Procon de MG proíbe venda de Moto X por "fragilidade da tela"
Segunda geração do produto foi vetada no território mineiro por problemas de qualidade
Lucas Agrela
Publicado em 12 de janeiro de 2017 às 14h24.
Última atualização em 12 de janeiro de 2017 às 14h58.
São Paulo – O Procon-MG proibiu nesta semana a venda do smartphone Moto X (2ª geração) no território mineiro. A facilidade do estilhaçamento da tela e a falta de atendimento adequado ao problema são os principais motivos que culminaram na suspensão e multa para a Motorola Mobility.
“O aparelho não atende às finalidades a que se destina, pela fragilidade do vidro de sua tela, se comparado aos demais celulares vendidos no mercado ou, ainda, por não ser tão resistente às quedas e impactos, como prometido nos anúncios publicitários”, segundo Amauri Artimos da Matta, promotor de Justiça de Defesa do consumidor de Belo Horizonte.
A decisão do Procon-MG foi tomada após duas tentativas de acordo com a fabricante para que ela oferecesse reparo ou devolução do valor pago pelo conserto do produto aos consumidores lesados. O órgão diz que a Motorola Mobility sabe do problema, mas não divulga o fato aos consumidores, "violando o princípio da boa-fé objetiva".
O órgão intimou a Motorola Mobility a pagar multa de R$ 809.702,00 ao Fundo Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor e determinou o prazo de 10 dias úteis para que a empresa avise toda sua rede de distribuição sobre a proibição de vendas do smartphone.
Em novembro de 2015, o Procon instaurou um processo administrativo contra a Motorola Mobility e pediu a proibição de vendas do Moto X em Minas Gerais, como medida cautelar. A companhia recorreu da decisão e obteve liminar para continuar a comercializar o aparelho. Os consumidores alegam que procuraram assistências técnicas autorizadas para solicitar o reparo do smartphone ainda dentro do prazo da garantia, mas o serviço foi negado devido à perda da garantia pelo mau uso do produto.
No site Reclame Aqui, não faltam reclamações do Moto X de 2ª geração sobre problemas com telas trincadas ou quebradas.
Gorilla Glass 3
A proteção da tela do Moto X é do Goriila Glass 3, da Corning. Em uma demonstração durante a feira de tecnologia CES de 2013, um executivo da Corning realizou um teste de impacto no Gorilla Glass 3 com uma bola de metal para indicar a resistência do seu vidro reforçado.
Segundo a fabricante, o Gorilla Glass 3 suporta até 62 kgs de pressão.Em um teste feito pelo canal no YouTube TechBreak, o vidro Gorilla Glass 3 se mostrou muito mais frágil do que seu sucessor, o Gorilla Glass 4, devido à falta de flexibilidade. O comparativo acontece a partir dos 5 minutos do vídeo.
O outro lado
Procurada por EXAME.com, a Motorola Mobility informou que a medida do Procon-MG vai contra uma determinação do final do ano passado.
"A Motorola Mobility informa que a 2ª Vara da Fazenda Pública de Belo Horizonte concedeu medida liminar no último dia 14 de dezembro de 2016 em mandato de segurança que suspende a decisão administrativa do Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG). A Justiça entendeu que não há fundamento na medida proferida pelo MPMG, não existindo risco à saúde ou à segurança do consumidor. A empresa ressalta ainda que nunca realizou comunicação que mencionasse que a tela deste produto é mais resistente a riscos, queda ou quebra", informou a marca, por e-mail.
O Procon-MG não respondeu os contatos da redação por telefone e e-mail até a conclusão desta reportagem.