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Mesmo atrasado, La Niña deve chegar ainda este mês; saiba como o Brasil pode ser afetado

No Brasil, as atenções estão voltadas para a estimativa de safra recorde de grãos em 2024/25

Landscape with a rice field and dramatic sky (Freepik)

Landscape with a rice field and dramatic sky (Freepik)

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 18 de novembro de 2024 às 10h24.

Última atualização em 18 de novembro de 2024 às 10h26.

O fenômeno climático La Niña tem uma probabilidade de 57% de se desenvolver até dezembro deste ano e deve continuar entre janeiro e março de 2025, segundo previsão do Serviço Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos (NOAA).

Caracterizado por temperaturas mais baixas do que a média no Oceano Pacífico central e equatorial, o La Niña é conhecido por causar impactos significativos na agricultura global, como enchentes, secas e aumento na atividade de furacões no Caribe.

No Brasil, as atenções estão voltadas para a estimativa de safra recorde de grãos em 2024/25. A última projeção da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indica uma produção de 322,53 milhões de toneladas, um aumento de 8,2% em relação à temporada 2023/24, o que representa 24,6 milhões de toneladas a mais.

"Se o fenômeno acontecer, será de curta duração e com pouco impacto, mas ainda está previsto. Essas variações climáticas, como o El Niño e o La Niña, ainda são muito difíceis de prever com precisão a longo prazo. Há uma grande dificuldade em se antecipar a esses eventos", afirma à EXAME Willians Bini, meteorologista e Consultor Sênior em Clima e Mudanças Climáticas.

O La Niña tende a reduzir a quantidade de chuvas e intensificar períodos de seca, o que pode afetar diretamente as colheitas em várias regiões do mundo. O ciclo entre La Niña, El Niño e a fase neutra geralmente dura entre dois e sete anos.

Como o La Niña afeta o Brasil?

No Brasil, o fenômeno La Niña pode impactar o país de diversas maneiras, especialmente em relação às principais culturas agrícolas, como soja, café e açúcar.

De acordo com Bini, a safra 2024/2025 tem sido impactada por uma longa estiagem e altas temperaturas, o que atrasou o início do plantio em alguns estados, como o Paraná e o Mato Grosso, importantes produtores de soja no Brasil. Apesar do atraso inicial, a semeadura nesses estados já está em estágio avançado.

"Essa condição de seca e calor não está diretamente relacionada ao início ou à intensidade do La Niña. Portanto, quaisquer prejuízos que ocorram na safra 2024/2025 não podem ser atribuídos ao La Niña, que ainda está se formando", esclarece Bini.

No Matopiba, o fenômeno La Niña costuma resultar em chuvas mais abundantes. Embora a última safra, influenciada pelo El Niño, tenha sido bastante produtiva, um La Niña fraco pode trazer um regime de chuvas mais estável, o que seria altamente benéfico para os produtores da região.

Por outro lado, o Norte do Brasil, que enfrenta uma longa estiagem, também poderá se beneficiar com o retorno das chuvas, mesmo que o La Niña se manifeste com baixa intensidade.

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