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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.
Viena - As principais empresas farmacêuticas do mundo iniciaram negociações para criar um grupo comum de patentes para baratear a luta contra a aids, informou hoje o fundo internacional para a compra de medicamentos para a aids (Unitaid).
A iniciativa é considerada uma passagem decisiva para melhorar o acesso dos países pobres aos remédios que combatem a pandemia, graças a novas formas para fabricar genéricos.
"Quando as companhias chegarem a um acordo, então os fabricantes de genéricos podem fazer uso dessas propriedades intelectuais", explicou à Agência Efe em Viena Ellen't Hoen especialista em propriedade intelectual de Unitaid.
Isto representará uma economia de bilhões de dólares, explicou durante a Conferência Internacional aids 2010 de Viena, ao precisar que quase todas as empresas importantes na luta contra a aids participem dessa iniciativa.
"Quanto maior a concorrência entre os laboratórios de genéricos, mais cairão os preços", acrescentou ao apontar a importância que desçam os preços dos fármacos em um momento de crise econômica e de corte de fundos.
O especialista explicou que outro assunto crucial é que ao colocar os direitos intelectuais em comum se facilitará a combinação de fármacos de diferentes produtores em um só remédio, o que barateará e tornará mais acessíveis os tratamentos.
"Estamos no início de um processo que esperamos que não seja muito longo porque a urgência é chave", acrescentou Hoen, quem ressaltou a necessidade de dar "uma resposta rápida" para salvar vidas.
"Algumas companhias já dão formas gratuitas (para fabricar genéricos), agora queremos que essa política seja a norma", recalcou.
A única companhia que recebeu friamente as negociações foi a farmacêutica britânico Glaxo, considerada chave na luta contra a aids, reconheceu o especialista da Unitaid.
Esta companhia argumenta que desenvolverá seu próprio projeto para facilitar direitos aos genéricos, como explicação para afastar-se desta iniciativa.
No mundo vivem mais de 33 milhões de pessoas com o vírus de imunodeficiência humana (HIV) e destas só cinco milhões recebem tratamento com antirretrovirais, um terço dos doentes que os requerem, já que desenvolveram a doença da aids.
Os antirretrovirais constituem um tratamento caro, que custam milhares de dólares por ano, por isso que não é acessível em grande escala nos países mais pobres, onde se concentram a imensa maioria dos doentes de aids.
Unitaid foi criado em setembro de 2006 pelo Brasil, Chile, França, Noruega e o Reino Unido como um mecanismo de financiamento para a compra e distribuição nos países menos desenvolvidos de remédios contra a malária, a tuberculose e a aids.
Durante seus quatro anos de funcionamento, se uniram à iniciativa diversas ONGs e mais 40 países.