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Robôs se enfrentam durante Olimpíada Brasileira de Robótica em SP

Nos dias 26 e 27, o evento reúne alunos de escolas públicas e privadas em competição envolvendo robôs e programação

Robô na OBR (INFO)

Robô na OBR (INFO)

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Da Redação

Publicado em 5 de agosto de 2015 às 12h32.

O ginásio do Centro Universitário da FEI, em São Bernardo do Campo (Grande SP), ganhou hoje (26) uma decoração diferente: bandeiras com engrenagens, minicircuitos irregulares e dezenas de pequenos robôs. É nessa faculdade que acontecem duas das sete etapas regionais da Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR), evento anual que reúne estudantes de escolas de todo o país em disputas envolvendo robôs, estratégia e programação. São esperados 800 alunos de 28 cidades paulistas nos dois dias de competição, que segue até sábado (27).

Em cada etapa, o desafio dos robôs é o mesmo: seguir um circuito linear repleto de obstáculos – sejam lombadas, objetos a ser transpassados ou mesmo intervalos dessa linha, para confundir os leitores ópticos dos robôs – até alcançar uma sala onde estão bolinhas de isopor, que devem ser depositadas em uma área restrita. No meio do caminho, uma rampa de acesso. Todas as missões, variáveis em seis tipos de circuitos diferentes, simulam uma situação de resgate de vítimas na vida real, em meio a um ambiente hostil. Este ano, alguns obstáculos mudaram, assim como a “vítima” da história – ano passado eram latinhas, ao invés de bolinhas.

Na opinião de Flávio Tonidandel, coordenador do curso de Ciência da Computação da FEI e representante estadual da OBR, essas mudanças contribuíram para despertar a criatividade dos alunos. “Até ano passado, a maioria dos robôs tinham garras, justamente para captar as latinhas. Como este ano mudamos regras, apareceram uma ideias geniais, como uma ventoinha para sugar as bolinhas”, disse ele a INFO.

Tonidandel, que também compareceu à etapa regional em São Carlos, afirma que outra característica desta edição foi o equilíbrio entre o perfil dos alunos. “Pelos meus cálculos, contando as modalidades prática e teórica, tivemos 55% de inscrições de meninos e 45% de meninas. Também não tivemos grande disparidade quanto às escolas, com participação de escolas particulares e públicas”, disse Tonidandel. “É uma área que está se tornando bem democrática e atraindo muita gente”. A etapa teórica a que ele se refere é independente das competições e pode ser feita por qualquer aluno, na sala de aula da escola interessada. Este ano a prova acontecerá em 21 de agosto, em todo o território nacional, e dá direito a medalhas e certificados.

Arthur Bucker, 16 anos, aluno do Colégio Santa Cruz, em São Paulo, faz parte de uma das 60 equipes que participam hoje (amanha serão mais 43 equipes, de 40 escolas). Seu grupo competiu com um robô apelidado de Roboson de Higgs – inspirado na partícula elementar Bóson de Higgs. “Construímos tudo em uma semana, porque antes disso tivemos período de provas e nos inscrevemos quase no prazo final”, disse Bucker. “Acertamos os detalhes até o último momento”. O robô tem 27 centímetros de comprimento, 10 de largura e e 6 altura.  

Ao contrário de muitas equipes que usaram o kit Lego Mindstorn EV3, específico para robôs, o Roboson de Higgs foi construído com partes avulsas e uma placa de arduíno nano. “Com o Lego é mais fácil de montar e se comunicar com sensores, mas optamos por ter mais liberdade com as peças e programação”. A OBR não impõe restrições de material para o robô, embora as dimensões tenham limites. 

Amanda Fernandes, 15 anos, aluna do colégio Etapa, também de São Paulo, foi quem teve a ideia de participar do evento. Ela se juntou a outros três amigos para formar a equipe Minions Rush. "Eu gosto de robótica e de programação e quando soube da competição quis participar", disse Fernandes. O quarteto contou com a ajuda de professores e alunos já familiarizados com robótica, e foi um dos vários grupos que usaram o kit Lego EV3. "O mais difícil foi identificar os erros de programação durante os testes."

Durante a prova, ninguém pode tocar ou controlar o robô – ele é totalmente autônomo. Todos os robôs possuem um leitor óptico, que leem o circuito na pista, como a fita isolante em linha reta e também quadrados verdes, que indicam a direção para onde o robô deve virar. Outros sensores muito utilizados foram o ultrassônico e o infravermelho, que servem para detectar a presença e a distância de objetos.

Como na última sala dos circuitos a bolinha poderia estar em qualquer lugar, a equipe de Bucker programou o robô Higgs para varrer toda a área por meio dos sensores, até que encontrasse o objeto. Uma vez identificada, a bolinha era levantada por um gancho arredondado, dotado de motores e um cérebro eletrônico para medir a angulação. 

Para Tonidandel, o intuito da Olimpíada é fomentar a robótica em nível nacional, aproximando robôs cada vez mais próximas das novas gerações. “São as crianças que vão fazer os robôs daqui para frente. A robótica é a tecnologia do futuro”, disse ele. “A nossa intenção é colocar o Brasil como protagonista dessa tecnologia. Hoje o país já se destaca como um dos que mais participa em competições de robótica do mundo”.

Nas arquibancadas, amigos e familiares davam surporte às equipes e comemoravam os pontos ganhos. Cada tarefa cumprida pelo robô, os alunos gritavam e seus concorrentes olhavam. As provas aconteciam simultaneamente em vários circuitos. O sistema de contagem analisa três rodadas independentes – as duas melhores são consideradas.

Este ano, em sua 9ª edição, a OBR teve recorde de inscrições. Só no estado de São Paulo foram 550 equipes inscritas, contra 350 ano passado. As duas etapas regionais sediadas pela FEI vão classificar equipes dos dois níveis (ensinos fundamental e médio) para a fase seguinte, estadual, prevista para 8 de agosto. A nacional, por sua vez, acontecerá de 28 de outubro a 1º de novembro, em Uberlândia (MG). Foram 2 500 equipes inscritas no Brasil inteiro.

A INFO publica o resultado das duas etapas, com os vencedores de cada uma delas, no próximo domingo.

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