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Em ano eleitoral, governo prepara pacote para destravar infra no agro

ANTT prevê ao menos 12 leilões de rodovias em 2026, incluindo o certame da Ferrogrão no segundo semestre

 (Eduardo Frazão/Exame)

(Eduardo Frazão/Exame)

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 3 de dezembro de 2025 às 06h05.

Última atualização em 3 de dezembro de 2025 às 07h53.

Em 2026, o governo federal deve intensificar os leilões de rodovias e ferrovias, com foco especial no agronegócio. Segundo Guilherme Sampaio, diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a previsão é de pelo menos 12 leilões de rodovias no próximo ano, com ênfase na melhoria das infraestruturas logísticas do setor.

"No próximo ano, vamos trabalhar para realizar pelo menos 12 leilões de rodovias e retomar o programa de concessões. Temos a garantia de pelo menos quatro projetos ferroviários bem encaminhados", afirmou Sampaio à EXAME nesta terça-feira, 2.

No primeiro semestre de 2026, a ANTT dará início a alguns leilões, como o da Rota das Gerais, que conecta Minas Gerais à BR-116, e a otimização da Regis Bittencourt, que liga São Paulo ao Paraná.

"Temos um calendário claro para o primeiro semestre, com leilões como o da Rota das Gerais e da Regis Bittencourt, e no segundo semestre, projetos como a Rota do Pequi e EcoSul vão entrar em andamento", disse Sampaio.

Outro destaque é o Corredor Agro Norte, que será analisado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) — o edital deve ser publicado no início de 2026.

"O Corredor Agro Norte é importante para o escoamento de produtos agrícolas e está em fase avançada. Esperamos que o leilão seja realizado em breve", afirmou o diretor da ANTT.

Além das rodovias, a ANTT também se prepara para o avanço de projetos ferroviários, considerados essenciais para o agronegócio e a indústria.

O leilão da EF 118, que liga o Porto de Vitória ao Porto do Rio do Sul, é um dos mais importantes para o Corredor Sudeste e ocorrerá no primeiro semestre de 2026 "A EF 118 vai melhorar a logística no Corredor Sudeste e é uma prioridade para a ANTT", disse Sampaio.

Outro projeto é a renovação antecipada da concessão da Ferrovia Centro-Atlântica, que conecta o sul de Minas ao Rio de Janeiro. "Este projeto é fundamental para o transporte de produtos agrícolas e industriais e já está em fase avançada", afirmou o diretor.

Sampaio enfatizou que, apesar de 2026 ser um ano eleitoral, com eleições para presidente e governadores, os projetos de infraestrutura continuarão conforme o planejado, independentemente do cenário político.

"Esses são projetos de estado, e o investidor tem segurança e previsibilidade. O retorno sobre o investimento está garantido, assim como a execução das obras para melhorar a infraestrutura e atender às necessidades do usuário", afirmou o diretor-geral da ANTT.

Ferrogrão no 2º semestre

O leilão da Ferrogrão, ferrovia para o escoamento de grãos de Mato Grosso ao Pará, enfrentou desafios jurídicos, mas todas as pendências foram solucionadas, segundo o diretor-geral da ANTT.

O projeto foi questionado pelo PSOL no Supremo Tribunal Federal (STF), pois cortaria o Parque Nacional do Jamanxim, uma área de reserva federal. No entanto, o governo redesenhou o traçado da ferrovia, resolvendo as questões judiciais relacionadas.

Até o momento, já há dois votos favoráveis ao projeto, incluindo o do relator, Alexandre de Moraes, afirmou Sampaio.

Em outubro, a discussão foi paralisada por pedido de vistas do ministro Flávio Dino. No governo, a expectativa é que o placar final dê sinal verde ao leilão.

"Vamos enviar a atualização dos estudos da Ferrogrão ao Tribunal de Contas da União (TCU) ainda este ano. A expectativa é que, com as questões legais resolvidas, o leilão aconteça no segundo semestre de 2026", afirmou Sampaio.

Com 933 km de extensão, a Ferrogrão terá capacidade para transportar até 52 milhões de toneladas de commodities agrícolas por ano, conectando os municípios de Sinop, no Mato Grosso, e Itaituba, no Pará.

O projeto, que prevê um investimento de R$ 25 bilhões, tem um contrato que estabelece nove anos para a obtenção de licenças e a execução das obras, além de 60 anos de operação.

O Ministério dos Transportes aponta que a ferrovia pode gerar uma economia anual de R$ 7,9 bilhões em função dos ganhos logísticos, além de reduzir a dependência da rodovia BR-163 para o escoamento de grãos.

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