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João Ramos, produtor no Amazonas: a adoção de sistemas agroflorestais gerou ganhos no plantio de café (Divulgação Idesam/Exame)
Deputado federal
Publicado em 14 de junho de 2023 às 18h00.
Última atualização em 14 de junho de 2023 às 18h11.
Em uma audiência pública realizada na Comissão de Legislação Participativa, postergamos a obrigatoriedade da emissão da Nota Fiscal Eletrônica por parte dos pequenos produtores rurais em todo o país. Isso é uma conquista importante para uma fatia gigantesca que participa do mercado agropecuário brasileiro.
De acordo com o Censo Agropecuário de 2017, existem cerca de 5 milhões de propriedades rurais no país, destas 84,4% são de pequeno porte ou de Agricultura Familiar. Esses agricultores se destacam principalmente pela produção de feijão, arroz, trigo, milho, mandioca, pecuária leiteira, criação de suínos e aves; além de dominar segmentos como a produção de hortifruti (frutas, legumes e verduras).
Todos eles estavam preocupados com uma questão: como emitir nota fiscal eletrônica em regiões que nem ao menos chega um mínimo acesso à internet, quem dirá softwares e aplicativos para emissão de um documento tão importante? Por isso, para que uma iniciativa dessa magnitude fosse implementada, antes de tudo é necessário preparo. Agora, esses produtores terão até 1° de maio de 2024 para se organizar e cobrar políticas que os ajudem nesse processo.
Eles são importantes em um dos setores que mais crescem em nosso país. De acordo com a Embrapa, a agronomia contribui para o crescimento do PIB nacional e responde por 21% da soma de todas as riquezas produzidas, um quinto de todos os empregos e 43,2% das exportações brasileiras, chegando a US$ 96,7 bilhões em 2019. Esses resultados só foram possíveis com os avanços da tecnologia no campo, que trouxe uma série de benefícios para os produtores rurais.
Entretanto, a inserção de inovação e novas soluções nesse setor aconteceu, inicialmente, entre as grandes propriedades, enquanto as pequenas ainda estão caminhando – com dificuldade – nesse processo de ter ferramentas que possam auxiliar em suas produções. Muitas vezes não falta apenas maquinário de ponta, mas o acesso à internet e recursos para investir em conexão via satélite.
Para ter uma ideia, dos 28% dos produtores que estão conectados à internet, que já é um percentual muito baixo, apenas 12% recebem assistência técnica. Enquanto isso, 82% não têm acesso nenhum. Portanto, esta é uma barreira muito grande para ultrapassar. Obrigá-los a fazer algo que não tem suporte acaba se transformando em uma maneira de tirá-los do mercado, o que não deve ser uma opção.
Por essa razão, consideramos urgente avaliarmos os impactos da medida e buscarmos alternativas aos produtores que ainda não usam a NFP-e, antes que sejam impedidos de exercer suas atividades econômicas por não conseguirem emitir os documentos fiscais.
É preciso colocar as plataformas mais modernas e estar em sinergia com a chegada do 5G no Brasil para internet em pequenos povoados e comunidades rurais, distritos e vilas. A previsão para que essa conexão chegue aos grotões do Brasil é 2026. Ou seja, a obrigatoriedade da Nota Fiscal Eletrônica precisa estar alinhada a essa realidade.
Outro encaminhamento importante foi a de formação de uma rede liderada pela Agência Nacional da Assistência Técnica e Assistência Rural (Anater), um órgão do governo federal que coordena uma rede de assistência técnica, que junto com a Associação Brasileira das Entidades de Assistência Técnica e Extensão Rural, Pesquisa Agropecuária e Regularização Fundiária (Asbraer) estão presentes com técnicos em mais de 5,3 mil municípios e poderão auxiliar na emissão de notas fiscais, além da Confederação Nacional da Agricultura e a Confederação Nacional dos trabalhadores na Agricultura (Contag), com seus sindicatos.
Essa rede de assistência técnica estará ali para dar orientação ao produtor rural, principalmente para os que já estão conectados e precisam de informações para lidar com o software de emissão de nota fiscal e não os impedir de comercializar seus produtos por falta desse importante documento.
Temos 12 meses para rever tudo isso e continuar a impulsionar o mercado agro no Brasil. Não podemos trazer medidas que freie um dos setores mais importantes de nossa economia e que tire os pequenos produtores desse mercado.