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Na esteira dos biocombustíveis, Biopower anuncia R$ 140 milhões em biodiesel

Produção de biocombustível da companhia deve atingir 650 milhões de litros em 2025

Fachada da Biopower no MT: biodiesel é originado de sebo de boi e óleo usado
 (JBS/Divulgação)

Fachada da Biopower no MT: biodiesel é originado de sebo de boi e óleo usado (JBS/Divulgação)

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 19 de dezembro de 2025 às 11h14.

A Biopower, empresa do grupo JBS, e produz biodiesel, se prepara para uma rodada de investimentos de R$ 140 milhões para expandir suas usinas de biocombustível localizadas em Lins (SP), Campo Verde (MT) e Mafra (SC).

Entre os planos da companhia está a implementação da tecnologia de esterificação enzimática, um processo que transforma substâncias químicas em ésteres. No caso da Biopower, a proposta é substituir os catalisadores químicos por enzimas de alta eficiência.

As enzimas são proteínas naturais encontradas em seres vivos, que aceleram reações químicas de forma muito mais eficiente. Elas são mais específicas e, muitas vezes, mais sustentáveis em comparação com os catalisadores químicos, que são substâncias sintéticas e podem gerar subprodutos indesejados ou poluentes.

"Essa modernização nos proporcionará mais eficiência e flexibilidade produtiva, garantindo nossa competitividade em um mercado de biodiesel que, certamente, continuará a crescer", afirma Alexandre Pereira, diretor da Biopower.

Para este ano, a projeção da empresa é de que a produção de biodiesel cresça 6,5% em relação a 2024 e atinja 650 milhões. Para 2026, a empresa não abre as projeções.

Segundo o executivo, os investimentos ocorrem em um momento oportuno para o país, com a implementação da Lei do Combustível do Futuro, que traz mais previsibilidade para o setor.

A legislação altera os percentuais mínimos e máximos de mistura de etanol na gasolina e de biodiesel no óleo e estabelece o incentivo ao diesel verde e ao combustível sustentável, além de criar programas nacionais para aviação e biometano.

Segundo o Ministério de Minas e Energia, a Lei deve destravar investimentos que somam R$ 260 bilhões em diversas áreas e ações, que vão evitar a emissão de 705 milhões de toneladas de CO2 até 2037.

"A lei traz previsibilidade para o investidor, o que estimula ainda mais o nosso ímpeto pelo investimento. É justamente com essa previsão de garantia de demanda, proporcionada pelas leis, que fazemos nossos avanços", afirma Pereira.

O biodiesel produzido pela Biopower é proveniente de matérias-primas diversas, como sebo bovino, óleo de cozinha usado e a conversão de subprodutos que, anteriormente, eram comercializados separadamente, em mais biodiesel.

O projeto de expansão das usinas da Biopower começou neste ano e tem previsão de conclusão para meados de 2026.

Investimento em biocombustíveis

Segundo Alexandre Pereira, o objetivo da Biopower sempre foi alinhar a produção com a oferta de matéria-prima e a evolução do mercado.

Atualmente, cerca de 99% de cada bovino processado pela companhia é aproveitado, e em aves e suínos esse percentual chega a quase 95%.

O foco, diz ele, vai além do aumento de volume; a prioridade é elevar a eficiência industrial e a qualidade do produto final. “Hoje, convertemos em média 95% das matérias-primas. Com a nova tecnologia, podemos alcançar entre 98% e 98,5% de conversão”, afirma.

Com os investimentos, a empresa projeta ampliará a capacidade produtiva de suas três usinas, passando de cerca de 700 milhões de litros por ano para mais de 900 milhões. “Esse ganho de capacidade já está em andamento, e toda a operação deve estar atualizada até o meio do próximo ano”, diz Pereira.

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