Evento famoso por palestras, TED procura brasileiros inovadores para programa de fellowship
O famoso ciclo de conferências TED desembarca este ano no Brasil. O TEDGlobal 2014 acontecerá entre o dias 5 e 10 de outubro na Praia de Copacabana, no Rio de Janeir
Rafael Kato
Publicado em 10 de maio de 2014 às 10h21.
O famoso ciclo de conferências TED desembarca este ano no Brasil. O TEDGlobal 2014 acontecerá entre os dias 5 e 10 de outubro na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. Mas a vinda do evento ao País ainda não significa um aumento de fellows aqueles que fazem parte do seleto grupo de palestrantes brasileiros. Somos apenas três, do total de 328. Um número considerado baixo pela organização. Para reverter este quadro, o americano Tom Rielly, criador e diretor do programa TED Fellows, veio a São Paulo nesta semana. INFO falou com Tom sobre os requisitos e as vantagens de participar deste seleto grupo: ser um fellow abre, praticamente, qualquer porta". Confira a conversa:
INFO: Tom, por que vir ao Brasil e divulgar o TED Fellows Program?
TOM: As pessoas não sabem o que é o programa ou por qual motivo elas deveriam se candidatar. Pensamos que se nós chegássemos aqui, conseguiríamos aumentar a participação dos brasileiros. Isso não é algo apenas para esta conferência no Rio de Janeiro, mas as pessoas também podem se candidatar para Vancouver, em 2015, e para os eventos posteriores. Chegando ao ponto: queremos que as pessoas se candidatem rotineiramente. Nós já temos alguns candidatos, mas pensamos que conseguiríamos mais candidatos se pedíssemos para que leitores inteligentes, como são os da INFO, se candidatassem no site ou então para que eles recomendassem alguém. Basta nos enviar um e-mail para fellows@ted.com e mandar o nome, e-mail e escrever em três linhas sobre aquilo que a pessoa faz de incrível. Nós iremos entrar em contato com essa pessoa e convidá-la a se candidatar por meio do nosso site [as inscrições ficam abertar até o dia 16 de maio]. Algumas vezes, os melhores fellows surgem desta maneira.
O que uma pessoa precisa para se tornar um fellow?
O TED traz vozes globais incríveis, mostra seus trabalhos revolucionários e impulsiona a carreira dessas pessoas, além de construir uma comunidade capaz de mudar suas vidas. As qualificações são bem simples: a pessoa precisa ter entre 21 e 45 anos e precisa ser proficiente em inglês. Infelizmente, a conferência é em inglês. Existem pessoas suficientes no Brasil que falam inglês e que poderiam ser candidatas. Procuramos por pessoas na primeira metade de suas carreiras, procuramos por fundadores, makers, pioneiros, inovadores, inventores, engenheiros, cientistas, artistas, fotógrafos, filmmakers. Mas o principal em tudo que eles fazem: eles são os fundadores, são os que começaram, são o que fizeram a revolução cientifica. O movimento é deles. A arte é deles. Nós temos pessoas de negócios, como os fundadores do Kickstarter e MakerBots, também temos ONGs e organizações de direitos humanos. Queremos alguém que fez algo relevante. Muitas dessas pessoas têm mestrado ou doutorado, mas isto não é necessário. Você pode nunca ter ido para escola e estar no programa. Não nos importamos tanto com escola como nos importamos sobre quem você é o que você faz. Outra maneira de dizer: é uma combinação de conquistas e caráter. Por caráter, eu digo uma boa pessoa, alguém com uma visão otimista da vida, alguém que quer contribuir com mundo. Ser uma boa pessoa é essencial para este processo. O candidato não pode ser um babaca.
A dificuldade no Brasil é de encontrar gente que fala inglês ou de encontrar pessoas como essas que você descreveu?
O primeiro obstáculo é que as pessoas realmente não conhecem o programa. Não sabem o que estamos fazendo. Mas nós estamos fazendo muita coisa. Estamos gastando uma quantia de cinco dígitos, em dólares, para cada pessoa selecionada. Tudo o que a pessoa precisa fazer é ir ao nosso site. Não vai demorar mais do que duas horas para preencher a ficha. O que acontece, e nós ouvimos isso em muitos países, é alguém achar que não é bom o suficiente para se candidatar. Se a pessoa tem duvidas, o certo é se candidatar e deixar a gente decidir .
Como funciona o processo de seleção?
Sentamos numa sala e lemos as fichas. Há, pelo menos, sempre duas pessoas na sala, pois, se uma pessoa esta cansada ou irritada, a outra pessoa pode argumentar e não deixar uma um bom candidato passar. É uma conversa. A partir disso, realizamos um primeiro corte, então falamos com pessoas ao telefone. Depois realizamos outro corte e fazemos pesquisa sobre o passado do candidato. E no final temos que tomar uma decisão que é sempre difícil, pois, de fato, adoramos muitos dos candidatos.
O que uma pessoa ganha ao se tornar um TED Fellow?
A pessoa não ganha dinheiro. Mas ganha a passagem área, hotel por oito dias, ganha presentes, que costumam incluir alguns eletrônicos. Mas a coisa mais importante é ganhar a oportunidade de dar uma Ted Talk. Isto é muito grande. E algumas dessas palestras vão parar no Ted.com e isso é maior ainda. Vou te dar um exemplo concreto. Alguns meses atrás, um palestrante chamado Andrew Bastawrous, oftalmologista do Reino Unido, falou sobre o trabalho que desenvolve no Quênia. Algumas pessoas de lá poderiam voltar a enxergar se tivessem cirurgias de quarenta dólares. O problema é que os equipamentos para os exames custam 25 mil dólares. O que ele fez foi um equipamento e um app para smartphones Android, reduzindo o custo dos exames em 100 vezes. Depois que ele saiu do palco, o Google.org e a fundação do ex-presidente Bill Clinton apareceram e falaram que queriam trabalhar com ele imediatamente. Até aquela palestra, ninguém sabia quem ele era e o que ele fazia. Falar no Ted, ser um fellow e ter a oportunidade de ter a palestra no site abre, praticamente, qualquer porta. Isso é um benefício significativo. Esqueci de dizer: a pessoa também ganha, se quiser, 10 sessões gratuitas com um coach para questões pessoais como para questões profissionais. Também há oportunidade de mentoria com um profissional mais experiente da mesma área. O fellow também ganha um profissional de imprensa, para organizar lançamentos de produtos e entrevistas. O fellow passa a fazer parte de uma rede digital de fellows no Facebook. Um lugar em que é possível resolver qualquer problema ou conseguir qualquer contato. É como ter cérebros trabalhando para você 24 horas por dias nos sete dias na semana. Se a pessoa precisa de um contato na Fundação Clinton, por exemplo, ela pode conseguir no grupo. Pode pedir uma revisão de um contrato para algum advogado da rede. É uma lista muito longa de benefícios.
Já há nomes confirmados para o TED do Rio de Janeiro?
Infelizmente, tenho que manter isso em segredo. Iremos dizer para todo mundo ao mesmo tempo. E isso será logo. Teremos muitos cientistas, jornalistas, incríveis músicos e políticos de alto escalão do exterior.
O famoso ciclo de conferências TED desembarca este ano no Brasil. O TEDGlobal 2014 acontecerá entre os dias 5 e 10 de outubro na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. Mas a vinda do evento ao País ainda não significa um aumento de fellows aqueles que fazem parte do seleto grupo de palestrantes brasileiros. Somos apenas três, do total de 328. Um número considerado baixo pela organização. Para reverter este quadro, o americano Tom Rielly, criador e diretor do programa TED Fellows, veio a São Paulo nesta semana. INFO falou com Tom sobre os requisitos e as vantagens de participar deste seleto grupo: ser um fellow abre, praticamente, qualquer porta". Confira a conversa:
INFO: Tom, por que vir ao Brasil e divulgar o TED Fellows Program?
TOM: As pessoas não sabem o que é o programa ou por qual motivo elas deveriam se candidatar. Pensamos que se nós chegássemos aqui, conseguiríamos aumentar a participação dos brasileiros. Isso não é algo apenas para esta conferência no Rio de Janeiro, mas as pessoas também podem se candidatar para Vancouver, em 2015, e para os eventos posteriores. Chegando ao ponto: queremos que as pessoas se candidatem rotineiramente. Nós já temos alguns candidatos, mas pensamos que conseguiríamos mais candidatos se pedíssemos para que leitores inteligentes, como são os da INFO, se candidatassem no site ou então para que eles recomendassem alguém. Basta nos enviar um e-mail para fellows@ted.com e mandar o nome, e-mail e escrever em três linhas sobre aquilo que a pessoa faz de incrível. Nós iremos entrar em contato com essa pessoa e convidá-la a se candidatar por meio do nosso site [as inscrições ficam abertar até o dia 16 de maio]. Algumas vezes, os melhores fellows surgem desta maneira.
O que uma pessoa precisa para se tornar um fellow?
O TED traz vozes globais incríveis, mostra seus trabalhos revolucionários e impulsiona a carreira dessas pessoas, além de construir uma comunidade capaz de mudar suas vidas. As qualificações são bem simples: a pessoa precisa ter entre 21 e 45 anos e precisa ser proficiente em inglês. Infelizmente, a conferência é em inglês. Existem pessoas suficientes no Brasil que falam inglês e que poderiam ser candidatas. Procuramos por pessoas na primeira metade de suas carreiras, procuramos por fundadores, makers, pioneiros, inovadores, inventores, engenheiros, cientistas, artistas, fotógrafos, filmmakers. Mas o principal em tudo que eles fazem: eles são os fundadores, são os que começaram, são o que fizeram a revolução cientifica. O movimento é deles. A arte é deles. Nós temos pessoas de negócios, como os fundadores do Kickstarter e MakerBots, também temos ONGs e organizações de direitos humanos. Queremos alguém que fez algo relevante. Muitas dessas pessoas têm mestrado ou doutorado, mas isto não é necessário. Você pode nunca ter ido para escola e estar no programa. Não nos importamos tanto com escola como nos importamos sobre quem você é o que você faz. Outra maneira de dizer: é uma combinação de conquistas e caráter. Por caráter, eu digo uma boa pessoa, alguém com uma visão otimista da vida, alguém que quer contribuir com mundo. Ser uma boa pessoa é essencial para este processo. O candidato não pode ser um babaca.
A dificuldade no Brasil é de encontrar gente que fala inglês ou de encontrar pessoas como essas que você descreveu?
O primeiro obstáculo é que as pessoas realmente não conhecem o programa. Não sabem o que estamos fazendo. Mas nós estamos fazendo muita coisa. Estamos gastando uma quantia de cinco dígitos, em dólares, para cada pessoa selecionada. Tudo o que a pessoa precisa fazer é ir ao nosso site. Não vai demorar mais do que duas horas para preencher a ficha. O que acontece, e nós ouvimos isso em muitos países, é alguém achar que não é bom o suficiente para se candidatar. Se a pessoa tem duvidas, o certo é se candidatar e deixar a gente decidir .
Como funciona o processo de seleção?
Sentamos numa sala e lemos as fichas. Há, pelo menos, sempre duas pessoas na sala, pois, se uma pessoa esta cansada ou irritada, a outra pessoa pode argumentar e não deixar uma um bom candidato passar. É uma conversa. A partir disso, realizamos um primeiro corte, então falamos com pessoas ao telefone. Depois realizamos outro corte e fazemos pesquisa sobre o passado do candidato. E no final temos que tomar uma decisão que é sempre difícil, pois, de fato, adoramos muitos dos candidatos.
O que uma pessoa ganha ao se tornar um TED Fellow?
A pessoa não ganha dinheiro. Mas ganha a passagem área, hotel por oito dias, ganha presentes, que costumam incluir alguns eletrônicos. Mas a coisa mais importante é ganhar a oportunidade de dar uma Ted Talk. Isto é muito grande. E algumas dessas palestras vão parar no Ted.com e isso é maior ainda. Vou te dar um exemplo concreto. Alguns meses atrás, um palestrante chamado Andrew Bastawrous, oftalmologista do Reino Unido, falou sobre o trabalho que desenvolve no Quênia. Algumas pessoas de lá poderiam voltar a enxergar se tivessem cirurgias de quarenta dólares. O problema é que os equipamentos para os exames custam 25 mil dólares. O que ele fez foi um equipamento e um app para smartphones Android, reduzindo o custo dos exames em 100 vezes. Depois que ele saiu do palco, o Google.org e a fundação do ex-presidente Bill Clinton apareceram e falaram que queriam trabalhar com ele imediatamente. Até aquela palestra, ninguém sabia quem ele era e o que ele fazia. Falar no Ted, ser um fellow e ter a oportunidade de ter a palestra no site abre, praticamente, qualquer porta. Isso é um benefício significativo. Esqueci de dizer: a pessoa também ganha, se quiser, 10 sessões gratuitas com um coach para questões pessoais como para questões profissionais. Também há oportunidade de mentoria com um profissional mais experiente da mesma área. O fellow também ganha um profissional de imprensa, para organizar lançamentos de produtos e entrevistas. O fellow passa a fazer parte de uma rede digital de fellows no Facebook. Um lugar em que é possível resolver qualquer problema ou conseguir qualquer contato. É como ter cérebros trabalhando para você 24 horas por dias nos sete dias na semana. Se a pessoa precisa de um contato na Fundação Clinton, por exemplo, ela pode conseguir no grupo. Pode pedir uma revisão de um contrato para algum advogado da rede. É uma lista muito longa de benefícios.
Já há nomes confirmados para o TED do Rio de Janeiro?
Infelizmente, tenho que manter isso em segredo. Iremos dizer para todo mundo ao mesmo tempo. E isso será logo. Teremos muitos cientistas, jornalistas, incríveis músicos e políticos de alto escalão do exterior.