Rússia indicia 30 ativistas do Greenpeace por pirataria
justiça russa indiciou nesta quinta-feira (3) por 'pirataria' os 30 ativistas do Greenpeace que participaram de uma ação no Ártico
Da Redação
Publicado em 3 de outubro de 2013 às 12h53.
A justiça russa indiciou nesta quinta-feira (3) por "pirataria" os 30 ativistas do Greenpeace que participaram de uma ação no Ártico, informou o Comitê de Investigação.
"Os trinta suspeitos da investigação sobre o ataque à plataforma Prirazlomnaïa foram indiciados", declarou o comitê em um comunicado.
"Os acusados não reconhecem sua culpa e se negam a testemunhar com base nestas acusações", acrescentou.
Os membros da tripulação, quatro russos e 26 estrangeiros de 17 países, incluindo a bióloga brasileira Ana Paula Maciel, estão detidos em Murmansk e proximidades, noroeste da Rússia, desde 19 de setembro, quando um comando da guarda costeira russa abordou o barco 'Arctic Sunrise', que navegava pelo mar de Barents (Ártico russo).
Na Rússia, o crime de pirataria pode ser punido com uma pena de entre 10 e 15 anos de prisão.
Kumi Naidoo, diretor executivo do Greenpeace International, denunciou uma decisão "irracional, que pretende intimidar e silenciar" a organização.
A detenção de Denis Siniakov, um fotografo free-lance que trabalhava no momento da operação do Greenpeace, provocou comoção na Rússia.
A imprensa russa expressou solidariedade com o repórter fotográfico que já trabalhou para a AFP e a Reuters.
Segundo a ONG, cerca de 800.000 pessoas, mais de 100 ONGs e personalidades como o ator britânico Ewan MacGregor e o cantor russo Iuri Chevtchuk assinaram um pedido para a libertação dos ativistas.
Os advogados dos 30 militantes apresentaram um recurso contra a detenção, indicou um porta-voz do tribunal Leninski de Murmansk.
Vários ativistas tentaram escalar uma plataforma petroleira da empresa russa Gazprom para denunciar o risco ecológico da atividade.
O Comitê de Investigação russo, responsável pelas investigações criminais, iniciou processos por pirataria.
Os militantes negaram as acusações e atribuíram à Rússia uma ação ilegal no barco em águas internacionais.
O presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu na semana passada que os militantes não são piratas, mas violaram "as normas da lei internacional".
Após as declarações, o comitê de investigação informou que as acusações poderiam ser reduzidas durante a investigação.
Contudo, um porta-voz do Kremlin advertiu na quarta-feira à noite que Putin expressou "sua opinião pessoal", mas que ele "não é nem investigador, nem procurador, nem juiz, nem advogado".
O governo brasileiro anunciou na terça-feira que instruiu o embaixador do país em Moscou, Fernando Mello Barreto, a assinar uma carta de garantia que "deverá contribuir para o encaminhamento positivo do caso".
O ministério das Relações Exteriores informou à AFP que a carta de garantia assegura que Ana Paula Maciel comparecerá a todas as audiências da investigação.
De acordo com Alexander Morozov, chefe de redação do site Rousski Journal, "a severidade das acusações está relacionada com o fato do Kremlin estar convencido que, por trás das ações do Greenpeace, se desenvolve um 'complô mundial'".
"As autoridades russas acreditam que não se trata de associações civis, e sim de artimanhas da CIA, que é um 'comando'", declarou à AFP.