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Governo vai financiar plantação de arroz em outros estados, diz Lula

Segundo o presidente, governo oferecerá garantia de preço para proteger os consumidores contra prejuízos

(Ricardo Stuckert / PR/ Flickr/Divulgação)
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 21 de junho de 2024 às 12h18.

Última atualização em 21 de junho de 2024 às 12h22.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta sexta-feira, 21, que o governo planeja financiar áreas de plantação de arroz em diversos estados para reduzir a dependência de apenas uma região do país. Durante sua visita ao Piauí, Lula concedeu entrevista à Rádio Meio Norte de Teresina e destacou que o governo oferecerá garantia de preço para proteger os consumidores contra prejuízos.

Desde o início das enchentes no Rio Grande do Sul, que é responsável por cerca de 70% da produção nacional de arroz, o governo tem defendido a importação do cereal para evitar que uma eventual alta de preços afete os consumidores. No entanto, na terça-feira passada, 11, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) cancelou o leilão de arroz devido a supostas irregularidades. Além do cancelamento, o secretário de política agrícola, Neri Geller, foi demitido do cargo por estar no centro da polêmica envolvendo o leilão.

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Em entrevista à EXAME, o presidente da Federarroz, federação que representa as Associações de Arrozeiros Regionais do RS, Alexandre Velho, afirmou que o estado possui características necessárias que o tornam o principal fornecedor de arroz do país. "O Rio Grande do Sul tem clima e tecnificação que nos fazem acreditar que continuaremos sendo o principal produtor de arroz do Brasil. Em virtude desse clima, inclusive, existe uma necessidade menor de uso de defensivos agrícolas", afirmou Velho.

Questionado sobre a necessidade de importar o cereal, Velho reafirmou que está buscando as melhores negociações com o setor produtivo e o governo para avaliar a real necessidade dessa medida. No entanto, ele garantiu que "não há risco de desabastecimento de arroz no Brasil".

Segundo a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Sul (Emater/RS), as inundações recentes nas áreas produtoras do estado ocasionaram uma perda de 9% na produtividade do arroz. A estimativa inicial era de 8.325 kg/hectare, mas, com a colheita finalizada, o índice oficializado se estabelece em 7.600 kg/hectare.

Estimativa divulgada na quinta-feira passada, 13, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que o Rio Grande do Sul será responsável por 69,3% da produção de arroz nacional em 2024. Segundo o relatório, a produção nacional do cereal em 2024 será de 10,5 milhões de toneladas, dos quais 7,3 milhões produzidos em solo gaúcho (aumento de 2,6% no estado em relação a 2023).

Leilão de arroz

Na quarta-feira, 19, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, foi sabatinado na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados para explicar sobre os estoques públicos de arroz e a necessidade de importar o cereal.

Durante as 4 horas de sessão, Fávaro defendeu novamente a medida, citando as chuvas e enchentes no Rio Grande do Sul como causa do aumento de preços, o que justificaria a importação.

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, disse que um novo edital para importação de arroz deverá ser lançado em breve. Essa será a terceira tentativa de o goveno federal em fazer um leilão para comprar o produto. O último foi cancelado, nessa terça-feira, sob suspeita de irregularidades

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