Carne bovina: UE é o 6º destino das exportações brasileiras da proteína, segundo a Abiec (AAron Ontiveroz/MediaNews Group/The Denver Post/Getty Images)
Publicado em 16 de dezembro de 2025 às 14h03.
Última atualização em 16 de dezembro de 2025 às 14h24.
A União Europeia é um dos principais mercados para a carne bovina brasileira. Com a aprovação do acordo entre o bloco europeu e o Mercosul, prevista para ser assinada no próximo sábado, 20, o Brasil deve exportar mais 67 mil toneladas da proteína para a UE.
De janeiro a novembro de 2025, o Brasil exportou 117 mil toneladas de carne bovina para o bloco europeu, gerando US$ 955 milhões em receita, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).
De acordo com a entidade, a União Europeia representa 3,7% do volume total exportado pelo Brasil e 5,9% do faturamento deste ano. O bloco é o 6º principal destino em volume e o 4º maior em valor para a carne bovina brasileira.
A UE importa principalmente cortes nobres do traseiro, desossados, com destaque para o filé, contrafilé e alcatra, especialmente dentro da Cota Hilton, diz a Abiec.
No padrão europeu, esses cortes são classificados como “loin” (lombo: filé mignon e contra-filé) e “rump” (região da alcatra e seus subcortes), afirma a entidade.
A Cota Hilton é um acordo comercial que permite a exportação de um volume limitado de carne bovina de alta qualidade (cortes nobres e in natura) de países específicos, incluindo o Brasil, para o bloco europeu, com uma tarifa de importação reduzida, cerca de 20%.
A Comissão Europeia endureceu nesta terça-feira, 16, medidas de salvaguarda para garantir que o acordo União Europeia e Mercosul não prejudique o agronegócio europeu — a medida foi aprovada com 431 votos a favor e 161 contra.
O recurso estabelece o acompanhamento do impacto de produtos sensíveis, como carne bovina, aves e açúcar, e a possibilidade de reintrodução de tarifas caso o mercado seja desestabilizado.
Segundo os legisladores, a Comissão Europeia poderá abrir investigações sempre que houver um aumento superior a 5% nas importações de carne bovina ou de aves provenientes do Mercosul, em comparação com a média dos três anos anteriores, e se os preços desses produtos forem pelo menos 5% mais baixos do que os de produtos similares da UE. Na proposta original da Comissão, ambos os limites estavam fixados em 10%.
Para reforçar as salvaguardas, os legisladores adicionaram uma "obrigação de reciprocidade", que exigirá que os países do Mercosul apliquem os padrões de produção da UE para acessar o mercado europeu.
As salvaguardas são um mecanismo que permite frear a redução de tarifas trazida pelo acordo em setores onde os produtores se sintam ameaçados pelo aumento das importações.
Por exemplo, se produtores de carne da França avaliarem que as importações de carne brasileira aumentaram significativamente e estão prejudicando seus negócios, poderão solicitar uma revisão do desconto nas tarifas.
Desde o ano passado, quando as negociações entre os blocos ganharam força, agricultores europeus, especialmente da França e da Polônia, têm se mostrado contrários à proposta.
Eles argumentam que os países do Mercosul, principalmente o Brasil, não seguem os rigorosos padrões exigidos pelo mercado europeu, o que pode colocar em risco a produção agropecuária local.