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“Sou só um bode expiatório”, diz Dotcom, do Megaupload

Numa extensa entrevista à TV neozelandesa, Kim Dotcom, o fundador do Megaupload, diz que virou bode expiatório para os estúdios americanos

Dotcom foi detido em 20 de janeiro em sua mansão nos arredores de Auckland, junto a outros três diretores do Megaupload (Sandra Mu/Getty Images)

Dotcom foi detido em 20 de janeiro em sua mansão nos arredores de Auckland, junto a outros três diretores do Megaupload (Sandra Mu/Getty Images)

Maurício Grego

Maurício Grego

Publicado em 19 de janeiro de 2013 às 15h11.

São Paulo — “Eles vieram atrás de mim porque sou um alvo fácil.” Assim Kim Dotcom, fundador do Megaupload, define sua situação. Ao sair da cadeia, depois de cerca de um mês preso sob acusação de promover a pirataria e lucrar com ela, Dotcom deu uma longa entrevista ao canal de TV neozelandês 3 News. Nela, ele se descreve como um bode expiatório e diz que o Megaupload sempre andou dentro da lei.

Dotcom nasceu na Alemanha e tem cidadania finlandesa, além de alemã. Nascido Kim Schmitz, o programador adotou seu codinome de hacker como sobrenome oficial. Morou em Hong Kong e acabou se radicando na Nova Zelândia, onde foi preso em janeiro. Uma década antes, ele já havia sido condenado por fraude financeira na Alemanha. 

O Megaupload, fundado por Dotcom em 2005, chegou a ser o 13º site com maior tráfego na internet. O serviço de compartilhamento de arquivos o tornou rico e atraiu a fúria da indústria da música e dos estúdios de cinema. Com acontece em outros sites desse tipo, arquivos perfeitamente legais conviviam, no Megaupload, com cópias ilegais de filmes, músicas e software.

O documento do FBI que serviu de base para sua prisão contém 72 páginas. O texto afirma que o Megaupload causou prejuízo de 500 milhões de dólares à indústria da música em apenas duas semanas. Isso equivale a 13 bilhões de dólares em um ano. “Isso não faz sentido. A indústria da música inteira fatura 20 bilhões de dólares por ano”, defende-se Dotcom na entrevista ao 3 News.


Dotcom lança mão do conhecido argumento de que o Megaupload fornecia apenas infraestrutura. “Não somos responsáveis pelo que os usuários fazem. É a mesma situação do YouTube e de outros serviços”, diz. “Não podíamos examinar o conteúdo dos arquivos dos usuários. O volume de dados transmitido era grande demais e as leis de proteção à privacidade proíbem isso”, acrescenta ele.

Ele diz que o Megaupload tinha mecanismos para que arquivos que infringissem direitos autorais fossem removidos. “180 parceiros nossos, incluindo todos os principais estúdios de Hollywood, tinham acesso direto aos servidores. Eles podiam remover links ilegais sem nos consultar”, afirma ele.

O empreendedor diz que achar estranho que os estúdios, que nunca processaram o Megaupload antes, tenham articulado sua prisão e o fechamento do site. “Tivemos um único processo em nossa história, e ele não foi movido pelos estúdios. Por que, de repente, resolveram me perseguir?” Ele responde: “Não tenho o poder do Google e meu passado como hacker torna fácil me acusar. Mas não cometi nenhum crime”. 

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