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Agricultores dos EUA pedem que Trump poupe trabalhadores rurais da deportação

Setor agrícola teme impacto na cadeia de alimentos caso trabalhadores imigrantes ilegais sejam deportados em massa

O setor agrícola dos EUA alerta que deportações em massa podem elevar preços e impactar gravemente a cadeia de alimentos. (	Lynne Gilbert/Getty Images)

O setor agrícola dos EUA alerta que deportações em massa podem elevar preços e impactar gravemente a cadeia de alimentos. ( Lynne Gilbert/Getty Images)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 25 de novembro de 2024 às 11h21.

Grupos da indústria agrícola dos Estados Unidos estão pedindo ao presidente eleito Donald Trump que exclua o setor de sua promessa de deportações em massa de imigrantes ilegais, medida que pode causar rupturas na cadeia de fornecimento de alimentos, que depende fortemente desses trabalhadores. A reportagem é da Reuters.

Segundo o Departamento de Trabalho e o Departamento de Agricultura dos EUA, cerca de metade dos aproximadamente 2 milhões de trabalhadores agrícolas no país não estão em situação legal, assim como muitos empregados em laticínios e frigoríficos.

Trump, durante sua campanha, prometeu deportar milhões de imigrantes ilegais para cumprir uma de suas principais promessas de campanha. Contudo, críticos alertam que isso poderia desestabilizar negócios e dividir famílias. Segundo Tom Homan, indicado para coordenar políticas de imigração, a aplicação da lei se concentrará em criminosos e pessoas com ordens finais de deportação, mas não há garantias de isenções para os trabalhadores agrícolas.

Impactos no setor agrícola

Especialistas alertam que a remoção em massa desses trabalhadores traria impactos severos. David Ortega, professor de economia alimentar e política da Universidade Estadual de Michigan, destaca que os imigrantes desempenham funções críticas que trabalhadores nativos muitas vezes não estão dispostos a realizar. Essa possível escassez de mão de obra pode aumentar os preços dos alimentos.

Apesar das preocupações, a equipe de transição de Trump não indicou medidas concretas para atender às demandas do setor. A agricultura e indústrias relacionadas contribuíram com US$ 1,5 trilhão (R$ 8,7 trilhões) ao PIB dos EUA em 2023, evidenciando sua importância econômica.

Alternativas legais insuficientes

Os agricultores têm a opção de contratar trabalhadores sazonais por meio do programa de visto H-2A. No entanto, apenas 20% da força de trabalho agrícola do país é composta por esses trabalhadores, devido a custos elevados e à impossibilidade de atender a demandas de trabalho anuais.

Líderes do setor defendem a ampliação de vias legais para trabalhadores agrícolas e destacam a necessidade de segurança jurídica para manter a produtividade e o abastecimento de alimentos. Para muitos, a incerteza jurídica e os possíveis impactos econômicos tornam urgente a adoção de políticas mais flexíveis.

Tensão entre trabalhadores

Enquanto o setor busca apoio, o medo de deportações gera estresse entre os trabalhadores. Organizações têm treinado imigrantes sobre seus direitos em caso de abordagem pelas autoridades. Para Edgar Franks, líder sindical, o momento também tem gerado união entre os trabalhadores para enfrentar os desafios em conjunto.

Sem reformas significativas, os agricultores temem tanto os impactos econômicos quanto a falta de segurança e estabilidade para manter suas operações, destacando a necessidade de equilíbrio entre a aplicação das leis de imigração e a sustentabilidade do setor agrícola.

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