Índia pede para redes sociais removerem conteúdo sobre "variante indiana"
Com um dos maiores públicos no mercado de redes sociais, a Índia pede para que publicações relacionando a cepa B.1.167 com o país sejam removidas
Laura Pancini
Publicado em 25 de maio de 2021 às 10h28.
Última atualização em 25 de maio de 2021 às 10h28.
O governo da Índia fez um pedido às empresas de redes sociais para remover qualquer conteúdo que referencie a cepa B.1.617 do coronavírus como " variante indiana ".
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Em carta, o Ministério de Eletrônica e Tecnologia da Informação afirmou que a Organização Mundial da Saúde (OMS) listou a variante como B.1.617, e não como "indiana". Portanto, qualquer referência relacionando a cepa a região poderia "gerar erros de comunicação e ferir a imagem do país".
A nota enviada não foi divulgada, mas foi obtida por agências de notícias. De acordo com o Press Trust of India, as plataformas foram solicitadas a "remover todo o conteúdo que nomeia, se refere ou implica a 'variante indiana' do coronavírus".
"Chegou ao nosso conhecimento que uma declaração falsa está sendo divulgada online, o que implica que uma 'variante indiana' do coronavírus está se espalhando pelos países. Isso é completamente FALSO", disseram as autoridades locais em carta. A cepa já foi identificada no Brasil, Reino Unido, Estados Unidos, Bélgica, Suíça, Grécia, Itália, Cingapura e mais.
De acordo com pesquisa da Universidade John Hopkins, a Índia é o segundo maior país em número de casos, com mais de 26 milhões registrados. No final de março, a região passou a enfrentar uma onda violenta da covid-19 pelo relaxamento nas medidas de distanciamento social e muito provavelmente pela cepa B.1.617.
As mortes já chegam a 300.000, atrás apenas dos Estados Unidos e do Brasil, mas muitas não estão sendo registradas, então especialistas acreditam que o número já é consideravelmente maior.
Porque chamamos as variantes pelo nome do país?
No último ano, o Brasil, Reino Unido e África do Sul também tiveram o nome do país associado a uma cepa do vírus SARS-CoV-2. Junto com a mutação indiana, todassão consideradas como uma variante de preocupação (VOC) pela OMS.As restantes ficam na categoria de "variantes sob investigação".
Os 'apelidos' são dados por conta da região onde o primeiro caso foi registrado. No caso da variante P.1, por exemplo, ela é chamada tanto de cepa brasileira quanto de Manaus, local que o primeiro caso foi identificado no início de 2021.
O mesmo aconteceu com a B.1.351, sul-africana, e a B.117, britânica.
Índia é público principal das redes sociais
Com uma população de 1,3 bilhão, a Índia é um dos maiores mercados para empresas de mídias sociais. O país é usado como centro de testes para muitas novas tecnologias, como a versão Lite do Instagram ou o beta para pagamentos via WhatsApp.
Além das redes de Mark Zuckerberg , a população indiana é um atrativo para o Google também, que investiu 10 bilhões de dólares para acelerar a digitalização do país.Segundo o site de análises StatCounter, 95% dos smartphones do país são Android, e apenas 3.54% têm iPhones.
Em 2021, o governo indiano introduziu novas diretrizes com o objetivo de "coibir o uso indevido" das redes sociais e a disseminação de desinformação. Caso um material considerado "ilegal" pelo governo aparecer na plataforma, a empresa por trás pode receber uma ordem de remoção, e enfrentar processo caso não cumpra o pedido.
No mês passado, o governo pediu ao Twitter e ao Facebook que removessem postagens criticando a maneira com que Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia, vem lidando com a crise do coronavírus. Portanto, há dúvidas sobre se as novas diretrizes acabam promovendo censura.
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