Idec pede esclarecimentos à Claro por apagão no Pokémon Go
Instituo Brasileiro de Defesa do Consumidor pede que operadora se pronuncie sobre suposto traffic shaping para jogo Pokémon Go em sua rede LTE
Da Redação
Publicado em 15 de agosto de 2016 às 09h58.
Durante a última semana, usuários da Claro reclamaram em redes sociais sobre problemas no uso do jogo Pokémon Go na rede da operadora móvel. Por conta disso, o Instituo Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) pediu nesta sexta-feira, 12, esclarecimentos à tele em carta endereçada ao presidente do grupo América Móvil Brasil, José Felix.
O instituto alega que consumidores reclamaram de falha ao usar o game na rede LTE da empresa, e levanta a hipótese de restrição forçada de tráfego (traffic shaping), prática que fere a neutralidade de rede de acordo com o Marco Civil da Internet (MCI). Afirma ainda que são denúncias graves pelo "potencial de lesão" ao Código de Defesa do Consumidor e ao Regulamento Geral de Direitos do Consumidor de Serviços de Telecomunicações da Anatel (RGDC).
O instituto cita ainda que o consumidor tem direito à informação adequada e clara sobre os serviços contratados, de acordo com o artigo 6º da Lei 8.078/1990. Isso porque, de acordo com o Idec, a operadora não explicou adequadamente os problemas com o serviço. A empresa emitiu o seguinte posicionamento à imprensa (na íntegra):
"A Claro informa que não recebeu a notificação (sic) do Idec. A operadora reforça que seus clientes estão acessando normalmente o jogo Pokémon Go. Notamos que alguns usuários tiveram dificuldades para acessar o aplicativo, após a atualização disponibilizada, no início da semana, pelo desenvolvedor do game. A empresa reforça que a questão já está solucionada e que não implementou qualquer restrição de acesso ao jogo aos seus clientes."
Na quinta-feira, 11, procurada por este noticiário, a Claro já havia informado que os clientes estavam acessando normalmente o game, com posicionamento semelhante ao desta sexta-feira. No entanto, alguns usuários continuaram a relatar em redes sociais o problema.
Traffic shaping
O Idec sustenta que o Marco Civil tem a defesa do consumidor como fundamento, e lembra que a Lei 12.965/2014 tem no artigo 9º a proteção à neutralidade de rede no País. "Solicitamos que a Claro dê explicações transparentes sobre a natureza do problema, evidenciando ainda que não houve violação ao Regulamento Geral de Direitos do Consumidor de Serviços de Telecomunicações, ao CDC e ao Marco Civil da Internet", diz em comunicado o advogado e pesquisador do instituto, Rafael Zanatta.
É importante lembrar, contudo, que o Pokémon Go não chega a consumir tantos dados como aplicações mais pesadas de streaming de vídeo. Conforme explicou uma fonte da indústria, o game em si não consome banda significativa na rede móvel. Ressalta que o aplicativo é conectado a serviços do Google, como a geolocalização do Maps, o que pode, sim, acabar aumentando o tráfego, mas não de forma significativa.
Em reportagem do Wall Street Journal em julho, a operadora norte-americana Verizon afirmou que o Pokémon Go responderia por "apenas 1% do tráfego de rede". O periódico citou ainda uma análise da empresa de redes P3 Communications, que afirmou que o aplicativo consome entre 5 Mb e 10 Mb por hora – o que seria pouco, comparado ao consumo de 350 Mb por hora de vídeo HD, por exemplo. E que as sessões do jogo duram em média 100 segundos, ou um total de 48 minutos durante uma semana.
Há de se considerar também que a rede móvel é baseada em franquia limitada de dados – ou seja, o aumento no uso poderia gerar até mais receita para a operadora. Assim, o aumento do consumo e potencial venda de pacotes adicionais seria benéfico para a Claro, segundo analisou a fonte consultada por este noticiário antes mesmo da divulgação da notificação do Idec.
Durante a última semana, usuários da Claro reclamaram em redes sociais sobre problemas no uso do jogo Pokémon Go na rede da operadora móvel. Por conta disso, o Instituo Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) pediu nesta sexta-feira, 12, esclarecimentos à tele em carta endereçada ao presidente do grupo América Móvil Brasil, José Felix.
O instituto alega que consumidores reclamaram de falha ao usar o game na rede LTE da empresa, e levanta a hipótese de restrição forçada de tráfego (traffic shaping), prática que fere a neutralidade de rede de acordo com o Marco Civil da Internet (MCI). Afirma ainda que são denúncias graves pelo "potencial de lesão" ao Código de Defesa do Consumidor e ao Regulamento Geral de Direitos do Consumidor de Serviços de Telecomunicações da Anatel (RGDC).
O instituto cita ainda que o consumidor tem direito à informação adequada e clara sobre os serviços contratados, de acordo com o artigo 6º da Lei 8.078/1990. Isso porque, de acordo com o Idec, a operadora não explicou adequadamente os problemas com o serviço. A empresa emitiu o seguinte posicionamento à imprensa (na íntegra):
"A Claro informa que não recebeu a notificação (sic) do Idec. A operadora reforça que seus clientes estão acessando normalmente o jogo Pokémon Go. Notamos que alguns usuários tiveram dificuldades para acessar o aplicativo, após a atualização disponibilizada, no início da semana, pelo desenvolvedor do game. A empresa reforça que a questão já está solucionada e que não implementou qualquer restrição de acesso ao jogo aos seus clientes."
Na quinta-feira, 11, procurada por este noticiário, a Claro já havia informado que os clientes estavam acessando normalmente o game, com posicionamento semelhante ao desta sexta-feira. No entanto, alguns usuários continuaram a relatar em redes sociais o problema.
Traffic shaping
O Idec sustenta que o Marco Civil tem a defesa do consumidor como fundamento, e lembra que a Lei 12.965/2014 tem no artigo 9º a proteção à neutralidade de rede no País. "Solicitamos que a Claro dê explicações transparentes sobre a natureza do problema, evidenciando ainda que não houve violação ao Regulamento Geral de Direitos do Consumidor de Serviços de Telecomunicações, ao CDC e ao Marco Civil da Internet", diz em comunicado o advogado e pesquisador do instituto, Rafael Zanatta.
É importante lembrar, contudo, que o Pokémon Go não chega a consumir tantos dados como aplicações mais pesadas de streaming de vídeo. Conforme explicou uma fonte da indústria, o game em si não consome banda significativa na rede móvel. Ressalta que o aplicativo é conectado a serviços do Google, como a geolocalização do Maps, o que pode, sim, acabar aumentando o tráfego, mas não de forma significativa.
Em reportagem do Wall Street Journal em julho, a operadora norte-americana Verizon afirmou que o Pokémon Go responderia por "apenas 1% do tráfego de rede". O periódico citou ainda uma análise da empresa de redes P3 Communications, que afirmou que o aplicativo consome entre 5 Mb e 10 Mb por hora – o que seria pouco, comparado ao consumo de 350 Mb por hora de vídeo HD, por exemplo. E que as sessões do jogo duram em média 100 segundos, ou um total de 48 minutos durante uma semana.
Há de se considerar também que a rede móvel é baseada em franquia limitada de dados – ou seja, o aumento no uso poderia gerar até mais receita para a operadora. Assim, o aumento do consumo e potencial venda de pacotes adicionais seria benéfico para a Claro, segundo analisou a fonte consultada por este noticiário antes mesmo da divulgação da notificação do Idec.