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Maior vazamento de dados bancários na história revela donos de contas na Suíça

Informações são do período de 1988 a 2007 e incluem contas de banqueiros, esportistas, atores, ditadores e traficantes - alguns acusados de sonegar impostos

hsbc (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 9 de fevereiro de 2015 às 10h51.

Informações vindas de um “pacote” com quase 60 mil arquivos e divulgadas neste último domingo revelaram nomes de alguns dos principais clientes da filial suíça do HSBC. Os documentos, que mostram uma relação forte entre o banco e sonegadores de impostos e outros criminosos, foram vazados por um ex-funcionário da empresa, Hervé Falciani, que os obteve em 2007 e os entregou a investigadores franceses após ser capturado no país.

As informações são do período de 1988 e 2007, e os valores armazenados nas contas fazem referência aos anos de 2005 a 2007. Entre os 106 mil nomes com contas associadas ao banco estão os de ditadores e os de supostos traficantes, além de alguns atores, esportistas e outros bilionários de diferentes nacionalidades. Ao todo, os clientes de 206 países mantinham mais de 100 bilhões de dólares guardados nos cofres do HSBC da Suíça – e o Brasil é o nono com mais dinheiro armazenado (7 bilhões) e o quarto com mais clientes (8 667).

No site dedicado ao Swiss Leaks – como foi batizado o vazamento –, o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos perfilou, por ora, apenas 61 dos clientes envolvidos no escândalo e não disponibilizou todos os documentos. Na lista, estão o negociante de diamantes Abdul-Karim Dan Azoumi, a empresária e suposta traficante de armas Aziza Kulsum Gulamali, o político equatoriano Álvaro Noboa e o banqueiro brasileiro Edmond Safra.

Representantes de alguns, como Safra e o político queniano Johnson Muthama, alegaram usar as contas ligadas aos seus nomes apenas para fins legais e de negócios. Outros – como os dos três citados –, porém, não responderam aos pedidos de comentário feitos pela reportagem.

O vazamento deu continuidade a um escândalo fiscal a nível mundial, visto que uma parte considerável dos nomes é (ou já foi) investigada por fraudes no pagamento de impostos e lavagem de dinheiro. O norte-americano Sanjay Sethi, por exemplo, foi considerado culpado por driblar o sistema dos EUA, como lembrou a reportagem do jornal inglês The Guardian. Três países já abriram processos contra o banco e mais de dez ainda já iniciaram investigações relacionadas a impostos, segundo a publicação.

A filial suíça do HSBC ainda foi acusada por alguns dos documentos de facilitar a vida de clientes que queriam fazer o mesmo que Sethi. Os métodos propostos pela instituição e por seus “consumidores” para fugir dos impostos europeus envolviam manter dados “escondidos”, fixar residência na Suíça por alguns meses no ano e até transformar contas pessoais em empresariais – de forma a evitar um acordo entre o país e a União Europeia.

Em sua defesa, o banco disse que seu braço suíço nunca foi integrado totalmente ao grupo e que, por isso, operava de forma tão displicente e abaixo dos padrões legais até 2007. “Nós sabemos e somos responsáveis pela complacência e pelas falhas no controle”, escreveu a empresa em um comunicado enviado ao Guardian. Em outro, afirmou que mudanças foram feitas em 2008, um ano após o vazamento provocado pelo ex-funcionário Falciani.

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