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O momento de pandemia exige decisões rápidas, diz Gabriel Liguori

Jovens, profissionais que trabalham com medicina e políticas públicas tentam encontrar soluções para tratar da pandemia do novo coronavírus

Gabriel Liguori: médico quer acelerar a produção de remédios para tratar o novo coronavírus (Reprodução/Facebook)

Gabriel Liguori: médico quer acelerar a produção de remédios para tratar o novo coronavírus (Reprodução/Facebook)

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Rodrigo Loureiro

Publicado em 8 de abril de 2020 às 12h38.

Última atualização em 13 de abril de 2020 às 14h14.

Gabriel Liguori e Ana Paula Pellegrino são bolsistas da Fundação Estudar. Ele, formado com honras em medicina na Universidade de São Paulo (USP) e CEO da startup de biotecnologia TissueLabs. Ela, doutoranda em ciência política pela Universidade de Georgetown, nos Estados Unidos, é pesquisadora e desenvolvedora de um simulador de demandas por leitos e ventiladores pulmonares em municípios brasileiros. Os dois são os convidados desta quarta-feira (8) no exame.talks para falar das iniciativas para solucionar a pandemia do covid-19.

Segundo relatos da Organização Mundial de Saúde (OMS), o desenvolvimento de uma vacina para impedir o contágio do novo coronavírus ainda deve levar alguns meses. No comando de um projeto para testar novos medicamentos para tratar a crise do novo coronavírus pela TissueLabs, Liguori deixa claro que o desenvolvimento de novas medicações atualmente é um processo lento. "O tempo para desenvolver uma nova medicação é muito longo. Pode levar mais de dez anos", afirma. "As vacinas, por exemplo, são projetos longos e demorados."

Se uma vacina está longe de ser criada, Liguori lembra que o desenvolvimento de drogas para a aplicação imediata e que podem ser utilizadas para tratar os pacientes da covid-19 já é um processo mais ágil. "O momento de pandemia exige decisões rápidas. Quando há pacientes que morrem em três ou quatro dias, não dá para esperar", afirma.

Ele cita como exemplo a cloroquina. Ontem (7), o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmo que o órgão está acompanhando estudos científicos sobre a eficácia desses e de outros medicamentos e que os resultados devem ser revelados a partir do dia 20 de abril. Cerca de 5 mil pessoas farão parte das pesquisas.

Mais do que a falta de uma cura propriamente dita para tratar pacientes do novo coronavírus, a crise se dá também pela forma como os governos se comportam em momentos como este. Para Ana Paula Pellegrino, as decisões que estão sendo tomadas agora vão "gerar confiança ou desconfiança no seto público" para a resolução de crises semelhantes no futuro. "Precisamos entender como outros países, como a Coreia do Sul, deram uma resposta tão rápida é um caminho que precisamos que seguir no Brasil", afirma.

Quarentena necessária

Para ambos, a quarentena é uma decisão necessária, mas que poderia ser administrada de forma mais inteligente. Tanto agora como em um momento anterior a crise. "Na Coreia do Sul não teve lockdown, mas todo mundo usa máscara. É algo cultural. E testando os casos e isolando as pessoas, já diminui muito o contágio", diz Liguori.

A Coreia do Sul e outros países asiáticos também foram citados nas maneiras de controlar o isolamento social com o uso de tecnologias voltadas para vigilância. Mas não apenas para impedir que as pessoas circulem nas ruas. Mas também para observar onde uma pessoa infectada esteve, com quem interagiu e onde tocou. "A questão é se a população aceitaria essa invasão de privacidade", diz Pellegrino.

Questionada sobre o impactos econômicos do distanciamento social, Pellegrino afirmou que a sociedade precisa definir seus focos. "Quais são as prioridades? É a saúde ou a economia? Todas essas questões estão sendo negociadas no dia a dia em todas as partes do mundo", afirma. Segundo ela, a covid-19 deixará uma lição para tratar de problemas semelhantes no futuro. "A gente está aprendendo a cada nova crise. Se em 2008 o foco era salvar as empresas, essa crise trata sobre renda básica universal."

Ciência em foco

Outra questão abordada durante a conversa com os pesquisadoras é o futuro da ciência no Brasil. "Eu sou otimista, acredito que essa crise vai deixar um legado para a ciência. Mas é preciso entender como será a digestão disso", afirma Pellegrino. Para ela, haverá um investimento muito forte na área. Mas também existirá uma resistência para determinar quais serão próximos passos da produção científica no Brasil.

Já Liguori acredita que um dos caminhos a ser seguido é a réplica do modelo adotado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de S. Paulo (Fapesp). "Eles são muito rigorosos tanto na hora em que o pesquisador submete seu projeto para conseguir investimento como depois, para explicar como o dinheiro do contribuinte foi utilizado de maneira adequada", afirma Liguori.

O médico cita ainda a importância das parcerias entre o setor público e privado para permitir não apenas o combate à covid-19, mas também a manutenção de um estilo de vida. "Temos um setor público que investe com muito critério e rigor e um setor privado muito bem desenvolvido para apoiar a sociedade em um momento de pandemia como esse", diz Liguori.

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