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Por que a mudança climática pode mexer com a liderança do Brasil no café?

A dependência do Brasil e Vietnã na produção global de café está em xeque, com mudanças climáticas forçando o setor a buscar novas origens

 (Ricardo Mendoza Garbayo/Getty Images)

(Ricardo Mendoza Garbayo/Getty Images)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 30 de agosto de 2024 às 13h23.

Última atualização em 30 de agosto de 2024 às 14h06.

O aquecimento global está forçando a indústria do café a reconsiderar suas principais fontes de produção, que atualmente dependem fortemente de Brasil e Vietnã. Com mais de 50% do café mundial vindo desses dois países, eventos climáticos extremos, como as recentes secas, têm causado flutuações significativas nos preços globais. Em 2023, essa dependência resultou em aumentos acentuados nos preços, trazendo à tona a necessidade de diversificação. As informações são da Bloomberg.

Empresas de café estão investindo em produtores menores ao redor do mundo, em países como Peru, Ruanda e Cuba. A Illycaffe, por exemplo, está expandindo suas operações para países do leste e sul da África, enquanto a Volcafe está aumentando suas operações na África Oriental com um financiamento de US$ 60 milhões (aproximadamente R$ 336 milhões). A Starbucks também está investindo em árvores e empréstimos para produtores em regiões como Tanzânia e Ruanda.

Esses investimentos são uma tentativa de mitigar os riscos associados à concentração da produção e ao impacto das mudanças climáticas. Além disso, a demanda por cafés de origem especial está em alta, com consumidores dispostos a pagar mais por grãos únicos e de alta qualidade. A Lavazza e a Nestlé também estão apostando na revitalização da produção de café em países como Cuba e Congo, respectivamente, com projetos de longo prazo.

Custo mais alto

No entanto, essa transição para novos produtores não deve reduzir os preços do café a curto prazo. A produção em menor escala desses países muitas vezes resulta em custos mais altos, o que limita a competitividade em relação aos gigantes Brasil e Vietnã. Mesmo assim, a mudança no comportamento dos consumidores, que estão cada vez mais exigentes quanto à qualidade e à origem do café, está ajudando a sustentar esses mercados emergentes.

A pandemia de covid-19 acelerou essa mudança, com mais pessoas buscando cafés de alta qualidade para consumo em casa. Honduras, Tailândia e outros países têm aumentado sua produção, embora enfrentem desafios com custos de produção elevados e margens apertadas.

Para garantir o sucesso dessa diversificação, as empresas de café precisarão continuar focando em sustentabilidade e comércio justo, além de manter uma conexão direta com os consumidores. Se as empresas não conseguirem manter essa valorização, os consumidores podem optar por alternativas mais baratas e práticas, como cafés prontos para beber. No entanto, a tendência aponta para uma indústria do café mais diversificada e resiliente, com uma valorização contínua dos pequenos produtores e seus cafés de origem especial.

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