Os últimos lotes vazados pelo WikiLeak permitiram ter uma noção do dia a dia das guerras do Iraque e Afeganistão (AFP)
Da Redação
Publicado em 25 de novembro de 2010 às 22h07.
Washington - Comunicações diplomáticas sigilosas dos Estados Unidos relatando acusações de corrupção contra governos estrangeiros devem aparecer em documentos oficiais que o grupo WikiLeaks pretende divulgar em breve, disseram fontes da Reuters na quarta-feira.
O site "dedo-duro" disse nesta semana pelo Twitter que seu próximo lote de documentos terá sete vezes o tamanho do pacote divulgado em outubro, que continha cerca de 400 mil documentos do Pentágono relativos à guerra do Iraque.
Fontes familiarizadas com documentos do Departamento de Estado em poder do WikiLeaks dizem que as suspeitas de corrupção ali mencionadas são suficientemente grandes para causar constrangimentos sérios a governos estrangeiros e a políticos citados.
Essas fontes disseram que a divulgação deve acontecer na semana que vem, mas pode ser antecipada.
Os detalhados e sinceros relatos dos diplomatas ao Departamento de Estado também podem criar complicações para a política externa do governo de Barack Obama, segundo essas fontes.
Entre os países cujos políticos aparecem no relatório estão Rússia, Afeganistão e repúblicas centro-asiáticas da ex-União Soviética. Mas outros relatórios também detalham acusações potencialmente embaraçosas para o Extremo Oriente e a Europa, segundo as fontes familiarizadas com os documentos.
O governo dos EUA faz críticas contumazes à atuação do WikiLeaks, alegando que elas colocam em risco a segurança nacional e de indivíduos.
Os últimos lotes vazados pelo WikiLeak permitiram ter uma noção do dia a dia das guerras do Iraque e Afeganistão, mas não continham revelações bombásticas.
O porta-voz do Departamento de Estado, P.J. Crowley, disse que Washington está avaliando as implicações do material que pode ser revelado pelo WikiLeaks, e avisando governos estrangeiros que "uma divulgação de documentos é possível num futuro próximo."
"Lamentamos o que ocorreu. Essas revelações são nocivas para os Estados Unidos e para os nossos interesses. Elas vão criar tensões nas nossas relações", disse Crowley. "Desejamos que isso não ocorra, mas obviamente estamos preparados para a possibilidade de que aconteça."
O Departamento de Estado e o Pentágono confirmaram que também mantiveram contato com deputados e senadores para informá-los do que está por vir.
Fontes disseram que várias publicações -- o The New York Times, o jornal Guardian (Grã-Bretanha), a revista Spiegel (Alemanha) e, possivelmente, os jornais El País (Espanha) e Le Monde (França) -- teriam recebido o material e estariam coordenando sua publicação simultânea.
Julian Assange, hacker australiano que se diz fundador e líder do WikiLeaks, não respondeu a um email para comentar as informações.