YouTube, Instagram e Snapchat tentam destronar TikTok em meio a proibições
Com o trono do app ameaçado por proibições na Índia e advertências dos Estados Unidos, outros tentam ressurgir ou se fortalecer
Tamires Vitorio
Publicado em 24 de julho de 2020 às 14h21.
Última atualização em 24 de julho de 2020 às 18h15.
Vídeos curtos, desafios e memes que ultrapassam todas as outras redes sociais na internet. É esse, basicamente, o foco do TikTok , aplicativo chinês que foi o terceiro mais baixado no mundo todo em 2019. Mas em 2020 o sucesso do app sofreu graves derrocadas, com o bloqueio imposto pela Índia e ameaças dos Estados Unidos. Segundo os dois países, o governo chinês usa o TikTok para coletar dados dos usuários.
A empresa afirma que a prática de repasse de dados para a China não ocorre. Mas a legislação chinesa, segundo Fabro Steibel, diretor executivo do Instituto de Tecnologia Social (ITS), prevê uma participação societária do governo “ou acesso aos sistemas de quase todos os negócios.”
Com o trono do app ameaçado, outros tentam ressurgir ou se fortalecer — e a guerra comercial entre a China e os Estados Unidos acabou chegando nos queridinhos da geração Z.
É o caso do Snapchat , que tem uma base de 229 milhões de usuários no mundo. O aplicativo de vídeos e fotos que somem em 24 horas vem tentando se recuperar da queda brusca que sofreu desde que o rival Instagram (que pertence ao Facebook)implementou uma ferramenta muito parecida, os stories, que rapidamente fez sucesso entre os usuários.
Para aproveitar a onda de má sorte do app chinês, a Snap confirmou que está testando uma nova função que vai permitir que os usuários movimentem os conteúdos verticalmente dentro do app, bem como no TikTok. Segundo o site Xda-Developers, voltado para desenvolvedores,a ideia do Snapchat é “explorar formatos diferentes, imersivos e visuais.” A versão está, ainda, em fase de testes.
O Instagram também está tentando aproveitar a queda do inimigo chinês.
Neste ano, o aplicativo lançou o "Reels", espécie de vídeo muito semelhante ao formato do TikTok, com vídeos curtos e transições de imagens. Ao clicar na aba "explorar" da rede social de Zuckerberg, o usuário é bombardeado com uma sugestão de "Reels" para clicar, que ocupa boa parte do espaço dessa parte do feed. Até mesmo a forma de rolagem dos vídeos é a mesma do TikTok, realizada na vertical, e existem diversas ferramentas para a edição do conteúdo.
A opção ainda não está disponível nos Estados Unidos, mas deve chegar por lá em agosto. Na Índia, o Instagram viu o lançamento da ferramenta como uma forma de ganhar ainda mais espaço no mercado com o TikTok banido.
Mas a imagem do Facebook não está nada boa nos Estados Unidos, o que pode refletir também em outros países. Por lá, a empresa tem sofrido boicote de gigantes como a Adidas, o Starbucks, a Ford, a Disney a Coca-Cola e a Unilever, entre outros, que pararam de anunciar nos apps da companhia visandopressionar mudanças sobre os posicionamentos e políticas voltados para o discurso de ódio na rede social.
Até o YouTube entrou na dança e lançou a ferramenta "YouTube Shorts" para alguns usuários, que permite que eles criem vídeos curtos com músicas ou áudios no fundo, bem como o TikTok. A rolagem dos vídeos é como a dos Stories do Instagram, na horizontal.
Para Steibel, do ITS, é natural que o líder de um uso de tecnologia seja copiado pelos demais. "Não é quem chega primeiro, mas quem consegue ser maior primeiro", sintetiza.
Não se sabe se a proibição do TikTok ocorrerá nos Estados Unidos, país onde o app tem cerca de 70 milhões de usuários. Mas é claro que as ameaças abriram uma brecha e a chinesa ByteDance, que se tornou um unicórnio (startups avaliadas em 1 bilhão de dólares em valor de mercado) exatamente por ser dona do aplicativo de vídeos, está com medo de perder seu posto.