Tecnologia

Melhor tecnologia de condução autônoma não avança na era Trump

Essa tecnologia permite que os carros transmitam sinais entre si, aumentando a capacidade de prever possíveis batidas e evitando-as

Trump: a ofensiva dos orgãos reguladores para acelerar a chegada do V2V ao mercado foi paralisada durante o governo (Carlos Barria/Reuters)

Trump: a ofensiva dos orgãos reguladores para acelerar a chegada do V2V ao mercado foi paralisada durante o governo (Carlos Barria/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 21 de setembro de 2017 às 17h11.

Washington/Southfield - A tecnologia que dá superpoderes aos carros para enxergar a outra rua em um cruzamento e através das paredes não estará presente nos primeiros carros autônomos que serão lançados nos próximos anos.

Os sistemas de comunicação veículo-a-veículo, conhecidos como V2V, são considerados essenciais para percursos totalmente automatizados, o que poderia diminuir drasticamente o número de mortes no trânsito, de 40.000 pessoas nos EUA no ano passado. A tecnologia permite que os carros transmitam sinais entre si, aumentando a capacidade de prever possíveis batidas e evitando-as.

Apesar de promissora, essa tecnologia não está se desenvolvendo muito rápido. Uma ofensiva dos órgãos reguladores durante o governo de Barack Obama para acelerar a chegada do V2V ao mercado foi paralisada durante o governo de Donald Trump. Sem normas que as obriguem a isso, as fabricantes de veículos, entre elas a Ford Motor, estão adiando a implementação do sistema, que custa US$ 350 por veículo e só é eficaz se a maioria dos carros o usar.

“Se isso não for obrigatório, ninguém vai colocá-lo nos carros”, disse Glen De Vos, diretor de tecnologia da Delphi Automotive, fornecedora de sistemas de condução autônoma. “Quando nos reunimos com os reguladores, continuamos insistindo que esse sistema de aviso antecipado das comunicações V2V significa benefícios enormes para a segurança.”

Desafios

A corrida para colocar carros autônomos nas ruas já começou.

General Motors, Tesla, Daimler, Waymo da Alphabet e outras empresas prometeram colocar modelos autônomos nas ruas nos próximos anos. Os primeiros -- a previsão é de que serão táxis-robôs, transportes para quem vai ao trabalho e veículos de entrega sem motorista -- serão orientados por sensores instalados nos carros. Mas sem V2V, essas câmeras, esses sensores ultrassônicos e com radares laser só visualizam aquilo que os olhos humanos também são capazes de enxergar.

Os sistemas V2V dependem de WiFi e podem eventualmente usar sinais de celulares 5G. Eles não são limitados por obstáculos como caminhões ou edifícios próximos.

"Essa conectividade é como o sexto sentido do seu carro", disse Huei Peng, diretor da pista de provas de autonomia Mcity da Universidade de Michigan, que fez uma demonstração dessa tecnologia à secretária de Transportes, Elaine Chao, na semana passada.

Alcançar o nível mais alto de automação -- o que os engenheiros de automóveis chamam de autonomia de Nível 5 -- requer V2V, disse Kay Stepper, vice-presidente e chefe regional de condução automatizada do fornecedor alemão Robert Bosch LLC. Os sensores de bordo dos carros atuais sem condutor só suportam uma autonomia de Nível 4, na qual os veículos circulam em áreas restritas ou em condições limitadas.

Um veículo sem motorista "tem que ser capaz de resolver qualquer problema de trânsito que ocorrer", disse Stepper em uma entrevista. "É por isso que precisamos da tecnologia V2V."

Uma proposta do governo Obama para equipar todos os carros novos com sistemas V2V foi colocada de lado pelo governo Trump. Depois de ter flexibilizado as normas federais para testar veículos autônomos e de eliminar outras normas, os executivos da indústria consideram pouco provável que o governo exija a implementação dessa tecnologia.

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