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Escolas da Inglaterra ensinam alunos de 5 anos a programar

Reino Unido reformulou a maneira de ensinar computação às crianças do país adicionando aulas obrigatórias de programação

David Cameron com uma aluna na aula de computação de uma escola de Londres, na Inglaterra (David Bebber/WPA Pool/Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 16 de outubro de 2014 às 16h15.

Londres - No início do novo semestre escolar, no mês passado, as escolas públicas da Inglaterra começaram a apresentar aos seus estudantes mais jovens um conceito que confundiria a maior parte dos pais deles: algoritmos.

O governo do Reino Unido reformulou a maneira de ensinar computação às crianças do país adicionando aulas obrigatórias de programação .

Após receber conselhos de empresas como Microsoft e Google, as autoridades se convenceram de que o currículo das escolas públicas estava fora de sintonia com os padrões técnicos modernos.

O sistema antigo enfatizava processamento de texto e planilhas, mas não muito mais do que isso. Agora, o governo quer que as crianças do país não apenas consumam tecnologia, mas a construam -- em vez de só se divertirem com jogos de computador, elas um dia poderiam criá-los.

Para evitar que os alunos mais jovens se transformem em zumbis diante das telas, boa parte do aprendizado inicial será realizada fora do laboratório de informática.

As crianças de cinco anos de idade participarão de jogos abstratos e completarão quebra-cabeças para se familiarizarem com o conceito de algoritmo sem sua complexidade.

Quando chegarem aos 14 anos, os professores vão orientá-los sobre como usar duas ou mais linguagens de programação. Tudo isso é obrigatório.

Isso faz do Reino Unido o primeiro país do G20 a dar uma importância central à Ciência da Computação dentro de seu currículo escolar.

“Essas são, certamente, as maiores mudanças realizadas na maneira em que a matéria vem sendo ensinada”, disse John Partridge, professor de computação em Nottinghamshire. “Especialmente para as crianças mais novas”.

Escassez de talentos

Como muitos países desenvolvidos, o Reino Unido enfrenta uma crise de talentos em tecnologia e a reformulação radical de seu sistema educacional é um reconhecimento de que o problema provavelmente continuará existindo durante muitos anos.

A previsão é de que o país terá uma escassez de 249.000 trabalhadores para empregos com habilidades tecnológicas até 2020, segundo uma pesquisa da Empirica preparada para a Comissão Europeia.

Os efeitos estão sendo sentidos dentro do maior polo tecnológico do Reino Unido.

No ano passado, 45 por cento dos líderes de empresas da área de Tech City, em Londres, disseram que a falta de trabalhadores qualificados era o maior desafio, segundo um estudo da empresa de pesquisas de mercado GfK.

A proliferação da tecnologia em todos os tipos de indústrias está aumentando essa escassez. Sites personalizados e aplicativos móveis agora são obrigatórios nas empresas de praticamente todos os setores.

E a empresa de pesquisas Gartner prevê que existirão 30 vezes mais dispositivos físicos conectados à internet até 2020.

Garantindo o emprego

“A programação está se infiltrando em uma grande quantidade de diversas áreas tradicionais”, disse Rachel Swidenbank, chefe das operações da Codecademy no Reino Unido.

“Aprender a programar permitirá que as crianças façam suas próprias coisas, sejam criativas e consigam um emprego em uma área onde haverá uma enorme escassez”.

A Inglaterra buscará copiar a façanha de Israel que, após uma revisão no ensino de computação em suas escolas, perto da virada do século, desenvolveu um dos mais rigorosos programas de Ciência da Computação do mundo para estudantes do Ensino Médio.

As empresas de tecnologia do país agora atraem mais capital de risco e dinheiro de private-equity do que qualquer outro país europeu, segundo um relatório da empresa de consultoria Ernst Young.

Os EUA conseguiram desenvolver uma meca da tecnologia no Vale do Silício, apesar de seu sistema de escolas públicas. A popularidade da computação nas escolas de Ensino Médio dos EUA está em queda nos últimos anos.

Em 2009, apenas 19 por cento dos estudantes se formaram com crédito em Ciência da Computação, menos que os 25 por cento de 1990, segundo um relatório do Departamento de Educação dos EUA.

Resultado incerto

O compromisso do Reino Unido de ensinar noções básicas de programação desde cedo é ousado, mas não garante uma solução para a escassez de talentos.

Quando as crianças chegarem aos 14 anos, caberá a elas escolher se continuam estudando a matéria e adquirindo as habilidades que serão relevantes quando se formarem.

Ou talvez os nove anos de aprendizado obrigatório de algoritmos e códigos as assustarão para sempre.

“A verdadeira preocupação é se as mudanças no currículo vão melhorar a atratividade de uma carreira em computação para as crianças”, disse Partridge. “Pode haver uma grande dificuldade para mudar essa imagem”.

São Paulo - Há uma lista enorme de cursos online e sites relacionados a ciência da computação e linguagens de programação. Mas uma boa parte deles está disponível só em inglês, o que pode tornar as coisas mais complicadas – mesmo para quem consegue entender bem o idioma. Por isso, selecionamos desta vez 10 fontes de material sobre o assunto, todas gratuitas e traduzidas para o português, entre sites e aulas que podem ser acompanhadas no seu ritmo. Confira a seguir.
  • 2. Codecademy

    2 /13(Reprodução)

  • Veja também

    Com versão em português lançada no fim de maio deste maio, o Codecademy é uma das mais populares plataformas de ensino. Os cursos gratuitos – que partem do básico e vão até o avançado – de HTML e CSS, JavaScript, jQuery, PHP, Python e Ruby não são acompanhados de vídeos, apenas de textos com instruções. Elas aparecem à esquerda, enquanto à direita você pode escrever os códigos seguindo os passos apresentados. Há ainda três opções de projetos, que podem ser concluídos em menos tempo e ajudam a colocar os conhecimentos em prática. Para saber mais, clique aqui.
  • 3. Microsoft Virtual Academy

    3 /13(Getty Images)

  • Mais focado em produtos da Microsoft, a “universidade” virtual e aberta da empresa traz vários tutoriais em português voltados para o desenvolvimento de aplicações de Windows 8 e Windows Phone – ou simplesmente Windows. O site também traz treinamentos tratando de data centers, nuvem e mobilidade empresarial, entre outros assuntos. Para saber mais, clique aqui.
  • 4. CursoEmVídeo

    4 /13(Getty Images)

    Iniciativa brasileira do professor carioca Gustavo Guanabara, o CursoEmVídeo traz aulas sobre HTML5, Algoritmos, PHP e Photoshop Creative Cloud. Todas podem ser acompanhadas de graça diretamente pelo YouTube ou no site, que exige um cadastro, mas oferece uma série de materiais para consultar no decorrer do curso. Para saber mais, clique aqui.
  • 5. Ciência da Computação 101

    5 /13(racheocity / Flickr)

    Os sites já mencionados até dão uma introdução e um contexto antes de entrarem de vez no assunto das aulas. Mas se você quer algo mais abrangente, o curso “Ciência da Computação 101” do Coursera pode ser um bom ponto de partida. Como o nome sugere, as aulas se propõem a ensinar, inicialmente, o básico da ciência da computação para quem entende bem pouco e realmente precisa de uma introdução no tema – mas podem ser úteis mesmo para quem o entende razoavelmente bem. O curso, gratuito e ministrado pelo professor Nick Parlante, da Universidade Stanford, não tem data e nem hora para começar, e a ideia é que você o faça no seu ritmo mesmo. O áudio dele está em inglês, aliás, mas há a opção de legendas em português, que pode ser ativada no próprio vídeo. Para saber mais, clique aqui.
  • 6. Desenvolvimento de Games em HTML5

    6 /13(Reprodução)

    Da mesma forma que o curso de ciência da computação, este de desenvolvimento de games em HTML5 pode ser feito no ritmo do aluno. Ministradas por dois funcionários do Google no Udacity, as lições gratuitas são focadas nos principais pontos envolvidos na criação de um jogo. Elas estão longe de ser básicas, no entanto, e por isso é começá-las tendo algum conhecimento prévio – que pode ser adquirido no Codecademy ou no CursoEmVídeo, ambos já mencionados. O áudio, assim no caso do curso do Coursera, está em inglês, mas há a opção de adicionar legendas em português. Para saber mais, clique aqui.
  • 7. Desenvolvimento Web e Desenvolvimento Web Mobile

    7 /13(Flickr/Creative Commons)

    Também com legendas em nosso idioma, os dois cursos focam na construção de um blog – mas não daqueles mais simples – e de “experiências mobile”. O primeiro, de desenvolvimento web, é ministrado pelo cofundador do Reddit, enquanto o segundo, de web mobile, tem dois funcionários do Google como professores. O conteúdo, assim como o das aulas de criação de games em HTML5, é mais avançado, e por isso é bom ter um pouco de experiência. Aliás, vale mencionar que os dois cursos dão acesso gratuito apenas aos vídeos e aos exercícios, e você pode pagar para receber o apoio de treinadores e um certificado autenticado. Para saber mais, clique aqui ou aqui.
  • 8. História da Internet, Tecnologia e Segurança

    8 /13(Lionel Bonaventure/AFP)

    Um dos cursos básicos do Coursera, traz vídeos em inglês (com legendas em português) tratando da história da internet, da tecnologia e da segurança, como o nome sugere. É interessante para curiosos e para quem precisa de um contexto, já que começa lá na década de 40. As aulas passam depois pela primeira internet (entre 60 e 90), pela World Wide Web (na década de 90) e pelo crescimento da rede (entre 95 e 2000). Depois, parte para alguns conceitos um pouco mais técnicos sobre pacotes, aplicações em rede e proteção de informações, até culminar em uma “prova final”. As aulas, no entanto, já exigem um pouco mais de dedicação – elas exigem de 3 a 5 horas de estudo por semana e começam no dia 6 de outubro, terminando só em 22 de dezembro. E se você quiser um certificado reconhecido, é preciso desembolsar 39 reais. Para saber mais, clique aqui.
  • 9. Buscas na Web

    9 /13(Chris Ratcliffe/Bloomberg)

    Já quis entender melhor como os sistemas de busca funcionam? Pois esta coletânea de vídeo-aulas do Veduca, acessíveis gratuitamente e com legendas em português, pode ajudar. J á um pouco “antigas”, as palestras são ministradas por Sergey Brin, Bradley Horowitz (então diretor do Yahoo! e hoje no Google) e Peter Norvig (também do Google), entre outros nomes, que falam de suas experiências e dão algumas valiosas explicações – que vão exigir um tanto de conhecimento técnico, no entanto. O site não oferece materiais complementares, mas dá um espaço para anotações. Para saber mais, clique aqui.
  • 10. Programação Básica

    10 /13(hackNY/Flickr)

    Seguindo um pouco a linha do Codecadamy, mas com mais vídeos, o treinamento da Khan Academy dá uma introdução bem básica sobre linguagens de programação antes de partir para aulas mais avançadas que focam especialmente JavaScript. Os clipes têm opção de legendas em português e servem apenas como a base do curso todo, que ainda inclui um “laboratório” para criar programas com base nos ensinamentos, uma galeria com apps criados por outros alunos e um fórum para discussão. Para saber mais, clique aqui.
  • 11. Criptografia e teoria da informação

    11 /13(Yuri Yu. Samoilov/Flickr)

    O segundo curso em português oferecido pela Khan Academy se destaca pelo foco na criptografia e em sua história, partindo da cifra de César para chegar à RSA e aos algoritmos aleatorizados. As aulas ainda incluem um pouco de teoria da informação e alguns desafios de criptografia que podem quebrar sua cabeça. O material está em português e os vídeos têm legendas em vários idiomas (inclusive o nosso), o que facilita bastante o entendimento. Para saber mais, clique aqui.
  • 12. Ainda quer mais?

    12 /13(schoschie/Flickr)

    Cansou de cursos e só quer ler um pouco? Estes acervos colaborativos aqui têm material de obra relacionado aos mais variados assuntos. A maior parte está em inglês, mas há alguns livros digitais em português também – especialmente no TraduzAí –, caso você não esteja tão disposto assim.
  • 13. Veja agora outros 13 cursos para quem trabalha com tecnologia

    13 /13(hackNY / Flickr)

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