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Brasil tem condições de se manter no topo na exportação de algodão em 24/25, diz presidente da Abapa

Estimativas do setor produtivo indicam que o país deve colher 3,7 milhões de toneladas na safra 2023/24

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 21 de julho de 2024 às 06h30.

Última atualização em 21 de julho de 2024 às 07h35.

LUÍS EDUARDO MAGALHÃES (BA)* Depois de ultrapassar os Estados Unidos na exportação de algodão na safra 2023/24, o Brasil tem condições de se manter na liderança nos embarques da pluma na temporada 2024/25, afirma o presidente da Associação Baiana de Algodão (Abapa), Luís Carlos Bergamaschi.

Em comemoração ao Dia do Algodão, celebrado pela entidade neste sábado, 20, o presidente disse que a produtividade do algodão brasileiro supera a dos EUA, o que deve impulsionar as exportações nacionais nas próximas temporadas.

"Nos últimos anos, a agricultura brasileira, incluindo o setor de algodão, tem mostrado um desempenho exemplar, destacando-se pela alta produtividade que rivaliza com os Estados Unidos, figurando entre as melhores do mundo. Isso é resultado do trabalho contínuo realizado no Brasil", afirma Bergamaschi.

De acordo com informações da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), na safra atual, o Brasil prevê colher aproximadamente 3,7 milhões de toneladas de algodão beneficiado (pluma), com exportações estimadas em cerca de 2,6 milhões de toneladas.

No relatório mensal de oferta e demanda (Wasde) de julho, divulgado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção mundial para a temporada 2024/25 foi projetada em 26,17 milhões de toneladas, um aumento de 5,71% em relação à safra anterior – o crescimento deve ser impulsionado pela previsão de expansão da área colhida, estimada em 32,41 milhões de hectares, mostra o documento.

Além disso, o órgão norte-americano estima que os EUA volte a liderar os embarques da fibra em 2024/25, com 13 milhões de fardos.

Algodão 2024/25

Segundo o USDA, os maiores produtores de algodão para a temporada 2024/25 serão a China e a Índia, com previsões de produção de 5,99 milhões de toneladas e 5,44 milhões de toneladas, respectivamente.

Além disso, o consumo global de algodão está projetado para crescer 3,44% em relação ao ciclo anterior, e deve alcançar 25,52 milhões de toneladas – entre os principais consumidores, destacam-se a China, Índia e Paquistão, com aumentos estimados de 1,30%, 2,00% e 3,26%, nesta ordem.

Marcelo Duarte, diretor de Relações Internacionais da Abrapa, afirma que o aumento na produção de algodão no Brasil traz desafios para a indústria têxtil nacional. Nos últimos anos, o consumo de algodão tem sido estável, variando entre 700 mil e 750 mil toneladas de pluma, segundo dados da entidade.

Na avaliação de Bergamaschi, a concorrência com a fibra sintética tem estagnado a demanda pelo algodão, já que o mercado prefere a uniformidade e o preço acessível desse tipo de produto, o que leva os consumidores a optarem pelos simtéticos por causa do custo mais baixo.

Por outro lado, o Brasil tem se movimentado para incentivar o aumento do consumo tanto em nível nacional quanto internacional. "Devemos concentrar esforços para aumentar o uso desta fibra natural [...] a liderança na produção e exportação de algodão pode alternar entre Brasil e Estados Unidos no futuro próximo, mas o Brasil possui um potencial significativo com vastas áreas, condições ambientais favoráveis e alta produtividade", diz o presidente da Abapa.

Dia do Algodão

A Abapa realiza anualmente o "Dia do Algodão". O evento começou em 2019 e, segundo a entidade, reflete o compromisso da instituição em oferecer aos cotonicultores tecnologias avançadas, novas cultivares e técnicas para aumentar a produtividade e rentabilidade, além de apresentar o que o oeste baiano tem desenvolvido – a região concentra 97,8% da produção total do estado.

A edição de 2024 aconteceu em Luís Eduardo Magalhães, nos campos de algodão da Fazenda Orquídeas, que pertence ao grupo Schmidt Agrícola, um dos maiores do agronegócio brasileiro. "É muito importante, não só pra Schmidt Agrícola, como para Abapa e a cotonicultura, que todos venham ver como plantamos algodão e o que a gente faz”, afirmou Paulo Schmidt, um dos proprietários do espaço. O evento bateu recorde, com 1,300 participantes.

"A Abrapa realiza campanhas como o movimento Sou de Algodão, o Cotton Brazil e temos o Dia do Algodão para promover o algodão brasileiro. Essas ações englobam toda a sociedade, incluindo a imprensa, com o objetivo de destacar as eficiências e a sustentabilidade dessa cultura. Acredito que essas iniciativas, junto à conscientização do consumidor, têm o potencial de impulsionar o consumo dessa fibra natural", diz Bergamaschi.

*O repórter viajou a convite da Abapa

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