Árvores de natal: número de fazendas dedicadas ao cultivo de árvores de Natal caiu quase 30%, para cerca de 10 mil (Freepik)
Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 7 de dezembro de 2025 às 07h05.
Última atualização em 7 de dezembro de 2025 às 11h03.
Símbolo tradicional do Natal, o setor de árvores natalinas enfrenta uma crise nos Estados Unidos. Com um mercado estimado em US$ 553 milhões, segundo a Federação Americana de Escritórios Agrícolas (AFBF), a produção tem sido impactada por diversos desafios, como a crescente concorrência das árvores artificiais importadas da China, as mudanças climáticas e a escassez de mão de obra.
Entre 2002 e 2022, a área dedicada ao cultivo de árvores de Natal nos EUA diminuiu 35%, representando uma perda de 62.768,4 hectares.
O estado de Oregon, o maior produtor, registrou uma queda de 29% na área cultivada, de 27.443,7 hectares em 2002 para 19.590,2 hectares em 2022. Outros estados, como Michigan e Carolina do Norte, também sofreram perdas substanciais, totalizando 44.698,9 hectares.
Segundo a AFBF, as árvores artificiais, em grande parte importadas da China, representam uma ameaça crescente para os produtores de árvores naturais. Entre 85% e 95% das árvores artificiais vendidas nos EUA vêm de fabricantes chineses, com o valor das importações subindo de US$ 170 milhões em 2000 para US$ 505 milhões em 2024.
"A árvore de Natal artificial, geralmente feita de plástico, representa um grande desafio para os consumidores que buscam economizar tempo. Elas chegam em caixas organizadas, muitas vezes já com luzes e formato uniforme, e, uma vez compradas, podem ser usadas por quase uma década, o que diminui a demanda por árvores naturais", afirma a AFBF.
Para os produtores, no entanto, a conta não fecha, uma vez que o cultivo de árvores natalinas é um processo de longo prazo.
Elas precisam de sete a dez anos para atingir o tamanho ideal para a venda, exigindo constante monitoramento e cuidados, como podas e controle de pragas. O trabalho é particularmente intensivo durante a colheita, que ocorre entre novembro e dezembro, em um período de apenas um mês.
Entre 2002 e 2022, o número de fazendas dedicadas ao cultivo de árvores de Natal caiu quase 30%, para cerca de 10 mil.
Além da concorrência da China, o clima e a falta de mão de obra pressionam ainda mais o setor. Segundo a AFBF, a onda de calor de 2021 no noroeste do Pacífico queimou árvores jovens em todo o Oregon, enquanto as chuvas extremas no leste dos EUA contribuíram para a podridão das raízes de algumas árvores na região.
A escassez de mão de obra e de terras agrava esses riscos. A produção na Carolina do Norte, por exemplo, é limitada pela disponibilidade de terras em altitudes elevadas, enquanto a valorização das terras no Oregon tem direcionado áreas para outros usos.
Garantir mão de obra para o plantio, poda e colheita tem se tornado cada vez mais difícil, com muitas fazendas dependendo do programa de visto de trabalho H-2A para suprir a demanda.
O H-2A é um visto de não imigrante dos EUA que permite a empregadores agrícolas americanos trazer trabalhadores estrangeiros para preencher empregos temporários ou sazonais, quando não há trabalhadores americanos qualificados e disponíveis. A iniciativa cobre atividades como plantio, colheita e cultivo, especialmente durante períodos de pico.
As ferramentas de gestão de risco para esses produtores são limitadas, uma vez que as árvores de Natal não têm opções abrangentes de cobertura de seguro agrícola.
Além disso, o Programa de Assistência a Árvores (TAP) pode ajudar a replantar árvores perdidas devido a desastres naturais, mas os critérios de elegibilidade são restritos.
"Para a maioria das fazendas, um evento climático ou doença de grande porte representa anos de investimento e renda futura eliminados da noite para o dia", afirma a entidade.
Mesmo em um cenário complexo, 84% dos produtores de árvores de Natal dos EUA afirmaram que não têm planos de aumentar os preços no atacado neste ano, incluindo aqueles que podem reduzi-los, segundo um levantamento da Real Christmas Tree Board (RCTB). O RCTB é um programa que promove o setor e é supervisionado pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).