Gigantes das redes sociais lucram com ampla vigilância dos usuários, aponta FTC
Relatório da Comissão Federal de Comércio dos EUA revela práticas de coleta de dados massiva por empresas como Meta, YouTube e Amazon
Agência de notícias
Publicado em 20 de setembro de 2024 às 15h18.
Os gigantes das redes sociais participaram de operações de "ampla vigilância" de seus usuários para lucrar com suas informações pessoais, aponta um relatório da Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos (FTC).
O documento, baseado em consultas realizadas há quase quatro anos entre nove empresas, revelou que estas coletavam grandes quantidades de dados, às vezes por meio de terceiros, e que podiam reter indefinidamente as informações reunidas sobre usuários e não usuários de suas plataformas.
"O relatório expõe como as redes sociais e as empresas de transmissão de vídeo coletam enormes quantidades de dados pessoais dos americanos e os vendem por bilhões de dólares por ano", disse a presidente da FTC, Lina Khan, em um comunicado.
"O fracasso de várias empresas em proteger adequadamente crianças e adolescentes online é especialmente preocupante", destaca.
Khan afirmou que essas práticas expuseram as pessoas afetadas ao potencial roubo de identidade ou assédio e ameaçaram suas liberdades.
Segundo o relatório, os modelos de negócios, que normalmente envolvem publicidade direcionada, incentivaram a coleta em massa de dados dos usuários.
O Interactive Advertising Bureau (IAB) respondeu que os usuários da internet entendem que anúncios direcionados são necessários para acessar serviços online de forma gratuita e assegurou que seu grupo apoia "veementemente" uma lei nacional abrangente de privacidade de dados.
Empresas como Meta, YouTube e Amazon são acusadas de lucrar a partir das informações de seus usuários. Um relatório da Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos constatou que algumas empresas não eliminaram as informações que deveriam ser removidas .
"Estamos decepcionados com a contínua caracterização que a FTC faz da indústria da publicidade digital como envolvida em uma 'vigilância comercial maciça'", comentou o diretor executivo do IAB, David Cohen, em resposta ao relatório.
"Nada poderia estar mais longe da verdade, pois inúmeros estudos demonstraram que os consumidores compreendem a troca de valores e agradecem a oportunidade de ter acesso a conteúdos e serviços gratuitos ou altamente subsidiados", acrescentou.
As descobertas se basearam em respostas a pedidos enviados no final de 2020 a empresas como Meta, YouTube, Snap, Amazon (proprietária do Twitch), ByteDance (empresa-mãe do TikTok) e Twitter (agora X).
"O Google tem as políticas de privacidade mais rígidas da nossa indústria: nunca vendemos informações pessoais das pessoas e não usamos informações sensíveis para veicular anúncios", disse à AFP o porta-voz do Google, Jose Castaneda.
O relatório constatou que as práticas de coleta de dados eram "lamentavelmente inadequadas" e que algumas empresas não eliminaram todos os dados que os usuários pediram para serem removidos.