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'Atrasado', La Niña deve chegar em novembro; veja como o Brasil pode ser afetado

Fenômeno climático deve ser mais fraco e seus impactos sobre a agricultura brasileira, menores, estima NOAA

La Niña: pode impactar o país de diversas maneiras, especialmente em relação às suas principais culturas agrícolas, como soja, café e açúcar (Freepik)

La Niña: pode impactar o país de diversas maneiras, especialmente em relação às suas principais culturas agrícolas, como soja, café e açúcar (Freepik)

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 11 de outubro de 2024 às 10h00.

Última atualização em 12 de outubro de 2024 às 10h19.

A probabilidade de ocorrência do La Niña até novembro deste ano foi revisada de 71% para 60%, informou nesta quinta-feira, 10, a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA). A NOAA é a principal autoridade no monitoramento deste fenômeno.

Durante um evento de La Niña, a temperatura do Oceano Pacífico na região tropical fica abaixo da média, e esse resfriamento provoca uma série de efeitos climáticos, que incluem chuvas mais intensas na Ásia e condições mais secas em algumas áreas da América do Sul.

A previsão inicial era de que o La Niña ocorresse em agosto, ou seja, ainda no inverno brasileiro. Entretanto, o fenômeno deve chegar durante a primavera e com fraca intensidade, segundo o órgão norte-americano.

"Como resultado disso, as chances de La Niña são menores. Na visão da equipe, as condições ainda favorecem a formação de um evento fraco, que pode persistir até março de 2025, com riscos de impactos convencionais no clima reduzidos", disse a NOAA em comunicado.

Com a nova projeção, a expectativa é de que o impacto do La Niña sobre a safra 2024/25 seja limitado. "Para a produção de grãos (soja e milho) no Centro-Oeste, não há expectativa de grandes prejuízos. Pelo contrário, espera-se que, a partir de dezembro, as chuvas se tornem mais regulares, beneficiando a umidade do solo", afirmou à EXAME, Willians Bini, meteorologista e Consultor Sênior em Clima e Mudanças Climáticas.

"Uma região que pode se beneficiar é o Sul do Brasil, onde o La Niña costuma reduzir as chuvas [...] Com um La Niña mais curto e menos intenso, espera-se que os impactos negativos no regime de chuvas sejam menores", disse o meteorologista.

Segundo Bini, os últimos eventos de La Niña, como nas safras 2020/2021, 2021/2022 e 2022/2023, causaram grandes prejuízos à Região Sul.

Como La Niña afeta o Brasil?

No Brasil, o fenômeno La Niña pode impactar o país de diversas maneiras, especialmente em relação às suas principais culturas agrícolas, como soja, café e açúcar.

De acordo com Bini, a safra 2024/2025 vem sendo impactada por uma longa estiagem e altas temperaturas, o que atrasou o início do plantio em alguns estados, como o Paraná e o Mato Grosso, alguns dos principais produtores de soja do Brasil.

"Essa condição de seca e calor não está diretamente relacionada ao início ou à intensidade do La Niña. Portanto, quaisquer prejuízos que ocorram na safra 2024/2025 não podem ser atribuídos ao La Niña, que ainda está se formando", esclarece Bini.

No Matopiba, o fenômeno La Niña geralmente resulta em chuvas mais abundantes. Embora a última safra, influenciada pelo El Niño, tenha sido bastante produtiva, a ocorrência de um La Niña fraco pode promover um regime de chuvas mais estável, o que seria altamente benéfico para os produtores da região.

Por outro lado, o Norte do Brasil, que enfrenta uma longa estiagem, também poderá se beneficiar do retorno das chuvas, mesmo que o La Niña se manifeste com baixa intensidade.

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