Políticos argentinos descobrem alcance da internet
Assim como no Brasil, propaganda eleitoral argentina também invadiu as redes sociais
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h42.
Buenos Aires - Desde 2007, quando Cristina Kirchner foi eleita presidente da Argentina, a internet vem se transformando em ferramenta importante para a ampliação da propaganda política no país. Juntamente com os filmetes na televisão e as inserções na programação das emissoras de rádio - obrigatórios no período eleitoral, como no Brasil -, as mídias sociais como Twitter e Facebook ganharam importância na propagação das ideias e propostas dos candidatos a cargos eletivos.
A própria presidente argentina, por exemplo, tem conta no Twitter, assim como o ministro das Relações Exteriores, Héctor Timernan. A presidente conversa com seus leitores sobre temas triviais como um almoço que teve com a irmã, mas também coloca em relevância assuntos de Estado, como a recente reunião com o presidente do Chile, Sebástian Piñera.
De acordo com o juiz Nicolas Deane, secretário da Comissão Nacional Eleitoral da Argentina - órgão equivalente ao Tribunal Superior Eleitoral brasileiro -, uma novidade nessa área é que, desde a eleição de Cristina Kirchner, a Justiça argentina vem acompanhando com mais precisão o uso da internet nas campanhas eleitorais e também o que os políticos andam fazendo com o financiamento público e privado de suas campanhas.
Segundo o secretário, que falou com exclusividade para a Agência Brasil, uma das novidades da reforma eleitoral argentina feita no ano passado é que as campanhas passaram a receber financiamento com dinheiro público. Até então, o Estado concedia o espaço nas emissoras de televisão e de rádio para a veiculação da propaganda política, por exemplo, mas todo o financiamento era feito com dinheiro privado.
Com a entrada de dinheiro público até limites previstos em lei, a internet assumiu importância na divulgação e no controle das despesas realizadas pelos partidos políticos argentinos. Hoje, a própria Câmara dos Deputados do país faz auditorias sobre o uso do dinheiro público-privado nas campanhas e utiliza a internet como um dos suportes para a divulgação dos resultados de seus levantamentos, permitindo que os eleitores acompanhem a aplicação do dinheiro.
Além do uso intensivo da internet por candidatos a cargos eletivos e eleitores, o juiz Nicolas Deane aponta outro detalhe que mostra semelhança entre o sistema político-partidário do Brasil e da Argentina. No país vizinho, os sindicatos de trabalhadores marcaram presença na política, o que é uma decorrência natural da constante presença de representantes sindicais em algumas agremiações partidárias.
Essa associação entre sindicatos e partidos políticos, no entanto, não é suficiente para que os sindicalistas argentinos tenham representatividade eleitoral. O juiz Nicolas Deane lembra que um sindicato não constitui um partido político porque é necessário obedecer à regra básica da lei: para ser considerado um partido representativo de uma parcela da população argentina é preciso que qualquer agremiação do país - seja de sindicalistas, ou não - tenha 4 mil filiados em pelo menos cinco distritos eleitorais argentinos.
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