Serasa, os arrendatários de terras e grupos econômicos ou familiares que não possuem propriedades rurais foram responsáveis pelo maior número de pedidos de recuperação judicial, com 39 requisições no primeiro trimestre deste ano. Em contraste, os proprietários rurais de pequeno porte apresentaram 21 solicitações no mesmo período.
Apesar dos números, a Serasa Experian não acredita que o setor agropecuário brasileiro caminha para uma crise setorial. Segundo o head de agronegócio da provedora de crédito, Marcelo Pimenta, os produtores rurais ainda têm alternativas para evitar a necessidade de recorrer à recuperação judicial.
"A renegociação de dívidas ou soluções como o Fiagro Reorg são formas mais amigáveis de retomar a saúde dos negócios. Além disso, movimentos preventivos como o planejamento financeiro para demandantes e o monitoramento de perfil de crédito para credores podem premeditar e evitar a busca pelo recurso", afirma Pimenta.
Inadimplência no agronegócio
Em julho, a Serasa Experian informou que a inandimplência do agronegócio brasileiro atingiu 7,3% no primeiro trimestre de 2024, alta de 0,8 ponto percentual em relação ao primeiro trimestre de 2023.
As instituições financeiras que concedem financiamento para atividades agrícolas foram responsáveis pela maior parcela de inadimplência, com 6,5% no período. Em contrapartida, os percentuais de proprietários rurais devedores no setor agro e em outras áreas correlatas foram significativamente baixos, com apenas 0,1% e 0,2%, respectivamente.