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Governo diz que só retomará reforma agrária após MST deixar áreas invadidas

Ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, critica ações de movimento sem-terra

Alexandre Padilha: A minha opinião é que essa jornada de luta já acabou, estamos pedindo as retiradas, para prosseguir o programa de reforma agrária" (Ueslei Marcelino/Reuters)

Alexandre Padilha: A minha opinião é que essa jornada de luta já acabou, estamos pedindo as retiradas, para prosseguir o programa de reforma agrária" (Ueslei Marcelino/Reuters)

Agência o Globo
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Publicado em 18 de abril de 2023 às 18h03.

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, disse nesta terça-feira ao Globo que a desocupação de terras invadidas nos últimos dias pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) é um condicionante para o governo prosseguir com o programa de reforma agrária.

Mais cedo, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, também fez questão de condenar as ofensivas recentes do movimento social.

Protestos na sedes do Incra

Na segunda-feira, o MST intensificou as ocupações e protestos em sedes do Incra em 12 estados. Desde o início do abril, o grupo se estabeleceu em pelo menos nove propriedades rurais, sendo oito terrenos em Pernambuco e um no Espírito Santo.

"A minha opinião é que essa jornada de luta já acabou, estamos pedindo as retiradas, para prosseguir o programa de reforma agrária. O condicionante nosso é esse", afirmou Teixeira ao Globo.

Uma das prioridades do ministério é conduzir a reforma agrária. De acordo com o Teixeira, as invasões não terão efeito de pressão na aceleração dos programas que vêm sendo elaborados pelo governo neste sentido.

"O governo já tem compromisso com a reforma agrária. Tem programas a apresentar. Não muda nada esse tipo de ação nessa direção, com os compromissos que estamos fazendo".

Invasão do Embrapa

Mais cedo, Alexandre Padilha já havia se manifestado sobre a invasão de terreno da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, em Pernambuco. Padilha afirmou que "há outras formas de lutar".

"Eu condeno veementemente qualquer ato que dafinifique áreas e processos produtivos. Não é a melhor forma de lutar para qualquer coisa. Temos outros instrumentos para as mais variadas lutas. É muito importante a agricultura familiar, viabilizar economicamente os assentamentos rurais que nós temos, melhorar a qualidade de vida nesses territórios, porque boa produção da agricultura familiar significa comida saudável na mesa do nosso povo", afirmou.

Abril Vermelho

As invasões do MST fazem parte do chamado Abril Vermelho, jornada anual de lutas do movimento em prol da reforma agrária. Em nota, a Embrapa se manifestou afirmando que o movimento ocupou "terras agricultáveis e de preservação da Caatinga", que tem sido utilizada para "instalação de experimentos diversos e multiplicação de material genético básico de cultivares lançadas pela Empresa".

Outra área da Suzano, no Espírito Santo, também foi ocupada. Em nota, a empresa afirma que foi "surpreendida" com a invasão, em "duas áreas produtivas da Suzano no dia de hoje, no estado do Espírito Santo, mesmo em um contexto de diálogo e construção de convergência entre as partes."

Cabe a Paulo Teixeira conduzir as negociações com o movimento. O ministro afirma que solicitou ao MST que retirasse o movimento dos terrenos da Embrapa e da Suzano.

"Na primeira vez que ocuparam a Suzano, pedi que desocupassem. Depois ocuparam Incra Alagoas, nós pedimos para desocupar e desocuparam. Aí ocuparam Incra Minas, nós pedimos e eles desocuparam. Agora estou pedindo (para desocuparem​) Embrapa e Suzano. Estou aguardando uma reposta deles. Eles estão dizendo que é uma jornada de luta, avalio que basta pedir uma audiência que serão recebidos".

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